A indústria automotiva mundial tem destacado cada vez mais as tecnologias semiautônomas e autônomas em seus veículos, e claro, o motorista já se imagina sentado em seu veículo e sendo levado ao seu destino em segurança e com a melhor eficiência de percurso e energética.
Com esse pensamento, 71% dos motoristas em todo o mundo já acreditam que podem comprar um carro autônomo no momento.
O estudo #TestingAutomation, encomendado pela Thatcham Research, Euro NCAP e Global NCAP, descobriu falsas impressões potencialmente perigosas em torno da aparente capacidade da autônoma de carros novos e o uso seguro das tecnologias de assistências oferecidas pelos veículos.
A surpreendente descoberta é apenas uma das muitas percepções preocupantes descobertas pelo estudo, que também mostrou que um em cada dez motoristas se sentiria tentado a tirar um cochilo enquanto usa o chamado sistema de “assistência rodoviária”, como o Adaptive Cruise Control – ACC.
Matthew Avery, diretor de pesquisa da Thatcham Research, comenta: “Algumas montadoras estão projetando e comercializando veículos de tal forma que os motoristas acreditam que podem abrir mão do controle. As montadoras querem ganhar vantagem competitiva referindo-se à capacidade de ‘autônomo’ ou ‘semiautônoma’ em seu marketing, mas está alimentando a confusão no consumidor. Isso é exacerbado por alguns sistemas que fazem demais para o motorista, que acaba sem função.
“Nossa mensagem é que a tecnologia de hoje suporta o motorista. Não é motorista autônomo e não deve ser confiado à custa da atenção do motorista. O motorista está no controle e deve permanecer sempre alerta. Se usados corretamente, os sistemas de assistência rodoviária melhorarão a segurança no trânsito e reduzirão as mortes, mas não o farão se o marketing convencer os motoristas de que o carro pode cuidar de si mesmo e do percurso”.
As principais conclusões do estudo incluem:
- 7 em 10 (71%) motoristas em todo o mundo e 53% no Reino Unido acreditam que podem comprar um carro autônomo atualmente;
- As três principais marcas que os motoristas acreditam vender totalmente carros autônomos hoje são: Tesla (40%), BMW (27%) e Audi (21%);
- Um em cada cinco (18%) dos motoristas britânicos pensa que um carro comercializado como sendo capaz de direção automática, frenagem e aceleração permite que eles “relaxem e deixem o carro dirigir”;
- Muitos entrevistados disseram que ficariam tentados a infringir a lei enquanto usavam um sistema de direção assistida por meio de mensagens de texto em um telefone celular (34%), fazendo uma chamada de mão (33%) ou tendo um breve cochilo (11%);
- Apenas metade (51%) dos motoristas acredita que seria responsável em caso de acidente ao usar sistemas de direção assistida.
“A falta de treinamento de motoristas e controles padronizados, símbolos e nomes para esses recursos, está turvando ainda mais as águas para os consumidores”, sugere Avery.
A maioria dos motoristas concordou, com 74% dizendo que todos os modelos de carros novos devem ter convenções padronizadas para recursos como o Adaptive Cruise Control e a Assistência de Manutenção do veículo na Faixa de Rodagem.
Além disso, 77% disseram que gostariam de assistir a um breve vídeo de treinamento ou fazer um curso on-line para entender melhor a funcionalidade e as limitações das tecnologias de direção assistida de um novo carro.
Michiel Van Ratingen, Secretário-Geral do Euro NCAP, disse: “A mensagem do Euro NCAP é clara – os carros, mesmo aqueles com sistemas avançados de assistência ao motorista, precisam sempre de um vigilante e atento motorista ao volante. É imperativo que os sistemas de segurança passiva e ativa de última geração permaneçam disponíveis em segundo plano como um backup vital de segurança”.
As principais conclusões do Euro NCAP incluem:
- Nenhum carro no mercado hoje oferece automação completa ou autônoma;
- Carros no mercado hoje podem fornecer assistência ao motorista, mas isso não deve ser confundido com a condução autônoma. O motorista continua totalmente responsável pela segurança da condução.
- Usada corretamente, essa tecnologia pode ajudar o motorista a manter uma distância segura, velocidade e ficar dentro da pista.
- Esses sistemas não devem ser usados em situações para as quais não foram projetados e não devem ser considerados como uma alternativa à direção segura e controlada.
- Diferentes fabricantes implementaram distintas abordagens para a aplicação de tecnologias de assistência ao motorista em termos do nível de assistência dada ao motorista.
- Os testes do Euro NCAP avaliam e destacam essas diferenças e o grau variado de suporte ao motorista que cada fabricante oferece.
Avery comenta: “Estas novas avaliações do Euro NCAP são um alerta para os motoristas sobre o que esses sistemas podem e não podem fazer e mostra claramente suas limitações, provando além de qualquer dúvida de que eles não são autônomos.
Os melhores sistemas são aqueles que dão suporte ao motorista, mas não deixam dúvidas de que eles permanecem no controle.
Exemplos de marketing utilizados pelos fabricantes de automóveis:
AUDI
“O novo Audi A6 foi desenvolvido para dar um passo em direção à era da condução autônoma, graças ao piloto de estacionamento Audi AI.” FONTE
BMW
“Condução semiautônoma devido ao Driving Assistant Plus.” FONTE
CITROEN
“O DS CONNECTED PILOT é um passo mais próximo da direção autônoma, mas ainda permite que você retome o controle total do carro a qualquer momento.” FONTE
MERCEDES
“O Classe C é capaz de dirigir de forma semiautônoma em certas situações.” FONTE
TESLA
“Todos os veículos da Tesla produzidos em nossa fábrica, incluindo o Modelo 3, possuem o hardware necessário para a capacidade total de autocondução em um nível de segurança substancialmente maior do que o de um motorista humano.” FONTE
VOLVO
“Para uma condução mais suave desde a parada até às velocidades das estradas, o acionamento semiautônomo Pilot Assist suplementa o Adaptive Cruise Control, adicionando um apoio de direção suave para ajudar a manter o carro centrado na sua faixa e a uma velocidade definida.” FONTE