Conceito mistura álcool, gasolina, gás e nafta; tricombustível se torna turbinado
O consumidor pode comprar carros bicombustíveis e os que misturam álcool, gasolina e GNV (Gás Natural Veicular).
Mas as empresas que atuam nos “bastidores” não param de estudar e criar novas tecnologias.
Em resposta ao tricombustível da Bosch, a Magneti Marelli apresentou um conceito movido a gasolina, álcool, GNV (Gás Natural Veicular) e nafta (gasolina sem álcool).
Na realidade, o nome tetracombustível é uma jogada de marketing, já que, no Brasil, toda gasolina é vendida com 22% de álcool.
A vantagem dele, porém, é outra: “Nosso sistema aciona, sem a interferência do motorista, o combustível mais econômico em cada situação”, afirma Fernando Damasceno, gerente de produtos da empresa.
Por ser mais barato, a princípio, o GNV seria a prioridade na escolha. Mas, por exemplo, em uma ladeira, o sistema desligará automaticamente o gás, e o combustível líquido será utilizado.
Para as montadoras, há um outro benefício. Elas poderão produzir só um motor para toda a América Latina, já que nossos “hermanos” usam gasolina pura.
De qualquer forma, o consumidor precisa esperar até o final de 2005 para comprar o “tetracombustível”, sistema que exigiu um investimento de R$ 6 milhões.
Já a Bosch resolveu melhorar o sistema que equipa o Chevrolet Astra Multipower. O cilindro de gás agora vem com um turbocompressor.
De acordo com a empresa, o componente tem como objetivo aumentar a potência do propulsor, prejudicada quando o carro roda com GNV.
Os dados da Bosch apontam que a potência do protótipo Volkswagen Polo 1.6 passou de 61 cv (cavalos) para 80 cv com o uso do gás. A maior alteração, porém, foi no torque (força). Pulou de 12,7 kgfm para 20,5 kgfm.
Em compensação o consumo também deu um salto. Com 1 m3 de GNV, o carro fazia, na cidade, 14,6 km. Agora são 11,5 km.
Na estrada, o consumo cresceu mais de 15%. Ainda não há previsão de quando o produto estará disponível no mercado.
Tetra Fuel é promessa para esse ano – A adoção dos motores flexíveis foi, sem dúvida, o grande feito de 2004 da indústria automotiva.
Sua participação soma 30% das vendas. Para esse ano, o avanço e crescimento da tecnologia estão garantidos com o novo sistema “tetra fuel”, que permite ao motor funcionar com álcool, gasolina pura, gasolina aditivada e gás natural veicular (GNV), já em fase final de testes.
A Controle Motor, responsável pelo desenvolvimento de sistemas de injeção eletrônica da Magneti Marelli, pretende colocá-la no mercado ainda em 2005. A empresa estima que, em 2005, 70% dos carros novos serão equipados com sistemas flexíveis.
Como o gerenciamento do tetra flex será por central única, permitirá a possibilidade de acionamento automático do GNV.
O sistema identifica a melhor utilização energética e a aciona, o que resultará em maior economia e na escolha da melhor opção de desempenho.
Os sistemas em utilização hoje no mercado precisam de acionamento manual para que passem a operar com o GNV e para retornar aos combustíveis líquidos.
Com a tecnologia tetra fuel, a Magneti Marelli pretende oferecer um veículo com um único sistema de gerenciamento de combustíveis para todos os países do Mercosul e da América Latina.
A gasolina pura é utilizada em países do Cone Sul e pelos que têm disponibilidade de petróleo, como Venezuela e México, além do GNV.
A Argentina é o país com maior quantidade de veículos convertidos para o gás natural veicular em todo o mundo.
A empresa também está de olho na Europa, no Oriente Médio e na China.
O governo chinês estuda a possibilidade de adotar o GNV. O gás é considerado uma das melhores opções e de mais fácil implementação para reduzir os índices de poluição.
O sistema é gerenciado pela “centralina” eletrônica – o cérebro do motor – da mesma forma que acontece com os motores bicombustíves.
A inovação deste sistema é o acionamento automático do GNV e o mesmo para os combustíveis líquidos, uma vez que uma única central faz o gerenciamento dos quatro combustíveis.
Sílvio Pollastrini, Engenheiro de Aplicação de Sistemas da Magneti Marelli, explica as vantagens desse software totalmente desenvolvido no Brasil.
“O sistema identifica a melhor utilização energética e a aciona, resultando em maior economia e manutenção da melhor opção de desempenho e performance”.
Ele ainda completa: “Os sistemas atuais necessitam de acionamento manual para que passem a operar com GNV ou vice-versa. Desta forma é comum a utilização inadequada, resultando em aumento de gastos e redução no desempenho”, explica Pollastrini.