Willames de Verçoza Mendonça – Bacharel em Desenho Industrial com Habilitação em Projeto do Produto, pela Universidade Federal de Pernambuco passa a ser o mais novo colunista a participar da seção Engenharia da Mecânica Online
A importância de criar este espaço na página da Mecânica Online, veio da necessidade de informar às pessoas, seja da área ou não, o quanto este segmento é importante no Desenho Industrial, e que a teoria do Design Automobilístico é o conjunto fundamental da arte de criar e desenvolver veículos que chamem a atenção, tanto de quem vai comprar como daquele que vive sonhando em um dia ter um.
A sua paixão e interesse pelo desenho de automóvel começou ainda quando criança, antes mesmo de saber que existia a palavra design, onde, em um pequeno pedaço de folha de papel, já iniciava os bruscos traços.
Antes de prestar o exame de vestibular, ele escreveu uma carta para a Volkswagen do Brasil, pedindo uma orientação de como poderia seguir um caminho para atingir o sucesso e conseguir uma vaga desta área tão cobiçada.
Alguns dias depois chegou a sua casa uma resposta do Luiz Alberto Veiga, Chefe de Design da Volkswagen do Brasil, que o orientava para fazer o curso de desenho industrial, falar e ler muito bem o inglês.
Em maio de 2004, graduou-se Bacharel em Desenho Industrial com Habilitação em Projeto do Produto, pela Universidade Federal de Pernambuco onde também lhe foi conferido a Láurea Universitária, por ter apresentado o melhor desempenho acadêmico no curso de Desenho Industrial/Projeto do Produto, concluído integralmente no segundo semestre de 2003, com média global de 8,97.
Urbanus – veículo compacto para duas pessoas, feito em fibra de vidro e
aproveitando a plataforma e motorização do Mini-Baja
Seu projeto de graduação foi o Urbanus, veículo compacto para duas pessoas, feito em fibra de vidro e aproveitando a plataforma e motorização do Mini-Baja, carro criado pelos alunos de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco para participar de uma competição nacional e internacional de enduro.
Versão para o Golf 2053 – Participou do mais concorrido concurso local oferecido pela Volkswagen do Brasil, em 2003, cujo tema foi: “Mynorit Report ou Mad Max: como será o Golf de 2053?”
Em 2005, participou também do concurso de design automobilístico promovido pela revista Quatro Rodas, com o propósito de um carro urbano para comportar quatro pessoas.
Atualmente, é Designer da Light Design Iluminação onde cria e desenvolve luminárias. Mas, é em casa que Willames passa parte do seu tempo estudando design automobilístico e aprimorando os desenhos de carro.
2006 | JULHO l COLUNA DESIGN AUTOMOBILÍSTICO – PRIMEIRO ARTIGO
A Diferença entre Sonho e Realidade
Willames Verçoza | Designer
Quem vê um veículo nas ruas nunca imaginou que um dia eles tinham pneus largos, rodas enormes, faróis de xenônio e linhas bastante arrojadas. Muitas vezes se perguntam: Mas quem cria estas maravilhas de automóvel?
As pessoas responsáveis por esta área são os Designers, profissionais formados em Desenho Industrial com habilitação em Projeto do Produto. O termo Design não tem um significado concreto. O mais próximo da tradução americana é projetar. Além de ser bastante usual, a palavra design vai muito além do que se imagina.
Nela, são considerados os aspectos culturais, sociológicos, ecológicos, ergonômicos, etc., formando, desta maneira, um sistema bastante complexo, mas sem desviar dos seus objetivos que são a eficiência, a funcionalidade e, principalmente, a estética.
Pois, o design é o fator fundamental da escolha para quem compra um automóvel, por exemplo.
Os Designers, quando fazem os traços iniciais daquilo que, em algum momento podem ou não vir a ser um automóvel, tem a máxima liberdade de criar, não respeitando, assim, limitações financeiras nem muito menos técnicas.
É nessa hora que os profissionais tornam-se verdadeiros estilistas, deenhando carros de puros sonhos, até porque o caminho entre o papel e as ruas é longo, e os automóveis vão perdendo o lugar para a realidade à medida que vai saindo do papel.
A tecnologia ajuda os Designers a desenvolver, com precisão um projeto. Porém, os softwares, tipo CAD (Computer Aided Design) e o CAID (Computer Aided Industrial Design), programa de modelagem virtual, que busca combinar solução derivado do mundo da animação cinematográfica com esses sistemas vetoriais 3D, gera, muitas vezes, um antagonismo com os trabalhos realizados manualmente.
Pois, um desenho feito num sistema digital não tem a mesma expressão artística que um representado sob uma superfície marcada por traços singulares.
Para isto, são exigidas algumas habilidades por parte dos profissionais para desenhar a mão livre, até porque é mais rápido por uma idéia num papel do que num computador.
Além do mais, o desenvolvimento de um projeto automobilístico ocorre em duas fases. A primeira é o momento de deixar as idéias livres, de se soltar, de colocar a timidez de lado e expressar os sentimentos. De desenhar formas sem pôr limites.
A segunda fase é a ocasião de serenidade. É quando a carroceria irá “vestir” um motor, um mecanismo e, principalmente, as pessoas. Por tanto, é nessa hora que o teto fica mais alto, as janelas mais largas, os pneus vão tomando a forma e o tamanho original e a tecnologia, juntamente com os custos têm prioridades.
Para Luiz Alberto Veiga, chefe de Design da Volkswagen do Brasil, é o momento que o veículo tem menos “poesia”.
Geralmente, nessa fase, que dura aproximadamente 38 meses, período no qual os Designers e Engenheiros se encontra e em meios de “conflitos” de medidas e materiais, discutem cada detalhe, tanto externo como o interior do veículo.
Observe abaixo os esboços dos carros antes e como eles ficaram depois de tomarem as formas finais.
Compare o sketch manual acima à esquerda com a versão real da direita. O esboço tem rodas grandes e largas que chegam a ultrapassar as laterais do veículo, coisa que o Código Nacional de Trânsito Brasileiro não permite.
Já na BMW Série 7, os traços do esboço ficam levemente iguais a realidade, porém deixou de ter um tom de pura esportividade para mostrar que é um luxuoso sedã.
A perua Mercedes-Benz Classe E, na foto, possui lanternas traseiras com forma geométrica trapezóide, respeitando os traços quando ainda estava na prancheta. Porém, perdeu o desvario das rodas gigantes, pneus largos e grandes e as enormes saídas de escapamento.
O SportCoupé também perdeu um pouco de sua esportividade quando deixou de ter pneus largos e grandes , vidro laterais menores e teto mais baixo.
O resultado final é que o automóvel deixa de ser um sonho e passa a ser realidade. Mas será que os tunandos, veículos modificados, são realidades dos sonhos?
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