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Quem quer um carro grátis?

Desafio para ganhar escala com hidrogênio faz montadora oferecer descontos que tornam o carro gratuito, mas dificuldade em abastecer limita autonomia.

Você que acompanha a coluna Mecânica Online® já deve ter notado que a sustentabilidade na mobilidade percorre caminhos tortuosos para ser possível.

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Enquanto muitos falam sobre os veículos elétricos como a mobilidade do futuro e toda indústria aponta para o hidrogênio como o objetivo a ser atingido, os desafios no meio do caminho mostram que o planejamento do futuro da mobilidade possa ser apenas uma justificativa para manter no presente, por mais tempo, o desenvolvimento das tecnologias atuais, inclusive, dos motores a combustão.

Nos Estados Unidos é muito comum o incentivo para a compra de veículos eletrificados, mas no início deste ano, a Toyota resolveu entregar para quem tivesse interesse, o seu revolucionário Mirai, veículo movido a hidrogênio por apenas 12 mil dólares.

Vendido por cerca de 52 mil dólares, a marca resolveu oferecer um incentivo de 40 mil dólares, e o restante com taxa zero de financiamento.

Considerando um crédito de 15 mil dólares para ser gasto no abastecimento com hidrogênio durante seis anos, a Toyota parece mais querer se livrar do carro, visto a dificuldade no abastecimento com o hidrogênio, e estamos falando dos Estados Unidos, mas precisamente, da Califórnia. 

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Todos sabemos que o hidrogênio tem um grande potencial como fonte de combustível para muitas economias livre de carbono, para uso industrial, produção de aço e no transporte marítimo de longa distância, por isso tantas empresas já se apresentam como soluções de carbono zero para esses setores, principalmente na produção de amônia.

A propulsão de automóveis de passageiros e caminhões enfrenta desafios quanto à utilização do hidrogênio. A produção e distribuição desse combustível ainda são muito irregulares, dificultando viagens rodoviárias para proprietários de veículos como o Mirai ou CR-V.

Além disso, apesar do preço acessível do Mirai, as células de combustível não são economicamente viáveis.

Para reduzir as emissões de carbono, os veículos com células de combustível teriam que operar com hidrogênio verde, em vez do hidrogênio cinzento derivado de combustíveis fósseis predominante atualmente. Enquanto isso não ocorrer, esses veículos são apenas ligeiramente melhores para o clima do que os híbridos avançados.

No curto prazo, é evidente que os veículos leves de emissão zero precisarão confiar em baterias. Então, por que Toyota, Honda, Hyundai e outras ainda mantêm um otimismo tão grande em relação ao hidrogênio?

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Embora seja difícil decifrar o que se passa nas salas de reuniões fechadas, várias razões podem explicar por que as montadoras continuam a promover as células de combustível.

Uma visão criteriosa sugere que elas reconhecem que a infraestrutura de hidrogênio e os veículos movidos a células de combustível não estarão prontos em uma década ou mais.

No entanto, ao destacar as vantagens do sistema de transmissão, como o abastecimento rápido, podem persuadir consumidores e políticos cautelosos em relação aos veículos elétricos a adotarem veículos movidos a combustíveis fósseis temporariamente.

Isso pode ser interpretado como um investimento na imagem de consciência climática e inovação tecnológica, ao mesmo tempo, em que evita a adoção imediata de veículos elétricos — uma visão comum do futuro do transporte com baixas emissões.

Uma visão mais benevolente é que as empresas estão lutando contra a inércia institucional. As células de combustível podem simplesmente empolgar os engenheiros e executivos existentes nas empresas. Assim como os motores de combustão interna, são complexos e, em grande parte, mecânicos, alimentados por bombas e tubulações, e aliviados por escapamentos. Além disso, a maior parte do conhecimento de design e fabricação pode ser mantida internamente, ao contrário das baterias, que geralmente são fabricadas por fornecedores.

Por fim, as montadoras podem acreditar que os consumidores não mudarão até que os tempos de abastecimento correspondam aos dos veículos movidos a gasolina. Embora os tempos de carregamento dos veículos elétricos continuem a diminuir, é improvável que alcancem os cinco minutos característicos do abastecimento de hidrogênio.

As montadoras podem realmente acreditar que cinco ou dez minutos adicionais podem representar um obstáculo significativo para a maioria dos consumidores.

Um dia, as montadoras podem provar que estão corretas. Se as startups de hidrogênio atuais conseguirem sucesso e construírem capacidade suficiente para atender à demanda industrial e marítima, então poderá fazer sentido começar a comercializar veículos movidos a células de combustível em massa. No entanto, esse dia continua distante, talvez daqui a 15 ou 20 anos. Atualmente, não está no plano de ninguém, e olhe que estamos falando dos Estados Unidos.

E para concluir, a mobilidade será elétrica, o desafio é encontrar a melhor fonte dessa energia, seja por meio de bateria, do hidrogênio ou mesmo do etanol.

Tarcisio Dias – Profissional e técnico em Mecânica, além de Engenheiro Mecânico com habilitação em Mecatrônica e Radialista. Desenvolve o site Mecânica Online® (mecanicaonline.com.br) e sua exclusiva área de cursos sobre mecânica na internet (cursosmecanicaonline.com.br), uma oportunidade para entender como as novas tecnologias são úteis para os automóveis cada vez mais eficientes.

Coluna Mecânica Online® – Aborda aspectos de manutenção, tecnologias e inovações mecânicas nos transportes em geral. Menção honrosa na categoria internet do 7º e 13º Prêmio SAE Brasil de Jornalismo, promovido pela Sociedade de Engenheiros da Mobilidade. Distribuição gratuita todos os dias 10, 20 e 30 do mês.
https://mecanicaonline.com.br/category/engenharia/tarcisio_dias/

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