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Os freios do Bugatti Veyron 16.4

O Bugatti Veyron será sem dúvida o carro mais extraordinário de nosso tempo – algo assim como uma versão 2005 de um Duesenberg ou Bugatti La Royale da década de trinta.

Suas especificações básicas são de arrepiar: motor 8.0 W 16 (quatro filas de quatro cilindros cada uma), 64 válvulas, quatro turbos, 1001 cv, 127 kgm de torque a 2.200 giros, tração nas quatro rodas e máxima superior a 400 km/h. Seus primeiros clientes o estarão recebendo ainda este ano.

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Um carro que anda desse jeito precisa de freios igualmente incomuns: sistema carbono-cerâmico, desenvolvido juntamente com engenheiros das indústria aeronáutica e espacial.

As forças de frenagem, com uma pressão interna máxima de 180 bar, são distribuídas com um máximo de 60% no eixo dianteiro e 40% no traseiro.

Os discos dianteiros têm diâmetro de 400 milímetros e traseiros de 380 milímetros, as pinças monobloco de oito pistões em titânio,com coroa em aço inox e proteção cerâmica contra calor, pesam só 5,7 kg, são reforçadas com uma aleta central e operam quatro pastilhas – para uma área varrida de 320 cm².

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As ranhuras de refrigeração dos discos não são retas, e sim em forma de turbina. Um dos testes de desenvolvimento envolveu 20 ciclos dinâmicos de aceleração máxima de 80 a 310 km/h e frenagem constante de 1g em 22 segundos – sem que a temperatura do líquido de freios passasse dos 220 graus Celsius e sem que a dos discos chegasse ao limite de mil graus.

Para obter a máxima pressão dinâmica e utilizar altos volumes pneumáticos, a corrente de ar entra por um duto na frente do carro, numa posição definida em túnel de vento como a de maior pressão aerodinâmica.

Antes de chegar aos freios, esta corrente resfria o diferencial dianteiro e a bateria. Depois, vai aos discos e às pastilhas de carbono – mas antes de chegar a eles, um duto de ar em espiral com área transversal cada vez menor, acelera o ar para que uma grande quantidade de fluxo ocorra num espaço bastante pequeno.

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A corrente de ar flui então para um mancal giratório e para dentro do espaço diminuente, acelera girando e é enviada através das aletas em forma de turbina para dentro dos discos e para as pastilhas, trabalhando como uma corrente turbulenta.

O sistema, batizado de FroSt (Flow Rotating System, sistema rotativo de fluxo – frost significa geada), garante uma estabilidade térmica inédita em sistemas de freios.

Tem mais: em frenagens a velocidades acima de 200 km/h, a asa traseira levanta 70 graus em 0,4 segundo e passa a funcionar como um freio aerodinâmico suplementar, um flape (como o do Mercedes-Benz 300 SLR de 1955), otimizando de duas maneiras o desempenho da frenagem: aumenta a força aerodinâmica para baixo e assim o coeficiente de atrito entre os pneus traseiros e o piso da estrada, e melhora a distribuição das forças de frenagem entre os eixos dianteiro e traseiro; ao mesmo tempo, aumenta a resistência do ar, como acontece com os flapes aeronáuticos.

Sozinha, a altas velocidades, a asa gera uma deceleração* máxima de 0,6 g.

Os freios de serviço, com pneus padrão e superfícies de estrada apropriadas, geram valores de deceleração de 1,3 g.

Tudo isso se traduz em frenagens máximas, de 400 km/h a zero, em menos de 10 segundos!

O freio de mão (não apenas de estacionamento) é outro detalhe inovador: com uma pinça separada em cada roda traseira (como é costume em carros esporte) é de operação eletrônica e tem função ABS.

Se por um acaso altamente improvável os freios normais falharem, o Veyron poderá, dentro de determinados limites de velocidade, parar apenas com o freio de mão, mesmo sobre superfícies de atrito variável – por exemplo lama de um lado e piso seco do outro.

Essas pinças são equipadas com pastilhas de cerâmica garantidas pela vida do carro.

O Bugatti Veyron conta com um sistema de freios com mecatrônica inteligente complexa, que controla a trava do diferencial traseiro e a tração dianteira – territórios dinâmicos ainda não explorados mesmo nos mais avançados carros de corridas.

Este sistema de estabilidade eletrônica garante que o Veyron mantém-se seguro mesmo após seus limites dinâmicos possam parecer ultrapassados.

* Embora não seja de uso comum, fora da engenharia, há uma grande diferença entre desaceleração (diminuição de velocidade por falta de aceleração – pé fora do pedal acelerador) e desaceleração (diminuição de velocidade muito mais forte, com ação de frenagem).

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