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Diesel no tanque de gasolina? Risco de detonação

O fenômeno da detonação e a pré-ignição são dois problemas que afetam o funcionamento do motor e devem ser corrigidos, para não comprometer a sua vida útil e evitar o consumo exagerado de combustível, a perda de potência e a alta emissão de poluentes na atmosfera

Essa semana estive vendo um programa na TV Cultura onde o assunto era a definição da palavra milagre – ato ou acontecimento fora do comum, inexplicável pelas leis naturais, que tem teoricamente o monopólio da igreja católica, pois é ela quem analisa e pode afirmar quando o milagre acontece.

Então amigos, diferente da definição acima, o restante é enganação e na internet você vai encontrar muito. Como diz a música, “o golpe tá aí, cai quem quer”.

Diariamente recebo muitos vídeos com a temática automotiva e alguns, que não são milagres, prometem acontecimentos fora do comum, então, muito cuidado!

Nunca misture óleo diesel em seu tanque de gasolina, nunca. Essa combinação que circula até como receita na internet pode causar o que muitos conhecem como “batida de pino”, tecnicamente, detonação.

O fenômeno da detonação e a pré-ignição são dois problemas que afetam o funcionamento do motor e devem ser corrigidos, para não comprometer a sua vida útil e evitar o consumo exagerado de combustível, a perda de potência e a alta emissão de poluentes na atmosfera.

A pré-ignição é um fenômeno causado por vários motivos. Um deles é o surgimento de depósitos de carvão na parte superior do pistão e na parede do cilindro. Esse carvão fica incandescente, fazendo com que a mistura de ar e combustível exploda fora do terceiro tempo no ciclo do motor.

Quatro tempos do motor de combustão interna (gasolina, etanol, GNV)

Os quatro tempos do ciclo Otto – O ciclo de quatro etapas definido por Otto na sua versão mais completa é habitualmente abreviada como admissão, compressão, expansão (ou combustão) e exaustão (ou escape).

Primeiro tempo – Admissão – Na primeira fase do ciclo, a válvula de admissão (entrada) está aberta, enquanto a válvula de escape (saída) permanece fechada.

O pistão se move de forma a aumentar o volume da câmara de combustão, sendo que a mistura de combustível com o ar dá entrada no cilindro sob pressão praticamente constante. Daí que se diga que na fase de admissão ocorre uma transformação isobárica, isto é, uma transformação sob pressão constante.

Segundo tempo – Compressão – Neste segundo momento, as válvulas de admissão e de escape estão fechadas e o pistão realiza um movimento rápido, comprimindo a mistura ar-combustível. Essa ação leva a que ocorra um aumento de pressão e, consequente e simultaneamente, uma diminuição do volume da mistura. No fim dessa etapa, a pressão do sistema é cerca de nove vezes superior à pressão atmosférica.

Terceiro tempo – Explosão/Combustão – Na terceira etapa do ciclo Otto, as válvulas de admissão e escape continuam fechadas, enquanto o pistão sobe e a vela solta uma faísca, o que provoca a combustão da mistura.

Por meio deste processo de queima, é obtida uma enorme quantidade de energia térmica, sendo parte dessa energia convertida num movimento mecânico. Graças a este fornecimento de calor, a pressão do sistema vai aumentar, forçando violentamente o pistão a fazer um movimento descendente, de modo a aumentar o volume do cilindro.

Quarto tempo – Exaustão – Neste momento final, na altura em que o pistão chega à posição de maior volume do cilindro, a válvula de escape se abre, mas a de admissão permanece fechada, o que faz com que o gás quente seja expulso da câmara de combustão, arrefecendo assim todo o sistema.

Depois de acontecer esse arrefecimento, o pistão volta a subir, diminuindo o volume da câmara de combustão e expulsando os gases da queima, os quais serão libertados pelo sistema de escape. Logo que os gases são expulsos, o motor retorna à sua condição inicial, permitindo que o ciclo se reinicie.

Agora que você conhece os tempos do motor, vai entender que esta explosão pode acontecer no segundo tempo, quando o pistão sobe, comprimindo a mistura, gerando pressão e aumentando a temperatura dos gases, junto com a brasa do carvão, fazendo a mistura explodir antes do tempo.

Outros fatores que provocam a pré-ignição são os pontos quentes na câmara de combustão, velas excessivamente quentes e combustível adulterado, gerando muito resíduo de carvão.

O fenômeno da detonação também acontece dentro do cilindro e é muito parecido com a pré-ignição, provocado principalmente pelo combustível adulterado de baixa octanagem, fazendo a mistura explodir antes do tempo, o que resulta da mistura do diesel na gasolina, pois teremos uma baixa no valor da octanagem do combustível (mistura) resultante.

Mistura pobre, não homogeneidade e ignição adiantada também provocam o fenômeno da detonação. Um fator, que provoca a detonação espontânea dentro do cilindro, é a alta taxa de compressão nos motores modernos.

Para extrair maior potência dos motores, a câmara de combustão está cada vez menor, elevando a taxa de compressão a altos níveis e contribuindo, junto com os outros fatores citados anteriormente, para o efeito da detonação.

As consequências deste fenômeno termodinâmico, podem variar de ruins a catastróficas. Engenheiros desenvolveram muitas tecnologias para identificar e evitar detonações e, atualmente, quase todos os motores novos têm sistemas de combate ao fenômeno.

Efeito da detonação no motor do veículo

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