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As pontas (amarradas) do transporte multimodal

* Markenson Marques

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A experiência com o transporte multimodal no Brasil seria mais bem-sucedida, não fossem os seguidos equívocos do governo federal no processo de privatização de ferrovias e rodovias. No sistema ferroviário, o governo privatizou trilhos e trens.

Deveria ter privatizado somente a malha viária, como ocorre com as rodovias. Isso iria estimular a concorrência saudável no setor multimodal ferroviário. Empresas do transporte rodoviário se sentiriam estimuladas a comprar seus próprios vagões.

As novas proprietárias da antiga Rede Ferroviária Federal seriam empurradas a fazer investimentos em infra-estrutura para aumentar o volume de cargas transportadas.

Não foi o que ocorreu. Aliás, o poder público sequer resolveu a questão da unificação das bitolas, que continua a gerar atrasos e trazer prejuízos aos operadores.

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Sobre essa questão, não há nenhuma perspectiva de melhoria para os próximos anos. Para os transportadores rodoviários, o executivo federal ainda não deu uma resposta satisfatória nem sobre a questão do pedágio, nem tampouco nos investimentos do PAC.

Do plano nacional de investimentos, muito pouco será destinado às rodovias, que como todos sabem, transportam 70% do PIB nacional. Quando se fala de transporte multimodal, a privatização das rodovias agravou os custos das transportadores.

Um exemplo é a rodovia que liga Curitiba ao Porto de Paranaguá. Neste trecho de 90 quilômetros está um dos mais caros pedágios do país: o custo varia entre 15% e 18% do valor do frete.

Ao mesmo tempo é legítima a reclamação das concessionárias de pedágio que muitos utilizam a ferrovia e não pagam nada por isso.

O correto seria um sistema de pedágio que cobre por km utilizado. A navegação de cabotagem, outra ponta do sistema, enfrenta a burocracia e os altos custos da operação portuária.

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Os caminhões que levam apenas duas horas no caminho de São Paulo até Santos acabam perdendo um dia inteiro no pátio do porto, à espera de descarregar.

Por fim, o transporte aeroviário, aquele que nos últimos meses tem sido o retrato mais fiel do caos. A tal ponto que várias empresas decidiram apostar no transporte rodoviário como substituto a este modal.

Exemplo de uma montadora de veículos em Gravataí (RS), que recebe peças de São Paulo pela via terrestre, em 16 horas: é mais rápido, confiável e é monitorado por satélite.

Por via aérea, se considerar o tempo para chegar ao aeroporto de SP mais o risco de atraso para decolagem ou até o cancelamento do vôo e a falta de vôos noturnos torna-se inviável a operação.

A confiabilidade que falta ao sistema de tráfego aéreo está disponível no transporte terrestre, que usa a tecnologia para enfrentar a estrada ruim, a ausência de investimentos públicos e o custo do pedágio.

Se o governo ajudar, quem sabe estes bons ventos comecem a soprar no sistema multimodal como um todo, principalmente se desburocratizar o sistema tributário.

* Markenson Marques é presidente da Cargolift Logística e Transportes e vice-presidente do Setcepar — Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná

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