O ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, acredita que em dez anos o Brasil terá desenvolvido a tecnologia do trem por levitação magnética (TLM), que permitiria percorrer o trajeto Rio-São em 50 minutos, à velocidade de 500 quilômetros por hora.
O ministro visitou a mostra Levita Rio, em que foi apresentado protótipo de um trilho de sete metros de comprimento, desenvolvido pela Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“Este é um projeto realista, que não se conclui da noite para o dia”, disse. “É bom lembrar que a tecnologia da informação era uma tecnologia cara e barateou, isso deve ocorrer também com a levitação magnética”.
Por alguns minutos, Sardenberg, que pesa 85 quilos, levitou sobre um disco de metal fabricado na Alemanha. “Não há ponto de apoio entre o disco e a base; é como se você levitasse em um tapete voador tecnológico”, descreveu o ministro.
De acordo com o físico da UFRJ, professor Roberto Nicolsky, que há três anos trabalha no TLM, o trem elétrico por levitação, por não haver atrito com o trilho, é mais rápido que o trem convencional e economiza energia. “Esse sistema seria eficaz para evitar o congestionamento da ponte-aérea Rio-São Paulo”, disse o físico.
Nicolsky calcula que em dois anos estará desenvolvido um trilho circular de 30 metros, mas o protótipo terá ainda tamanho reduzido. Só a partir de 2004 os pesquisadores testarão o sistema com trem em tamanho real, acredita o físico.
A mostra Levita Rio ficou aberta para o público, numa tenda armada em frente ao Posto 6 da Praia de Copacabana. Além de levitar na placa de metal, os visitantes assistiram a demonstrações de experiências como a que substitui um mancal elétrico – parte de um equipamento mecânico – por um de levitação, desenvolvido pela Universidade Federal Fluminense. O evento foi paralelo ao encontro Maglev 2000, que reuniu cientistas de todo o mundo para a troca de tecnologias em levitação magnética.
Construtor da Nau não era engenheiro – A comissão do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura da Bahia (Crea-Bahia), encarregada do caso da nau capitânia, descobriu que o francês radicado no Maranhão Henri Schomoff, responsável pela construção da embarcação, não tem registro em nenhum dos 27 conselhos da categoria no Brasil, não podendo, portanto, exercer a profissão no País. O Crea deve concluir a apuração no próximo mês e sugerir à Polícia Federal que Schomoff seja processado por exercício ilegal da profissão.
O prejuízo foi de R$ 3,850 milhões (dos quais R$ 2,5 milhões dos cofres públicos, e o restante, de empresas privadas que participaram do projeto), dinheiro usado pela equipe do Clube Naval do Rio de Janeiro, em dois anos, na construção da réplica da nau de Pedro Álvares Cabral, aguardada como a estrela da festa dos 500 anos do Brasil.
A embarcação não conseguiu navegar de Salvador até Porto Seguro onde participaria da encenação do Descobrimento em abril. Apresentou um problema no mastro, depois nos dois motores e finalmente no sistema de estabilização, que a deixou à deriva em alto mar.
A nau foi rebocada para o estaleiro do Porto de Aratu, na região metropolitana de Salvador, onde o presidente do Clube Naval do Rio de Janeiro, almirante da reserva Domingos Castelo Branco, disse precisar de mais R$ 250 mil para os reparos, prevendo pelo menos um mês de trabalhos. O clube não conseguiu nem mais um centavo até agora, e a equipe de 64 pessoas, entre tripulantes e operários, foi demitida. E a nau está parada.
Castelo Branco, que admitiu não ter pedido o diploma de construtor naval ao contratar Schomoff (ele disse possuir apenas um da Escola de Belas Artes de Marselha), está em Brasília, tentando obter recursos para o conserto.
Além do francês Schomoff, o Crea pode punir no âmbito do conselho, o engenheiro Carlos Eduardo Baltazar Silveira da Silva, que assinou o projeto da embarcação para a equipe do clube naval carioca. Ele deve ser processado por atitude anti-ética e corre o risco de ter o registro profissional cassado.
O navegador Amir Klink, que está na capital baiana para lançar seu último livro, “Mar sem fim”, ficou indignado com o episódio, achando que a nau manchou o nome dos construtores navais brasileiros no Exterior. “É um fiasco que ofende a todos os brasileiros, e eu como contribuinte faço questão de ver este negócio resolvido na Justiça”, disse.