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Trauma gerado por mortes no trânsito aponta lacuna no suporte às famílias das vítimas

Em maio de 2009, o casal Christiane e Gilmar Yared perdeu seu filho e um amigo num acidente causado por um motorista alcoolizado.

O trauma vivido serviu de base para a construção de um projeto que visa a apoiar as famílias que vivem o mesmo drama e não encontram apoio no Estado

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Reportagem | Mecânica Online® & Perkons S.A. / NQM Comunicação

Segundo o Ministério da Saúde, acidentes no trânsito ocupam o terceiro lugar do ranking de causa mortis no país.

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Colisões, atropelamentos e outras formas de violência acontecem a cada 57 segundos. A desatenção, a falta de informação ou de responsabilidade causam uma morte a cada 22 minutos no Brasil.

E, nesse cenário, os familiares e amigos das vítimas enfrentam um profundo trauma psicológico, dramas judiciais e uma sucessão de outros aspectos que mudam definitivamente o rumo de suas vidas.

Essa situação foi vivida intensamente pelo casal Gilmar e Christiane Yared, em Curitiba, no Paraná.

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Na madrugada do dia 7 de maio de 2009, Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida morreram num violento acidente de trânsito por conta de uma inconsequência do ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho, que dirigia alcoolizado. Mais de um ano se passou e o caso ainda corre trâmite judiciário.

O trauma vivido pelo casal Yared foi a pedra fundamental para a construção de um importante projeto, que visa a oferecer suporte às famílias que passam por situações similares: o Instituto Paz no Trânsito, que também conta com outros membros preocupados com a falta de segurança no setor. Acompanhe a entrevista exclusiva da Perkons com Gilmar Yared:

PERKONS – Como surgiu a ideia da criação do Instituto?

G.Y – Após vinte dias da morte de nosso filho Gilmar Rafael Souza Yared começamos a receber ligações de famílias desesperadas sem ter onde ir ou quem procurar.

Elas buscavam orientações sobre todo o tipo informação; eram inúmeras causas de acidentes de trânsito.

Então, percebemos que havia uma lacuna, não só por parte do governo, mas também da sociedade.

Problemas realmente sérios, como a falta de informação, a quem recorrer – um verdadeiro suporte – essas respostas não são facilmente encontradas.

Nós entendemos que a dificuldade de reestruturação da família é um problema real. O Instituto Paz no Trânsito vem para apoiar, orientar, educar, fiscalizar e pedir punição para assassinos de trânsito.

PERKONS – Em que frentes o Instituto vai agir?

G.Y. – A ideia é trabalharmos, principalmente com apoio aos familiares e educação no trânsito. Queremos fazer com que estas famílias participem de reuniões com a sociedade.

A experiência delas é um rico material no que tange a orientação e, principalmente, na criação de projetos focando a segurança e respeito ao trânsito.

Com relação à parte legislativa, o Instituto vai trabalhar em conjunto com parlamentares na criação de leis mais severas.

A criação de leis de iniciativa popular, uma realidade em diversas cidades brasileiras, é uma das ferramentas que temos em mãos para começar a mudar este triste cenário.

Além disso, já está prevista a realização de um Congresso Nacional de Trânsito para a discussão de projetos.

PERKONS – Qual a expectativa com a criação do espaço?

G.Y. – Queremos abrir os olhos da sociedade e mobilizar os órgãos responsáveis para mudanças necessárias.

Vamos criar uma estrutura para receber as famílias das vítimas de acidentes e encaminhá-las para os respectivos profissionais das áreas de psicologia, advocacia, psicoterapia e demais áreas de atendimento.

PERKONS – Qual a importância da mobilização da sociedade em prol da segurança no trânsito?

G.Y. – Acreditamos que, nos dias de hoje, o trânsito precisa ter um olhar consciente de profissionais da área e a atenção urgente da sociedade.

Perdemos todos os dias 100 jovens nas estradas e ruas de nosso país.

O que está sendo feito é muito pouco ou praticamente nada em relação a estas vidas que se perdem diariamente. Não podemos ficar de braços cruzados, aguardando uma reação que não vai vir.

É realmente urgente a mobilização da sociedade, que é a maior interessada. Precisamos abraçar concretamente essa causa. É necessário que conscientização, fiscalização e punição, quando necessário.

PERKONS – Como você vê a questão da fiscalização e punição para motoristas que causam acidentes?

G.Y. – Precisamos equipar melhor nossa polícia e cobrar das autoridades competentes mais fiscalização, como blitze em vários pontos estratégicos da cidade que não deverão ser anunciadas e punição exemplar; essencial para que a leitura de nossos jovens seja a correta:”Você é responsável por seus atos, se beber não dirija”.

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