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Carros começam a ser projetados para idosos

A indústria automotiva começa a enfrentar uma difícil tarefa: adaptar seus carros às necessidades dos idosos sem que eles se sintam tratados como velhos. Poder, sexo e juventude sempre foram usados para vender carros, por isso qualquer coisa que sugira ao comprador que ele não é mais tão viril e ágil pode significar um freguês a menos.

Mas o aumento do número de idosos, graças à maior longevidade da população, exige carros diferentes. Quando o novo Chevrolet Impala estiver à venda, este ano, terá o acionamento da ignição no painel, e não na coluna de direção, porque os engenheiros da GM perceberam que assim é mais fácil para mãos artríticas. Da mesma forma, o recém-lançado Ford Focus tem portas dianteiras que dão mais espaço na altura dos joelhos para facilitar a entrada e saída a motoristas idosos. O mesmo Focus e o novo Dodge Neon também têm assentos mais altos, em parte porque idosos acham difícil sair de um carro baixo.

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Até o novo Corvette, um esportivo que há décadas é símbolo de virilidade juvenil, foi redesenhado para que motoristas não tão jovens possam entrar e sair mais facilmente. E o porta-malas foi ampliado para comportar bolsas de tacos de golfe, um esporte em grande parte praticado por idosos.

Dirigir e até mesmo entrar num carro pode ser difícil e às vezes doloroso para idosos. Por muitas razões, a idade média dos compradores de carro está subindo mais rapidamente do que a idade média da população em geral. Muitos desses compradores estariam melhor servidos em veículos desenhados de maneira diferente dos usados por jovens, para compensar a menor acuidade visual e a redução da flexibilidade muscular de corpos que têm 50 anos ou mais.

Os fornecedores de autopeças começam a receber encomendas de componentes desenhados para os idosos. Fabricantes de cintos de segurança, por exemplo, estão desenvolvendo um modelo cujas faixas partem de ambos os lados do banco e são atadas no centro – assim, idosos não terão de torcer o corpo para apanhar a fivela de um lado e encaixá-la do outro. Também estão sendo projetados puxadores de porta com sulcos para encaixar os dedos e facilitar a empunhadura. As maçanetas tendem a ser maiores, e os instrumentos do painel vão crescer para facilitar a leitura.

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Por fim, a DaimlerChrysler e outras montadoras estão desenvolvendo modelos que não têm coluna entre as portas dianteira e traseira. Além disso, as portas traseiras abrem para trás, o que cria um amplo vão de entrada e facilita a passagem.

Nariz torcido – Mas tudo isso tem de ser feito discretamente, sem que o motorista idoso perceba. Os engenheiros da Lear Corporation, empresa fornecedora de componentes para a cabine de carros, tiveram uma eloqüente demonstração disso.

Eles trabalharam meses, no ano passado, para desenvolver um interior que atendesse a todas as necessidades de pessoas idosas. No protótipo que montaram, os assentos giram para facilitar o acesso, os controles de painel são bem maiores para melhorar a visualização e o manejo, e o piso do porta-malas desliza sobre roletes para tornar mais simples pôr e retirar a bagagem.

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Quando terminaram o protótipo, apresentaram-no ao pai do presidente da companhia, um aposentado de 82 anos que simplesmente torceu o nariz para tudo. “Ele disse que não precisava de nada daquilo”, contou Marilyn Vala, gerente de análise de produto da empresa.

“Ninguém quer admitir que está ficando velho”, diz John Wolkonowicz, consultor da indústria automobilística norte-americana. “Você tem de fazer a coisa sem que o idoso perceba.”

Até agora, nos Estados Unidos, os consumidores mais velhos têm mostrado pequeno interesse em comprar veículos adaptados a suas necessidades. E nem todos os fabricantes de carros têm se empenhado em desenvolver esses carros: eles por muito tempo têm estado obcecados em fascinar jovens compradores, na esperança de que a lealdade persista nas 10 ou 15 aquisições de carro que um americano próspero faz em sua vida.

Marcas como Buick, Cadillac, Jaguar, Lincoln e Oldsmobile, apreciadas pelos motoristas mais velhos, têm dirigido seu marketing a pessoas de menos de 40 anos. “Todo mundo persegue o jovem comprador”, diz Ben Level III, diretor de pesquisa de mercado da Ford. “Talvez seja uma questão cultural”.

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