O primeiro automóvel chegou ao Brasil em novembro de 1891 pelas mãos de Alberto Santos Dumont. Um Peugeot com motor Daimler, movido à gasolina com 3,5 cv e dois cilindros.
O caminho estava aberto e o resultado é conhecido. Outros modelos foram chegando e se incorporando à paisagem do dia-a-dia dos brasileiros, muitos dos quais exibiam seus modelos só para status.
Cada um dizia ter o melhor carro, e já desafiava seus “concorrentes” para uma “provinha” de desempenho. Mas, eram pequenos “pegas” nas ruas das maiores cidades, nada organizado.
A primeira prova automobilística oficial no Brasil aconteceu somente, no dia 26 de julho de 1908, quando foi realizado o primeiro circuito de rua de São Paulo.
O percurso de 75 quilômetros, chamado de “Circuito de Itapecerica”, era todo de terra. O conde Sílvio Álvares Penteado, com Fiat de 40 CV, foi o vencedor com o tempo de 1h30min 05s.
Quem nos conta essa façanha, e outras que viriam, é Paulo Scali, um advogado de Petrópolis, Rio de Janeiro, apaixonado pelo assunto, consagrado autor de três obras históricas sobre o circuito da Gávea, Chico Landi e Interlagos, no livro “Circuitos de Rua – 1908-1958” que está sendo lançado sob a égide do Grupo Comolatti, na Casa das Rosas, em São Paulo.
UM POUCO DA HISTÓRIA – “Circuitos de Rua” mostra a evolução do automóvel através das competições esportivas do país entre as décadas de 10 a 50. A narrativa revela que três grandes centros de automobilismo consolidaram-se rapidamente nessas décadas.
São Paulo, Rio de Janeiro, esta com a importância de ser, na época, a capital do país, e Rio Grande do Sul.
A prova de São Paulo (1908) foi a primeira manifestação esportiva automobilística do Brasil. No ano seguinte, no Rio de Janeiro foi promovido o Circuito de São Gonçalo, em 72 km e o vencedor foi Gastão de Almeida, em 1 hora e 4 minutos, a bordo de um Berliet.
Começava a década de 20. No Rio de Janeiro, em 1920 e em 1922, foi realizada a Volta do Calabouço, onde hoje existe o Aeroporto Santos Dumont. Em Porto Alegre, no ano de 1927, houve uma corrida vencida por Irineu Correa.
A década de 30 foi a da transição para um automobilismo mais completo. Circuitos de rua, subida de montanha, quilômetro lançado e de arrancada foram pontos altos. Foi nesse período que surgiram as corridas na Gávea – de 1933 até 1954.
Em São Paulo, em 1936, foi realizada na Av. Brasil uma prova internacional vencida por Pintacuda, memorável piloto italiano. No final, houve um acidente com muitos espectadores feridos e quatro mortos.
A década de 40 foi prejudicada pela II Guerra Mundial. Foram realizadas provas com carros equipados com gasogênio, um aparato que substituía a gasolina por gás de carvão.
Finalmente, a década de 50 é encerrada com uma prova na Barra da Tijuca, em 1958.
Em seu livro, Scali conta curiosidades como a participação de Roberto Marinho – fundador das Organizações Globo – em uma subida de montanha em 1932, em Petrópolis. Outro fato curioso é a interrupção de uma prova na Praça Paris, no Rio, para o presidente Dutra passar.
O livro de Paulo Scali resgata uma faceta da vida dos brasileiros que ocorreu desde o início do século até a década de 50. Um período de consolidação para o automobilismo de circuitos de rua.
PAULO SCALI – perfil do autor
Paulo de Carvalho Scali nasceu em 1952 na cidade serrana de Petrópolis/RJ. Logo que aprendeu a ler, se interessou por textos sobre automóveis.
Por ser de Petrópolis, onde sempre existiu uma tendência muito grande por automobilismo esportivo, colecionava tudo o que dizia respeito ao esporte, desde livros, revistas até jornais, hábito que nunca deixou.
Diz ele que vive automobilismo desde muito cedo. Tornou-se amigo de vários pilotos, como Norman Casari, que pilotou o Carcará – que mantêm até hoje o recorde de velocidade para carros com motor até mil cilindradas -, Francisco Lameirão, Bird Clemente, Bob Sharp, Anísio Campos, os primos Varanda e vários outros, que se mantiveram em destaque no cenário esportivo nacional e internacional.
Paulo formou-se em Direito e sempre se dedicou à vida pública, como Chefe de Gabinete da Prefeitura do Rio de Janeiro e, também, de Petrópolis.
Já escreveu três livros sobre automobilismo destacando os temas Circuito da Gávea, Chico Landi e Interlagos.
Com essa bagagem, não foi difícil se lançar em nova empreitada: contar como começaram as corridas no país.
Com o esquema delineado, procurou o Grupo Comolatti, que já investiu no apoio a outros escritores, e obteve sinal verde para a obra, que agora está sendo lançada.
“O meu primeiro livro foi fruto do resultado de conversas sobre automobilismo com amigos e pilotos. Em todas elas sempre acabávamos falando das corridas da Gávea. Certo dia eu pensei: já ganhamos oito campeonatos do mundo e, no entanto, nada temos na memória sobre as nossas corridas. Então, decidi escrever um livro sobre o que foi a Gávea”, diz Scali. O livro foi publicado, em 2001, com o título “Circuito da Gávea”.
Esse primeiro livro mudou a vida de Paulo que resolveu escrever uma nova obra, em 2002, “Chico Landi de ponta a ponta” – Landi participou de 15 das 16 “Gáveas” que foram realizadas e foi vencedor de três.
Paulo Scali escreveu mais uma obra sobre automobilismo, em 2003, “Autódromo de Interlagos, 1940 a 1980” o mais completo resumo já reunido, contando tudo que interessa sobre esse autódromo, desde a sua concepção, construção, fatos e dados de todas as corridas, carros, equipes, pilotos e depoimentos.
Grupo comolatti amplia ações de marketing cultural – O livro “Circuitos de Rua – 1908 – 1958” é mais uma das iniciativas do Grupo Comolatti, através de um projeto de Marketing Cultural que vem dando apoio a vários empreendimentos de arte e literatura.
“Meu pai, Evaristo, sempre foi um entusiasta por competições automobilísticas e um apaixonado por automóveis, assim como eu. Como o projeto ”Circuitos de Rua 1908-1958” está intimamente vinculado ao segmento automotivo, encaixa-se perfeitamente na nossa vocação pessoal e empresarial”, afirma Sergio Comolatti, presidente do Grupo empresarial.
Entre outras diversas ações já realizadas pelo Grupo estão os patrocínios de eventos do Instituto Italiano de Cultura, de uma sala na Fundação Getúlio Vargas, da exposição de fotos “Sem Título”, da premiada Salete Goldfinger na Pinacoteca do Estado e dos livros “Vale Amazônico”, de Antonio Espírito Santo, “Tributo ao Marechal Rondon”, “Paisagens e Estradas do Brasil – A Rosa dos Ventos e o Caminho Real”, ambos de autoria de Cinthia Anhesini.
Além disso, em 2004, por ocasião das comemorações dos 450 anos da cidade de São Paulo, a empresa patrocinou a exposição de fotos de Carlos Moreira, “São Paulo dos Olhos para Dentro”.
O livro de Cinthia foi lançado em 3 de maio último, juntamente com a inauguração da Sala Comolatti na Casa das Rosas, mansão projetada pelo escritório do famoso engenheiro Ramos de Azevedo, onde residiu sua filha Lúcia, e que em 1985 foi desapropriada pelo Governo do Estado para se tornar num Centro Cultural.
Com o intuito de resgatar a memória da Casa das Rosas, a Família Comolatti restituiu para o local a tela “Retrato de Ramos de Azevedo”, pintada em 1898 por Oscar Pereira da Silva, que permaneceu naquela residência por 48 anos até ser presenteada, em 1983, pelo genro de Ramos de Azevedo – o engenheiro Ernesto Dias de Castro – ao casal Leda e Evaristo Comolatti. A tela, agora, faz parte do acervo da Sala Comolatti.
O propósito desses investimentos em favor da cultura nacional, disse Sergio Comolatti, “resulta numa relação de mão dupla com a sociedade: o que ela lhe dá em termos de prestígio aos nossos negócios, nós devolvemos na forma de confiança, responsabilidade e participação ativa nas necessidades da comunidade”.
FICHA TÉCNICA DO LIVRO
Título: Circuitos de Rua – 1908 a 1958
Número de páginas: 140 de miolo impressas em papel couchê, 4 cores.
Tiragem: 2500 exemplares
Edição: Imagens da Terra Editora
Coordenação executiva e editorial: Gilberto Menegaz
Coordenação de pesquisa, imagem e texto original: Paulo de Carvalho Scali
Edição de texto: Jaison Vogel
Preparação de texto e redação: Gustavo Nogueira de Paula
Ilustrações de capa e mapas: João Batista Barbosa
Projeto e produção gráfica: Gilberto Menegaz
Preparação de arquivos digitais: Yzara Menegaz
Coordenação de revisão: Rosana Maron
Finalização de arquivos digitais: Spark Digital
Impressão e acabamento: RR Donnelley Moore
Consultoria automobilismo esportivo brasileiro e internacional: Amauri Mesquita, Anísio Campos, Antônio Carlos Buarque de Lima, Bird Clemente, Bob Sharp, Chico Lameirão, Celso Flávio Tesh, Gabriel Marazzi, Geraldo Meireles, Júlio Penteado, Jorge Lettry, José Aurélio Afonso, Mauro Salles, Mirion Zangaro, Norman Casari, Paulo Trevisan, Raymond G.M.VanBouggenhout, Toni Bianco
Consultoria de urbanismo: Eveline Santana Vieira
Promoção: a Mecânica Online estará sorteando um exemplar do livro Circuitos de Rua – 1908 a 1958. Para concorrer basta enviar um e-mail para faleconosco@mecanicaonline.com.br com seu nome, Estado em que mora, seu e-mail e a resposta da pergunta: Quando chegou o primeiro automóvel ao Brasil?
O resultado será publicado nesse espaço. Enquanto não tiver o nome do sorteado, participe!!!