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Brasil precisa de transformações disruptivas para acompanhar a eletromobilidade, afirmam engenheiros

O Brasil precisa acompanhar o mundo na corrida pela mobilidade elétrica.

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Do contrário, corre risco de absorver tecnologias obsoletas ou ficar dependente da engenharia de produtos do Exterior.

O alerta é dos palestrantes que participaram do 6º Simpósio SAE BRASIL de Veículos Elétricos e Híbridos, realizado em São Paulo, dia 18 de outubro, com lideranças de montadoras, sistemistas, centros de pesquisa e órgãos do poder público em cinco painéis.

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Dirigido pelo engenheiro Ricardo Takahira, o encontro contou, ainda, com mostra tecnológica, que apresentou veículos híbridos e elétricos, como Cayenne (Porsche), Fusion (Ford), i3 (BMW) e i8 (BMW), além de eletropostos da Bosch e da Siemens.

Na abertura do simpósio, Otacilio Gomes Junior, diretor geral da SAE BRASIL, destacou o atual momento de profundas mudanças na mobilidade.
“Há alguns meses, quando se falava em veículos elétricos e híbridos, muitas pessoas não acreditavam que viriam tão cedo. Hoje já não se pode mais ter essa reação porque a realidade está chegando”, comparou.
Fábio Guillaumon, CEO da Electric Dreams, iniciou as apresentações com palestra sobre a bicicleta elétrica E-Niobum Bike, desenvolvida no Brasil em parceria com a CBMM, que será lançada em novembro.
“Atualmente a bicicleta elétrica tem pequena participação na maior parte do mundo, exceto na China, onde mais da metade das bicicletas já são elétricas. Com este projeto, nós pretendemos mudar a realidade no Brasil”, afirmou.
O modelo possui velocidade máxima de 32 km/h, autonomia de 100 km com o auxílio de pedalada e 50 km no modo puro elétrico e carga completa em quatro horas.
Conectividade – Vagner Diniz, gerente do Centro de Estudos sobre Tecnologias Web (Ceweb.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), apontou a necessidade de padronização de redes em carros conectados.
Lembrou que hoje os veículos possuem sistemas de computadores distribuídos, com diversas unidades de controle eletrônico, que têm as suas redes próprias, muitas vezes diferentes entre fabricantes e, inclusive, em relação a modelos de mesmo fabricante.
“Isso torna difícil o desenvolvimento de aplicativos por falta de padrão que permita a interoperabilidade”, declarou.
Marcos de Carvalho Marques, coordenador do Programa de Mobilidade Elétrica do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), falou sobre os novos nichos tecnológicos, como os veículos conectados e elétricos, que estão provocando rupturas e demonstrando que o atual modelo de mobilidade não é tão sustentável.
“É preciso olhar para as mudanças dentro da perspectiva de transformações disruptivas”, ressaltou.
Infraestrutura – Redes inteligentes são apontadas como fatores-chave para a sustentabilidade da mobilidade elétrica.
O assunto foi o foco da palestra de Sérgio Jacobsen, diretor de Digital Grid da Siemens no Brasil, que apresentou projeções da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) sobre a introdução de veículos elétricos na frota circulante brasileira para o período de 2016-2030.
“Os impactos na rede elétrica não serão grandes, mas é preciso desenvolver tecnologias para o gerenciamento de quando e como os veículos serão carregados”, ponderou.
Vitor Torquato Arioli, pesquisador de Sistemas de Energia do CPqD, apresentou alguns estudos realizados no Living Lab Emotive, laboratório instalado em Campinas (SP), como a medição da qualidade de energia elétrica em pontos de recarga residenciais e destacou que os veículos elétricos e os eletropostos precisam atender as características da rede elétrica brasileira, como operação na tensão 220V bifásica.
“Há uma grande necessidade de elaboração de normas regulamentadoras para garantir segurança aos usuários e minimizar os impactos na rede”, afirmou.
O Digital Charging Services, sistema de recarga inteligente para veículos elétricos, foi apresentado por Henrique Miranda, gerente de Projetos de Marketing e Mobilidade da BMW.
Disponível em países europeus para os veículos das linhas BMWi e BMW iPerformance, o novo equipamento gera planos de recarga a partir de diversas informações, como programação de saída, nível de carga e fontes de energia existentes.
“Permite definir cronogramas de recargas que sejam mais eficientes e sustentáveis a partir da conectividade advinda da internet das coisas e do sistema de smart grid”, explicou.
Tecnologias – Leandro Rodrigues Sabes, gerente de Produto e Preço da Porsche do Brasil, mostrou a evolução dos modelos turbos, híbridos, plug-ins e elétricos da Porsche até chegar ao Mission E, que deve ser lançado, também no Brasil, até 2020.
O veículo terá bateria com até 500 km de autonomia, sendo possível viajar de São Paulo ao Rio Janeiro, e sistemas em tensões maiores que as atuais, que permitirão o carregamento de 80% da bateria em 15 minutos.
“Nós estamos muito próximos de viabilizar o veículo elétrico como modelo de negócio”, declarou.
O processo de evolução dos sistemas automotivos foi abordado por Dídimo Garcia Neto, engenheiro eletrônico da Delphi, que apresentou comparações entre veículos a combustão e elétricos.
“Nós caminhamos um longo período no desenvolvimento de motores a combustão, que possuem mais de mil partes móveis, acompanhadas de toda uma complexidade para o gerenciamento. Hoje um modelo elétrico tem menos de 150 partes móveis”, exemplificou.
Em seguida, Alexandre Travi, engenheiro elétrico da BYD, discutiu sobre os desafios para o desenvolvimento da infraestrutura de carregadores no Brasil, que hoje possui 95 unidades instaladas.
Disse que o principal desafio são as diferentes tensões de trabalho. Enquanto os carregadores atuam em 380 V trifásico, a rede brasileira é disponibiliza em 220 V em grande parte do território.
“Nós já temos 380 V direto da rede em algumas cidades, mas é necessário instalar, além do carregador, um transformador de tensão”, ressaltou.
Políticas e cenários – Flávia Consoni, professora do Departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências, da Universidade de Campinas (DPCT/ IG/ Unicamp), destacou a importância de políticas públicas para a promoção do veículo elétrico e da infraestrutura de recarga no Brasil e apontou como caminho para o País os projetos demonstrativos, cujos resultados podem embasar políticas mais direcionadas para adensar a infraestrutura.
Ana Cristina da Costa, chefe do Departamento de Bens de Capital, Mobilidade e Defesa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), encerrou as discussões do simpósio com apresentação sobre as premissas para a criação de uma política pública que efetive o processo de eletrificação dos veículos no Brasil.
“Precisamos construir uma estratégica nacional associada à estratégia ambiental para as grandes cidades, que permita a eletrificação dos transportes de massa”, apontou.

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