As pesquisas revelam que o fator humano é a causa principal de 95% dos acidentes de trânsito. Já o ambiente em que se trafega (ruas e estradas) contribui em 30% e as condições dos veículos representam 10% dos fatores que resultam em acidentes. Enquanto o veículo autônomo ainda não é uma realidade, os sistemas de assistência estão cada vez mais presentes para ajudar o motorista na condução do veículo.
E um dos sistemas de segurança que merece destaque é o ACC (Piloto Automático Inteligente ou Active Cruiser Control ou Controle de cruzeiro adaptável), que representa uma comodidade para o motorista e o ajuda a manter-se a uma determinada distância/intervalo de tempo do carro à frente. Essa distância pode ser configurada pelo motorista.
Durante viagem na Alemanha à convite da Bosch, aproveitei para esticar alguns dias entre as cidades de Frankfurt, Sttutgart e Munique. Cerca de 460 quilômetros de boas estradas, indo e voltando e em alguns momentos sem velocidade limite, nas famosas autobahns.
No início a sensação de acelerar modelos da Porsche, BMW, Mercedes e Volkswagen é tudo que se deseja, mas após alguns quilômetros começa a bater o cansaço, sem falar que nas laterais das estradas alemães só temos árvores fechando a visão. O foco na via é constante, mas o carro pode ajudar a tornar a condução mais fácil.
Em todos os modelos que avaliei estava lá o sistema ACC. A tecnologia que começa a crescer no Brasil já é uma realidade na Europa. Ele deve seguir a mesma trajetória dos airbags e freios ABS, que inicialmente eram caros e hoje são uma realidade. Com o tempo e com o volume de vendas, a tendência é o preço baixar bastante e tornar acessível para mais clientes, em diversos modelos.
O sistema funciona de 0 a 160 Km/h e mantém o automóvel numa distância pré-programada do carro da frente, reduzindo e freando automaticamente caso veículos mais lentos entrem na frente. Caso o carro da frente pare, o Golf Variant, por exemplo, irá parar o carro totalmente, e só vai andar quando o carro da frente acelerar novamente. Tudo de forma automática, sem intervenção do motorista.
Infelizmente no Brasil não é apenas o fator humano que precisa ser mais controlado, mas com as vias que encontramos fica difícil utilizar o ACC, pois o motorista em qualquer momento pode ser surpreendido por um buraco. Então, antes de qualquer coisa, não adianta apenas ter o ACC, mas um motorista atento para tentar manter o veículo nas precárias vias brasileiras, de um modo geral.
Entenda o funcionamento do ACC
– O piloto automático adaptativo funciona com um radar instalado na dianteira do veículo que emite um sinal de ultrassom;
– Quando o sinal encontra um objeto ele volta e com essa resposta o computador calcula a distância e velocidade do veículo à frente;
– O ACC permite que o motorista escolha níveis de distância (geralmente são três) para o veículo da frente. Os comandos ficam, geralmente, no volante, e as indicações de distância aparecem no painel de instrumentos;
– Se o veículo da frente desacelerar, o carro com ACC ligado também irá diminuir a velocidade, mantendo sempre aquela distância mínima que o condutor determinou;
– O sistema pode, inclusive, frear totalmente o carro, caso o outro pare. Quando o veículo à frente voltar a acelerar, o ACC vai aumentar a velocidade;
– Caso a pista esteja livre, o sistema também é capaz de calcular e acelerar até a velocidade programada pelo piloto automático;
– Se um veículo da faixa ao lado muda para a faixa onde o veículo equipado com ACC trafega, o sistema detecta esse movimento e o repentino aparecimento de outro veículo no sinal do radar, freando o veículo e mantendo a margem de segurança;
– E se o semáforo ficar vermelho? Aí você terá que acionar o pedal de freio e parar o carro. O ACC (ainda) não detecta sinais fechados;
– Devemos lembrar que apesar da eficiência deste, o motorista continua tendo total autonomia para acelerar ou frear o veículo normalmente nos pedais, independente do funcionamento do ACC. A decisão sempre será do condutor.