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Cerca de 15% dos acidentes no trânsito são provocados por pura desatenção

Acidente de Trânsito – Não seja o próximo

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Quem não conhecer alguém que já tenha sofrido ou mesmo tenha sido vítima dos acidentes de trânsito. Vários são os fatores que fazem do Brasil o líder mundial em vítimas dos acidentes.

Nos jornais as guerras muitas vezes ganham bastante espaço, mas as vítimas dos acidentes de trânsito superam esse número em nosso País. Vivemos uma guerra em nossas vias e você precisa tomar cuidado para não ser a próxima vítima.

Abrimos esse espaço na seção Seu Automóvel, pois precisamos conscientizar melhor as pessoas sobre os riscos que elas correm todos os dias quando saem de casa. Acompanhe essa série de matérias.

Um, dois, três, quatro segundos é o tempo médio para sintonizar o rádio de um automóvel, e o suficiente para provocar um acidente de trânsito.

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Apesar de parecer curto, é um tempo longo se o veículo estiver a 100km/h. Enquanto o motorista se distrai olhando para os botões e o dial, o carro percorre 110 metros, o equivalente a uma fila de 28 carros pequenos.

Não é muito comentado, nem pesquisado, mas diversos acidentes com automóveis são provocados por pequenas desatenções ao volante. Esses tipos de acidentes só começaram a ser mais estudados no fim dos anos 90, motivados pela proliferação dos celulares.

Mas as pesquisas surpreenderam os especialistas, por mostrarem que muitos fatores, e não só o celular, roubam a atenção dos motoristas.

Estudos americanos e ingleses revelam que cerca de 30% desses acidentes são provocados por distração do motorista.

E metade destes casos tem como causa a simples, e rápida, transferência de atenção do trânsito para um objeto, pessoa ou evento, dentro ou fora do carro. A outra metade está relacionada com sonolência, circunspeção, consumo de álcool e drogas.

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Além do número elevado de ocorrências por pura perda de atenção, os motivos também impressionam. A contemplação do que está do lado de fora do veículo é a principal causa de acidentes.

O motorista se desliga do trânsito, mas o carro continua andando. Às vezes só percebe uma situação de perigo quando não há como esboçar reação.

“Estava olhando para uma loira maravilhosa no carro ao lado e não vi que o trânsito parou na minha frente. Não tive tempo nem de frear, bati num táxi”, lembra o publicitário Marcelo Schvartzer.

Fumar e conversar com o carona são as principais distrações ao volante – Do lado de fora, há atrativos que desviam a atenção do motorista, mas o perigo também viaja no interior do carro.

O professor de mestrado Adolfo Sachsida, da Universidade Católica de Brasília (UCB), traçou os três principais causadores de distração dentro dos automóveis, e em quanto eles aumentam o risco de batidas. A pesquisa foi baseada em acidentes em Brasília em 2001.

Engana-se quem pensa que o celular ficou em primeiro. Pela pesquisa, fumar ao volante é o ato que mais aumenta o risco de acidentes, 20%.

“Não há risco apenas na hora de acender o cigarro. Fumar relaxa e deixa a pessoa mais desatenta”, diz Sachsida.

Fumar ao volante não é proibido, mas o Código Brasileiro de Trânsito não permite que se dirija com apenas uma das mãos ao volante, as exceções são os casos que o motorista precisar sinalizar, mudar de marcha, ou acionar equipamentos do veículo.

Ou seja: ficar com uma mão segurando o cigarro, ou outro objeto, é uma infração média (4 pontos na carteira e multa de R$ 85,13).

Na pesquisa da UCB, conversar dentro do carro aumenta a chance de acidentes em 15%. Se for uma discussão, muito pior, já que o motorista fica ainda mais distraído.

Quando crianças estão no carro o risco é maior, principalmente se uma mulher estiver dirigindo. O instinto materno as faz verificar constantemente se o bebê está bem ou tentar resolver as brigas dos pimpolhos. Algumas até direcionam o retrovisor para o banco de trás, para controlar os rebentos.

O celular, que faz dirigir lentamente ou ziguezagueando como um bêbado, aparece em terceiro na pesquisa da UCB. Ele aumenta as chances de acidentes em 11%. E lembre que usar o aparelho com o carro em movimento é proibido por lei, uma infração média. Só é permitido com viva-voz.

“Não é preciso manipular o celular para se distrair. O ato de pensar no que falar ou prestar atenção no que a outra pessoa está contando rouba a atenção no trânsito”, alerta Fábio Racy, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet).

Nos Estados Unidos, rádio provoca mais acidentes – Um levantamento do NHTSA (órgão americano de segurança viária) também fez um ranking das causas dos acidentes.

Nos Estados Unidos, porém, mexer na aparelhagem de som foi apontado como o principal responsável por acidentes provocados por desatenção. Por isso algumas montadoras optam por usar rádios com botões grandes, para roubar menos atenção.

A Toyota chegou a mudar o aparelho do novo Corolla nacional, pouco depois do seu lançamento, em 2002, exatamente para adotar botões de comandos maiores. O efeito sedutor do rádio, porém, já é um velho conhecido.

Na década de 30, alguns estados americanos tentaram banir dos automóveis a grande novidade. A alegação era que eles distraíam os motoristas.

Mexer em outros aparelhos (ar, computador de bordo, DVD) é o quarto item do ranking do NHTSA. Cada vez mais numerosos, e com mais botões, eles ficam atrás apenas de falar com outro ocupante ou de mover objetos no interior.

Na pesquisa do NHTSA, o uso do celular e fumar aparecem, respectivamente, em sexto e sétimo lugares na lista da distração. Ficam atrás de comer e beber ao volante, uma tradição na terra do drive-thru . Mas outros fatores de desatenção foram registrados: ler jornal ou mapas, limpar os óculos e até fazer a barba.

Bebida é uma das principais causas de acidentes no trânsito – O trânsito brasileiro pode ser comparado a uma guerra, pela quantidade de mortos e feridos que produz.

E pior, a maioria dos acidentes é provocada por ‘fogo amigo’: é o motorista que atira contra o próprio patrimônio — no caso, ele mesmo, amigos e familiares — ingerindo bebidas alcoólicas ou usando drogas antes de dirigir.

Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, feita em parceria com o hospital Miguel Couto, levantou que cerca de 30% das vítimas de acidentes de carro que deram entrada no hospital tinham bebido ou se drogado.

Pela mesma pesquisa, usada como referência por aquele hospital, nada menos que 55% de todos acidentes com carros provocados por bebidas ou drogas aconteceram nas noites de sexta-feira, sábado e domingo.

É possível concluir que os acidentes ocorrem com mais freqüência quando as pessoas saem de bares, festas ou boates, mas o difícil é transformar o resultado final em números.

Não há no país grandes estatísticas sobre vítimas de acidentes de trânsito. Desta forma, é impossível levantar o número real de mortos e feridos por causa da associação de álcool ou drogas com automóveis.

‘É uma epidemia e não há dados concretos. A polícia, por exemplo, só costuma computar a morte provocada por acidente de trânsito quando ela acontece no local. Se ocorrer depois, não é registrada como conseqüência do acidente’, explica o médico Dirceu Rodrigues Alves, da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet).

A embriaguez é a principal causadora de acidentes de automóveis apontada pelos médicos. Eles estimam que, para cada pessoa que é atendida por causa de acidentes de trânsito, três nem chegam aos hospitais. Isso porque não se machucaram, tiveram lesões leves ou, simplesmente, morreram no local.

‘E, como os acidentes por causa de bebidas ou drogas costumam ser muito violentos, dois de cada dez pacientes que são atendidos têm lesões irreversíveis, mesmo passando por trabalhos de reabilitação’, diz o médico Edson Paixão, diretor do hospital Miguel Couto.

O álcool provoca três estados mentais bastante distintos: euforia, confusão e depressão. Após as primeiras doses, o motorista se sente todo-poderoso. Eufórica, a pessoa perde o medo e o bom senso. Fica confiante, pisa fundo no acelerador e faz manobras ousadas.

O estágio seguinte é marcado pela confusão mental, que reduz o raciocínio e os reflexos. Por fim, o motorista embriagado entra em depressão, fica desatento e cansado, podendo até dormir. ‘É a fase na qual ocorre a maioria dos acidentes. Sonolento, o motorista perde a capacidade de reação’, afirma Alves.

Tudo isso pode acontecer com uma pessoa que tenha no organismo cerca de 0,6 mg de álcool por litro de sangue. Isso equivale a uma pessoa de 70 quilos consumir três latas de cerveja ou três doses de uísque.

Mas é só um exemplo médio, que varia de acordo com a massa corporal, a sensibilidade ao álcool e até o estado emocional de cada um. Assim, o recomendado pelos médicos é não beber antes de dirigir.

Falta de instrumentos dificulta fiscalização – Dirigir sob o efeito de bebidas alcoólicas é considerada uma falta gravíssima, o motorista leva sete pontos no prontuário e ainda precisa pagar multa de até R$ 957.

Mas tirar os ébrios das ruas não é fácil: enquanto sobram pardais e armadilhas para multar quem anda em alta velocidade, os bafômetros ainda são peças raras nas mãos da fiscalização. Assim, só mesmo um exame de sangue pode dar o resultado exato.

Nos centros urbanos, os acidentes provocados pela ingestão de bebidas alcoólicas são causados principalmente por motoristas particulares.

Já em estradas, são os ditos profissionais, principalmente caminhoneiros, que provocam mais desastres. Nesse caso, o efeito do álcool costuma ser potencializado pela mistura com anfetaminas (um coquetel batizado de rebite).

O rebite é usado como um estimulante. Ele evita que o motorista sinta sono. Mas quando o efeito passa, todo o cansaço aparece rapidamente e, normalmente, o motorista acaba dormindo. ‘É como um interruptor: ela liga, mas também desliga o condutor’, conta Paixão.

Como não há estatísticas nem para medir o número de motoristas que dirigem alcoolizados, é ainda mais raro saber quantos comandam um automóvel sob o efeito de drogas. Mas, muitas vezes, elas acabam sendo associadas também com álcool, ficando mais potentes.

A cocaína age com mais intensidade do que o álcool e, segundo os médicos, só costuma ter duas fases: euforia e depressão. Já outras drogas, como a maconha, crack e ecstasy, provocam mais confusão mental, prejudicando os reflexos e o senso de orientação.

Essa guerra do trânsito mata principalmente os jovens. Os estilhaços, porém, atingem gente de todas as idades.

‘Como a maioria dos mortos e feridos em acidentes provocados por álcool e drogas tem entre 20 e 39 anos, as famílias acabam sofrendo muito. Os pais, filhos e parentes se transformam em vítimas’, diz o médico Edson Paixão.

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