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O ar nem sempre é grátis

A calibragem de pneus pode ser grátis, mas o pouco caso com este item de manutenção pode custar bem caro, principalmente em veículos de carga.

Em uma conversa com o engenheiro José Carlos Quadrelli, gerente geral de Engenharia de Vendas da Bridgestone Firestone, pode-se notar que o contínuo acompanhamento da pressão dos pneus, além de reduzir riscos de acidente, pode impactar fortemente no consumo de combustível e no desgaste prematuro dos pneus, reduzindo em muito a rentabilidade por quilômetro percorrido.

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1) Por que sempre se insiste na manutenção da pressão correta dos pneus?
Quadrelli: A palavra “pneumático” vem do grego “pneuma”, que significa “ar”. E há uma boa razão para isto.

O que suporta um veículo é justamente o ar e não os pneus, que são “simplesmente” os recipientes que seguram o ar, que por sua vez sustentam todo o peso.

2) Mas por que este exagero todo em relação à pressão correta dos pneus?
Quadrelli: A correta pressão dos pneus pode minimizar muitos tipos de desgastes irregulares, ampliando a quilometragem do pneu e reduzindo os custos de manutenção. Ou seja, o pneu dura muito mais quando sua pressão correta é preservada.

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3) Quanto pode durar mais?
Quadrelli: Alguns estudos apontam que para cada 10 libras (psi) a menos, a vida original do pneu será reduzida entre 9 e 16 por cento.

Se tomarmos, para efeito de cálculo, o preço médio de um pneu radial para carga em torno de R$1 mil, cuja pressão indicada para os pneus fica em torno de 100 libras, 10 libras a menos significarão um custo adicional ao redor de R$100 por pneu.

Além disso ao longo da vida do caminhão haverá mais trocas de pneus, o que resultará em maiores despesas com pessoal e/ou serviços e maiores tempos de parada.

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O maior problema é que muitas pessoas, inclusive técnicos de manutenção de veículos, consideram uma diferença de 10 libras absolutamente aceitável.

4) E se a pressão for inferior em mais de 10 libras?
Quadrelli: 20 libras a menos de pressão pode gerar gastos desnecessários equivalentes a R$200 por pneu (considerando o exemplo acima), mas também pode resultar em problemas mais sérios em relação à preservação da estrutura do pneu.

A recomendação de especialistas do setor é que os pneus que tenham rodado com 20 libras a menos sejam retirados do caminhão, desmontados e cuidadosamente inspecionados, de forma a se evitar sérios problemas com a segurança.

5) Esses são os únicos problemas resultantes de baixa pressão nos pneus?
Quadrelli: Na verdade, eles estão apenas começando. Um pneu passa por uma revolução completa, flexionando suas laterais, cerca de 500 vezes por minuto.

Tecnicamente, esse flexionamento é chamado “deflexão”. Com pressão mais baixa, haverá maior deflexão do pneu, que consumirá maior energia na locomoção e, consequentemente, mais combustível.

6) Quanto mais combustível é consumido nesse caso?
Quadrelli: As 10 libras abaixo do especificado levarão a um aumento de 0,5% do consumo por quilometro rodado.

Ou seja, a cada 100 mil quilômetros rodados serão desperdiçados cerca de 300 litros de óleo diesel. É muito dinheiro jogado na estrada, não?

7) Há outros problemas resultantes da pressão baixa nos pneus?
Quadrelli: Há uma série deles.

Quando a deflexão é excessiva, pode comprometer seriamente os cabos de aço utilizados na construção de um pneu radial, pois provocará calor excessivo, que é o maior inimigo da carcaça de um pneu.

Da mesma forma que o tempo envelhece as pessoas, o calor envelhece um pneu. Nesses casos, a chamada “recapabilidade” de um pneu, ou seja, o número de vezes em que a carcaça pode receber uma nova banda de rodagem, poderá ser reduzida.

8) Quanto isto significa em custo adicional?
Quadrelli: Se um pneu radial, em condições normais de uso, puder ser recapado 4 vezes, ele perderá uma recapagem, o que implicará em um custo médio adicional de R$200 por pneu.

9) Por que as empresas não constróem pneus que não perdem o ar?
Quadrelli: É algo difícil, pois as moléculas de ar são muito pequenas e ocasionalmente podem escapar por entre a borracha do pneu.

Isto não acontece rapidamente, mas é possível se perder 2 libras por mês somente pela difusão molecular.

10) Como se pode evitar perda de pressão?
Quadrelli: Calibrando regularmente os pneus e utilizando manômetros de boa qualidade.

Mantendo as rodas limpas e lubrificadas e checando regularmente a condição das válvulas. Finalizando, é fundamental utilizar tampas de válvulas de metal de boa qualidade.

As tampas são o primeiro selo que impedem o vazamento pela válvula. Além disso, elas mantêm a sujeira e a água distantes do sistema.

11) Por que isto é tão importante?
Quadrelli: A válvula é um equipamento que opera sob altíssima pressão, e qualquer pequeno resíduo pode interferir nessa vedação. A água pode interferir seriamente no funcionamento da válvula.

12) Mas, de qualquer forma, é sempre muito trabalhoso checar a pressão de ar, principalmente em veículos com muitos eixos, não?
Quadrelli: Certamente. Mas, segundo as estatísticas, esta operação dura cerca de 20 minutos em um caminhão com 18 rodas.

Se isto for feito toda semana, há poucas chances de se ter problemas provenientes de baixa pressão dos pneus.

Isto se traduzirá em maior tempo do veículo em operação, a redução do consumo de combustível, e maior “recapabilidade”. Tudo isto pode colocar mais dinheiro no bolso do proprietário do veículo.

10 Mandamentos para o uso inteligente do pneu de carga

1) Calibrar os pneus semanalmente de acordo com a indicação do manual do fabricante do veículo.

2) Fazer o rodízio de pneus. Preferencialmente a cada 10.000 km ou de acordo com a necessidade do veículo.

3) Evitar sobrecarga no veículo. Excesso de peso compromete a estrutura do pneu e aumenta o risco de danos ou de alterações estruturais importantes.

4) Fazer a manutenção preventiva de todo o veículo. Amortecedores, molas, freios, rolamentos, eixos e rodas atuam diretamente sobre os pneus.

5) Utilizar as medidas de pneus e rodas indicadas pelo fabricante do veículo. As partes do carro foram projetadas para interagirem de forma equilibrada. A utilização de pneus e rodas diferentes altera o equilíbrio.

6) Alinhar o sistema de direção e suspensão e balancear os pneus conforme indicado pelo fabricante do veículo ou, pelo menos, a cada 10.000 Km, e sempre que o veículo sofrer impactos fortes; ocorrer a troca de pneus; os pneus apresentarem desgastes irregulares;forem substituídos os componentes da suspensão; e o veículo estiver “puxando” para um lado.

7) Utilizar o pneu indicado para cada tipo de solo. Rodar na cidade com um pneu destinado ao uso em terra (fora de estrada) provocará perdas no consumo de combustível, nas estabilidade e na durabilidade das peças do veículo.

8) Observar periodicamente o indicador de desgaste da rodagem (TWI). Este indicador existente em todo pneu mostra o momento certo para se efetuar a troca, reduzindo o risco de rodar com o pneu careca.

9) Não permitir o contato do pneu com derivados de petróleo ou solventes. Estes produtos atacam a borracha fazendo com que ela perca suas propriedades físico-químicas e mecânicas.

10) Evitar a direção agressiva, com freadas fortes e mudanças bruscas de direção. Nunca ignore a existência de lombadas, buracos e imperfeições de piso. Os melhores pilotos de competição são aqueles que, mesmo rápidos, sabem poupar seus carros e pneus.

Fonte: Bridgestone Firestone

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