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Explosão de cilindro de GNV no Rio expõe falhas na fiscalização e risco do uso irregular

Tragédia com duas mortes levanta questionamentos sobre segurança na instalação, inspeção e abastecimento do sistema de gás veicular no Brasil

A explosão de um cilindro de Gás Natural Veicular (GNV) em um posto na Lapa, no Rio de Janeiro, deixou dois mortos e reacendeu o alerta sobre o uso irregular desse tipo de combustível no país. Especialistas apontam falhas na fiscalização e no cumprimento das normas de segurança como causas prováveis para a tragédia.

O acidente, que matou um motorista de 64 anos e um frentista de 61, além de provocar danos estruturais ao posto e prédios vizinhos, expôs uma realidade preocupante: mais de 60% da frota com GNV no estado do Rio circula de forma irregular, conforme levantamento do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Rio de Janeiro (Sindirepa-RJ).

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A popularização do GNV, impulsionada pela economia de combustível frente à gasolina e ao etanol, levou a um aumento nas conversões — muitas delas realizadas em oficinas clandestinas, sem seguir os protocolos técnicos exigidos. Além disso, a ausência de fiscalização no momento do abastecimento permite que veículos com sistemas inseguros sejam abastecidos livremente.

Segundo Everton Pedroso, presidente da Federação Nacional da Inspeção Veicular (FENIVE), o cenário é grave. “O proprietário instala o sistema em oficina clandestina, deixa vencer a inspeção e, no posto, ninguém pede o selo do Inmetro. Isso aumenta o risco de explosão, pois não há garantia da procedência do cilindro instalado”, alerta.

O executivo defende que os postos de combustíveis deveriam ser obrigados a exigir o selo do Inmetro antes do abastecimento com GNV, como já ocorre no Paraná. Contudo, na prática, essa checagem é raramente realizada, e muitos frentistas sequer conhecem a norma. “Sem essa exigência, o risco de novos acidentes se multiplica”, completa Pedroso.

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Desde abril de 2022, a Portaria nº 133 do Inmetro passou a exigir a troca obrigatória da válvula do cilindro a cada requalificação, além de reforçar as exigências das normas ABNT NBR 14040 (inspeção de segurança veicular) e ABNT NBR 11353 (segurança para os sistemas de GNV). No entanto, a aplicação dessas regras ainda esbarra na falta de fiscalização ativa, sobretudo nos pontos de abastecimento e nas oficinas instaladoras.

De acordo com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, o veículo envolvido na explosão apresentava selo válido de inspeção, mas há indícios de fraude no processo. Testemunhas afirmam que o cilindro foi trocado após a última inspeção, sem nova certificação. As autoridades investigam se houve falsificação documental ou negligência técnica.

A fiscalização não pode parar na conversão. O abastecimento é o momento crucial e precisa ser tratado como tal”, conclui Pedroso. Para os especialistas, o reforço das ações de verificação nos postos, aliado a uma campanha nacional de conscientização dos motoristas sobre a importância da inspeção, é fundamental para evitar tragédias semelhantes.

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GNV (Gás Natural Veicular) – Combustível derivado do gás natural, comprimido para uso automotivo. Requer instalação específica, com cilindro e regulagem controlada.
Requalificação de cilindro – Processo obrigatório, realizado a cada 5 anos, para verificar a integridade estrutural do cilindro e garantir sua segurança em uso.
Válvula de cilindro – Componente essencial que controla o fluxo do gás. Desde 2022, sua troca passou a ser obrigatória a cada requalificação, conforme Portaria nº 133 do Inmetro.
Selo do Inmetro – Certificação que comprova a aprovação do sistema de GNV por uma instituição acreditada, após inspeção técnica detalhada.

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