A Daimler Truck concluiu com sucesso a primeira fase de testes de seus caminhões Mercedes-Benz GenH2, movidos a célula de combustível de hidrogênio. Cinco protótipos percorreram mais de 225.000 quilômetros em operações reais com grandes empresas, demonstrando praticidade, longa autonomia e zero emissões locais de CO2. O êxito, no entanto, reforça a necessidade de expansão da rede de abastecimento e de um TCO viável para a produção em série.
A Daimler Truck completou um ano de testes com cinco protótipos do caminhão Mercedes-Benz GenH2 em operações logísticas reais. Os veículos foram utilizados por clientes como Air Products, Amazon, Holcim, INEOS Inovyn e Wiedmann & Winz, totalizando mais de 225.000 quilômetros percorridos.
Essa distância é equivalente a cerca de cinco voltas e meia ao redor da Terra. Para percorrer o mesmo trajeto, um caminhão a diesel comparável, com peso bruto de 25,6 toneladas, consumiria cerca de 58.000 litros de diesel, emitindo aproximadamente 154 toneladas de CO2.
Durante os testes, os protótipos se destacaram pela alta eficiência da célula de combustível, que foi desenvolvida em parceria com o Grupo Volvo pela cellcentric. O consumo médio de hidrogênio variou entre 5,6 kg/100 km e 8 kg/100 km, dependendo da aplicação e do peso bruto, que ficou entre 16 e 34 toneladas.
Os testes práticos foram essenciais para o desenvolvimento futuro dos caminhões. Michael Scheib, chefe de Desenvolvimento de Veículos Completos da Mercedes-Benz Trucks, afirmou que a experiência em operações reais permite refinar a tecnologia e os veículos de acordo com as necessidades dos clientes, preparando o caminho para a produção em série.
Os caminhões GenH2 foram empregados em diversas tarefas de transporte na Alemanha, comprovando sua versatilidade. A Amazon os utilizou em sua rede logística, a Air Products para transporte de gases engarrafados e a Wiedmann & Winz em “transporte combinado” de contêineres.
A Holcim usou o caminhão para entregas de cimento na Alemanha e Holanda, enquanto a VERVAEKE, parceira logística da INEOS Inovyn, o empregou para o transporte de PVC e vinil. O feedback dos clientes confirmou a integração tranquila dos veículos às operações diárias.
Os motoristas e as empresas elogiaram a praticidade dos caminhões, que se assemelha à dos modelos a diesel. A longa autonomia de 1.000 quilômetros ou mais e o rápido tempo de reabastecimento, de 10 a 15 minutos, foram pontos positivos.
O Mercedes-Benz GenH2 se mostrou adequado para transporte de longa distância, com rotas flexíveis e até deslocamentos não planejados. Os motoristas também destacaram a entrega dinâmica de potência, a condução suave e o baixo nível de ruído, vantagens proporcionadas por ser um veículo elétrico.
Para picos de potência em situações específicas, o caminhão conta com uma célula de combustível de 300 kW e uma bateria de 70 kWh. Essa configuração permite que o veículo responda de forma ágil às demandas do percurso, garantindo performance e eficiência.
Apesar do sucesso dos testes, um dos principais desafios para a produção em série é a ausência de uma rede de postos de abastecimento de hidrogênio líquido. A Daimler Truck estima que são necessários cerca de 2.000 postos em toda a Europa até 2030 para uma implantação em grande escala.
Os clientes também apontaram que o Custo Total de Propriedade (TCO) dos caminhões movidos a célula de combustível ainda não é competitivo em comparação aos modelos a diesel. Isso se deve principalmente ao alto preço do hidrogênio e aos custos de seguro.
Durante o período de testes, foram realizados 285 reabastecimentos com cerca de 15 toneladas de hidrogênio líquido (padrão sLH2) em postos em Wöerth am Rhein e Duisburg. O hidrogênio líquido oferece uma densidade energética significativamente maior, permitindo que mais combustível seja armazenado nos tanques e, consequentemente, aumentando a autonomia.
Os tanques de hidrogênio líquido são mais leves e econômicos que os de hidrogênio gasoso comprimido, permitindo uma carga útil maior, um critério importante no transporte de longa distância. A Daimler Truck forneceu um suporte dedicado aos clientes, ajustando processos de pós-venda para a manutenção dos caminhões a hidrogênio.
Com base nas experiências obtidas, a Daimler Truck irá preparar outros locais de pós-venda para atender aos 100 veículos de série da próxima geração do GenH2, que está programada para ser montada na fábrica de Wöerth.
A estratégia da Daimler Truck para a descarbonização do transporte é dupla, apostando tanto em veículos elétricos a bateria quanto em caminhões movidos a hidrogênio. Embora os testes com o GenH2 tenham sido positivos, o avanço lento na infraestrutura de abastecimento tem impactado o cronograma. A industrialização em larga escala e a produção em série estão previstas para o início da década de 2030.
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Célula de combustível – Dispositivo que converte a energia química do hidrogênio e do oxigênio diretamente em energia elétrica, gerando apenas vapor de água como subproduto.
TCO (Custo Total de Propriedade) – Cálculo que inclui não apenas o preço de compra de um veículo, mas todos os custos de sua operação ao longo do tempo, como combustível, manutenção, seguro e impostos.
Hidrogênio líquido (sLH2) – Forma de hidrogênio resfriada a uma temperatura extremamente baixa (-253°C) para se tornar líquida, o que permite armazenar uma maior quantidade de energia em um espaço menor.
Transporte combinado – Sistema logístico que integra diferentes modais de transporte, como caminhão e trem ou navio, para otimizar o fluxo de mercadorias.
