O Brasil registrou um recorde de blindagem de veículos em 2024, com 34.402 unidades protegidas, superando os números do ano anterior. Apesar da maior busca por segurança, a blindagem traz desafios como custos elevados, manutenção específica e desvalorização no mercado de usados.
Blindar um veículo se tornou uma alternativa cada vez mais procurada no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), o ano de 2024 marcou um recorde histórico, com 34.402 veículos blindados, superando os 29.296 registrados em 2023. Esse crescimento reflete a busca por maior proteção em um cenário de insegurança urbana, mas traz desafios financeiros e técnicos que os consumidores devem considerar antes de optar pela blindagem.
A blindagem veicular consiste na aplicação de materiais resistentes, como ligas de aço e polímeros especiais, para reforçar a estrutura do carro contra impactos de projéteis. Os vidros recebem camadas de policarbonato, impedindo estilhaços em caso de disparos, enquanto a carroceria é revestida com materiais de alta resistência. No Brasil, os níveis de blindagem vão do Nível I, que protege contra armas de baixo calibre, ao Nível III-A, que resiste a disparos de armas mais potentes, como pistolas e revólveres. Blindagens superiores, como o Nível IV, são proibidas no país, pois suportam explosões e armamentos militares.
Apesar da segurança oferecida, a blindagem impacta diretamente na desvalorização do veículo. Carros blindados tendem a perder mais valor de mercado, pois a manutenção é mais cara e a revenda pode ser mais difícil. O perfil de compradores é restrito, geralmente composto por pessoas que vivem em regiões de alta criminalidade ou figuras públicas que necessitam de proteção extra. Além disso, a falta de documentação adequada sobre a blindagem pode comprometer a negociação e até impedir a circulação do veículo.
Outro fator importante a ser considerado é o alto custo da blindagem. O serviço pode custar a partir de R$ 45 mil para carros compactos e ultrapassar R$ 60 mil em modelos maiores, dependendo do nível de proteção escolhido. Além do investimento inicial, o proprietário deve se preparar para manutenções periódicas, essenciais para garantir a eficácia da blindagem. Sem revisões adequadas, materiais como os vidros blindados podem perder eficiência com o tempo, comprometendo a segurança do veículo.
O seguro para carros blindados também é mais caro. Em alguns casos, o valor do seguro pode ser até 50% superior ao de veículos convencionais. Esse aumento ocorre devido à complexidade dos reparos e à necessidade de reposição de peças específicas, que têm custos elevados. Além disso, seguradoras consideram que o uso de blindagem indica um risco maior para o condutor e passageiros, o que influencia diretamente no preço da apólice.
A performance do veículo também sofre impacto. O peso adicional da blindagem exige mais esforço do motor, aumentando o consumo de combustível e reduzindo o desempenho geral. Em modelos menos potentes, isso pode resultar em aceleração mais lenta e maior desgaste dos componentes mecânicos, elevando os custos de manutenção.
Para garantir que um carro blindado esteja regularizado, é fundamental que o serviço seja realizado por uma empresa autorizada pelo Exército Brasileiro, responsável por fiscalizar e emitir o certificado de blindagem. Esse documento é essencial para comprovar que o veículo atende às normas de segurança e pode ser exigido na vistoria para transferência de propriedade. Caso a blindagem tenha sido feita de forma irregular, o veículo pode ser reprovado e até impedido de circular.
Diante desses fatores, a decisão de blindar um carro deve ser bem planejada. O investimento em segurança deve ser equilibrado com a avaliação de custos e impactos na revenda. Para compradores de veículos blindados usados, uma vistoria detalhada é indispensável para verificar a integridade da proteção e a regularidade da documentação. Assim, é possível evitar surpresas desagradáveis e garantir que o carro atenda às necessidades de segurança sem gerar problemas futuros.