A indústria brasileira do aço vive a pior crise da sua história. No acumulado 2014 e 2015, 29.740 colaboradores foram demitidos e a previsão é que neste 1º semestre outros 11.332 sejam dispensados.
A produção brasileira de aço bruto deve fechar o ano 1% menor do que em 2015, totalizando 32,9 milhões de toneladas, segundo previsão do Instituto Aço Brasil.
Já as vendas internas de produtos siderúrgicos tem previsão de queda de 4,1%, chegando a 17,4 milhões de toneladas. O consumo aparente de aço no País deve ser de 19,4 milhões de toneladas, o que representa redução de 8,8% na comparação com o ano passado.
Os indicadores refletem a convergência de fatores conjunturais e estruturais que já levaram o setor a paralisar ou desativar 74 unidades de produção, sendo quatro altos fornos.
No plano conjuntural, o cenário político-econômico nacional foi determinante para que os grandes setores consumidores de aço: automotivo, construção civil e de máquinas e equipamentos registrassem quedas sucessivas em seus resultados, encolhendo substancialmente o mercado interno de aço.
No plano estrutural, a manutenção das assimetrias competitivas evidencia ainda mais as dificuldades que a indústria nacional tem historicamente de concorrer com o importado.
A exportação seria um caminho para melhorar o grau de utilização de capacidade instalada, hoje, da ordem de 60%, mas o setor convive com excedentes de capacidade internacional que ultrapassam 700 milhões de toneladas e levam a práticas desleais de comercio e preços depreciados.
Com a queda dos preços internacionais do aço, o resultado do faturamento das exportações em dólares de 2015 foi 3,3% menor, o que significa que o aumento em volume das exportações não trouxe ganhos ao setor em receita.
É fundamental que, nesse contexto, o governo analise o retorno do apoio direto à exportação com a reintrodução ao Reintegra em patamares que compensem efetivamente os resíduos tributários.