Pesquisadores do MIT, Estados Unidos, demonstraram o funcionamento de um motor de automóvel que pode funcionar sem utilizar velas de ignição em determinadas condições de tráfego, reduzindo o consumo de combustível e a emissão de poluentes.
Motor HCCI – Os motores atuais operam em um sistema chamado “ignição por fagulha”, sendo a fagulha produzida pelas velas a partir de uma alta tensão produzida na bobina.
Já o novo motor funciona com uma técnica chamada “ignição por compressão de carga homogênea”, ou HCCI, na sigla em inglês (“Homogeneous Charge Compression Ignition”).
Em um motor HCCI, o combustível e o ar são misturados e injetados no interior do cilindro. O pistão comprime a mistura até que ocorra uma combustão espontânea.
Ele então combina a pré-mistura ar-combustível (como em um motor normal) com a ignição espontânea (como acontece em um motor diesel). O resultado é que a combustão ocorre simultaneamente em vários pontos no interior da câmara de combustão.
Combustão – Tanto nos motores diesel quanto nos motores que possuem velas de ignição – como os motores a gasolina, álcool e gás – o combustível deve estar aquecido para que a chama se espalhe rapidamente ao longo de toda a câmara de combustão. No motor HCCI, isto não é necessário porque a combustão já ocorre de forma espalhada.
Uma conseqüência importante é que o combustível pode entrar mais frio na câmara de combustível, diminuindo as emissões de derivados de nitrogênio, os conhecidos gases NOx.
E como ele entra numa concentração menor, a emissão de particulados – a desagradável fumaça dos motores diesel – também é desprezível.
Só no laboratório – O problema é que é difícil controlar exatamente quando a ignição ocorrerá no interior do cilindro de um motor HCCI.
E se ela não ocorrer quando o pistão estiver no ponto certo, o resultado será um motor com um “funcionamento” muito parecido com o de um carro totalmente desregulado, que explode e apaga a todo instante.
“É como empurrar uma criança em uma gangorra,” diz o professor William H. Green. “Você tem que empurrar quando a gangorra está mais próxima e pronta para ir para frente novamente. Se você empurrar no momento errado, a criança irá sacudir e não irá muito alto. O mesmo acontece com o motor.”
Dois fatores são essenciais nesse processo: a temperatura de funcionamento do motor e a qualidade do combustível.
Ambos muito difíceis de se prever e controlar. É por isso que, mesmo funcionando otimamente nas bancadas dos laboratórios, os motores HCCI nunca chegaram aos carros.
Sensor de temperatura – Agora, os cientistas desenvolveram um sistema que permite que o motor funcione no modo HCCI sempre que possível.
No restante do tempo ele funciona com as velas tradicionais. A solução é extremamente simples: um sensor de temperatura determina se o próximo ciclo do motor deverá ocorrer no modo HCCI ou no modo vela de ignição.
Nos primeiros testes, o motor funcionou no modo HCCI em 40% do tempo, o que pode apontar para significativos ganhos em termos de consumo de combustível e emissão de poluentes.
Os engenheiros acreditam que a tecnologia poderá ser incorporada nos motores de linha já nos próximos anos.
Inovação Tecnológica