Kit que faz conversão estará disponível nesse ano por US$ 20 mil; frotistas são os alvos dos fabricantes. A tecnologia flex-fuel chega também para os motores diesel.
Bosch e Delphi apresentaram durante o 15º Congresso da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE), em São Paulo, protótipos de ônibus que funcionam com a mistura de gás natural veicular (GNV) e diesel.
O Brasil, que cada vez mais aposta na multiplicidade de combustíveis, passa também a ser pioneiro no desenvolvimento do bicombustível para ônibus, caminhões, caminhonetes e geradores, entre outros motores, movidos a óleo diesel ou biodiesel.
Além da economia, o flex para motores a diesel também contribui com o ambiente, diminuindo a emissão de partículas poluentes no ar, principalmente nas grandes cidades.
A tecnologia estará disponível ao mercado a partir desse mês.
O kit que permite a conversão para o gás poderá custar até US$ 20 mil – dependendo do peso do material a ser utilizado no cilindro que armazena o gás.
A tecnologia começará a ser utilizada no mercado de reposição. Os fabricantes também podem utilizar a partir do ano que vem a tecnologia em ônibus e caminhões, além de comerciais leves e picapes.
Segundo Vicente Pimenta, gerente de projetos especiais da Delphi, o sistema flex vai possibilitar economia de até 30% no gasto com combustível.
Projeções realizadas pela fabricante norte-americana indicam que o custo da tecnologia pode ser coberto em um ano. “O combustível representa a maior despesa dentro do transporte”, afirmou.
Besaliel Botelho, vice-presidente executivo para a América Latina da Bosch e presidente do Congresso SAE Brasil 2006, afirmou que sua empresa prevê a venda de 5 mil unidades do sistema por ano.
Os fabricantes da tecnologia flex do gás-diesel vão tentar convencer os frotistas a empregar a tecnologia. Estimativas dão conta que o Brasil tem frota de 1,8 milhão de motores a diesel, entre ônibus (260 mil), caminhões (1,2 milhão), utilitários e geradores, entre outros motores.
Mesmo tendo uma frota bem inferior ao número de automóveis – cerca de 16 milhões de unidades rodantes no Brasil – o consumo de diesel supera o de gasolina e álcool – atinge cerca de 39 bilhões de litros/ano.
O diesel representa 50,2% do consumo de combustível no País, contra o restante de álcool (20%) e gasolina (30%).
Segundo estudo de fabricantes, o quilômetro por litro, para uma carreta que transporta 40 toneladas e percorre 700 quilômetros por dia, poderá cair de R$ 3 para até R$ 2,10.
Mas existem alguns problemas diante. Um deles é que o País não dispõe de uma infra-estrutura para o abastecimento de gás – o que tornaria o uso mais concentrado em grandes centros.
As ameaças da Bolívia também podem resultar em aumento de preços. Uma terceira questão é que especialistas pedem o uso do gás apenas na indústria, onde geraria mais riquezas ao País.
Uma das razões para que os fabricantes continuem investindo na tecnologia do flex-fuel para motores a diesel é o fato de a Petrobras ter garantido, em anúncio público, que o preço do gás não vai superar, nos próximos anos, 55% do preço do diesel.
Nos testes realizados pela Delphi, o ônibus que emprega a tecnologia flex-fuel não perdeu potência, o nível de ruído caiu em relação ao diesel e diminuiu a emissão de óxidos de nitrogênio.
Para que a tecnologia funcione bem com gás, é necessário que haja uma mistura de pelo menos 10% de diesel – quantia que garante a partida em motores que não funcionam com velas de explosão.