Comprar um “mico”, ou seja, um carro difícil de revender, pode ser um bom negócio. Com preços mais baixos do que modelos equipados de forma equivalente, muitos desses carros rejeitados pelo mercado podem oferecer anos de bons serviços a seus donos.
Embora muitas vezes sejam super-equipados ou versões de modelos de sucesso, alguns carros simplesmente não caem no gosto do consumidor e se transformam nos temidos “micos”, carros difíceis de vender.
Mas, a dor de cabeça para alguns pode ser um ótimo negócio para quem não se preocupa com questões como valor de revenda ou design e queira apenas um carro que atenda suas necessidades.
Fruto da Autolatina, casamento temporário entre a Volkswagen e a Ford, um Versailles 96, por exemplo, com motor 2.0 e ar condicionado vale cerca de R$ 13,5 mil no mercado de usados, o mesmo que seu “irmão” gêmeo Santana do mesmo ano, com motor 1.8 sem ar.
Uma Ipanema 2.0, quatro portas 96, com ar condicionado e direção hidráulica tem, no mercado, o mesmo preço que uma Parati 96 1.6, duas portas, sem o condicionador de ar.
Para ficar no exemplo das peruas, uma Quantum 2.0 95 custa em torno de R$ 14 mil. Com o mesmo dinheiro, dá para comprar uma Suprema do mesmo ano, com motor 4.1 e bancos de couro.
Anfavea diz que de cada nove brasileiros, apenas um tem carro
De cada nove brasileiros, apenas um possui veículo de locomoção (automóveis ou motos). Nos EUA, o índice de motorização é de um veículo para cada habitante. Na Argentina, a proporção é de um veículo para cinco habitantes – melhor do que a média brasileira. Os números mostram o potencial do mercado automotivo brasileiro, que já investiu, desde 1996, cerca de US$ 20 bilhões para ampliar sua capacidade de produção anual das fábricas para 3 milhões de unidades em 2001.
Segundo o presidente da Anfavea (associação que reúne as montadoras), José Carlos Pinheiro Neto, o brasileiro tem hoje a sua disposição 250 modelos de veículos. Em 1990, só existiam 50 modelos.
O país tem hoje 17 fabricantes de veículos, que esperam atingir este ano a marca de 1,65 milhão de unidades, um aumento de cerca de 300 mil veículos em relação a 1999. De janeiro a setembro deste ano, as montadoras já fabricaram cerca de 1,26 milhões de veículos. São Paulo tem o maior índice de motorização do país, comparável ao verificado na Europa. Para cada dois moradores de São Paulo, um possui um veículo.