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Os caminhos da Reparação

O leitor que nos acompanha já há alguns meses, lendo e refletindo conosco sobre os temas aqui apresentados, teve a oportunidade de seguir o nosso raciocínio segundo o qual, o reparador que centrar suas atenções no tripé escolaridade, conhecimento tecnológico e visão gerencial terá realmente grande probabilidade de permanecer no mercado, embora saibamos e sentimos até na carne que, em se tratando de mercado reparador automotivo, todos nós nos comportamos como leões, com o agravante de sermos bastante numerosos dentro dessa arena chamada Brasil.

Pela nossa natureza leonina, extremamente selvagem e predatória, é de se supor que desejamos, ou melhor, ansiamos por devorar o outro, a fim de garantir maior espaço e segurança dentro da arena.

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Entretanto, é importante questionar se essa atitude compulsiva de aniquilamento seja, de fato, a mais correta para garantir nossa estabilidade e evolução dentro do grupo.

Muitas vezes, a atitude de observarmos a nós mesmos, tentando corrigir os nossos defeitos, as nossas mazelas e fortalecendo as nossas qualidades, pode nos ser muito mais útil do que manter a postura primitiva de observarmos os movimentos do nosso vizinho, a fim de destruí-lo.

Observar o concorrente é, sem dúvida, uma preocupação sobre a qual o reparador não pode e não deve dispensar. É evidente que essa constante preocupação, todos nós a temos.

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Já tivemos oportunidade de estudar em artigos anteriores o comportamento dos nossos concorrentes concessionários; sabemos hoje que eles gastam uma fortuna para oferecer escolaridade básica aos seus empregados, pois o grande contingente de profissionais que atuam no setor de reparação sequer possui o segundo grau completo.

Mas, e nós do mercado independente? Como estamos nesta área? Será que gozamos da vantagem sobre os nossos concorrentes concessionários de deter em nossas mãos os conhecimentos básicos para assimilar tecnologia? É possível que possamos ler sem tropeços um texto sobre combustível, ou sobre tecnologia automotiva, com total fluência, sem o mínimo de estranhamentos com termos do tipo “octanagem”, “mistura estequiométrica”, “taxa de compressão”, “capacitância”, “forma de onda de um sinal e suas deformidades” etc.?

Achamos que, além de constatarmos as falhas dos nossos concorrentes, vale a pena também olharmos para o nosso próprio umbigo e descobrirmos onde estão os nossos defeitos.

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Fica aqui registrado, desde agora, o compromisso desta Seção “Visão de Mercado” em apresentar em futuro próximo um retrato do reparador independente quanto ao aspecto da escolaridade.

Depois de lido tudo o que escrevemos acima, talvez muitos de nossos leitores se sintam apavorados.

Talvez estejam neste momento se questionando: “O que é que eu faço, eu também não tenho o segundo grau completo? Será que eu vou desaparecer do mercado?”.

À primeira pergunta respondemos: “Procure imediatamente escolas de excelência e conclua o seu segundo grau. Esqueça os cursinhos rápidos do tipo ‘SEGUNDO GRAU EM SEIS MESES’. Procure o que há de melhor, nem que demore dois, três ou quatro anos para se formar – de preferência uma escola de formação técnica, esta é de grande demanda de mercado. Tenha sempre em mente a necessidade de que todos nós reparadores devemos adquirir uma sólida base de conhecimentos, a fim de nos possibilitar a aquisição, em futuro próximo, de conhecimentos mais complexos e específicos dentro da nossa área de atuação”.

À segunda pergunta respondemos:
“Por enquanto você não vai sumir do mercado, mas é bom não cochilar.”

Resolvida essa questão da escolaridade necessária para alçar novos e mais elaborados vôos dentro da tecnologia automotiva, surge um novo impasse: “Onde obter informação tecnológica, se os fabricantes não repassam tais conhecimentos ao mercado independente?”

De fato, isso também já foi comentado em artigo anterior. É lastimável tal conduta além de ser totalmente irracional. Para contornar essa atitude deplorável dos fabricantes de veículos, o mercado independente tem investido na formação de redes de estabelecimentos de reparação. É óbvio que essa tendência tem seus prós e contras, mas concordamos que seja uma boa solução ao problema da aquisição de informação tecnológica.

Hoje temos a possibilidade de nos tornar um posto de assistência técnica de um sistemista, por exemplo, VISTEON, MAGNETI MARELLI, DELPHI, DANA, LUK e outros, ou de um fabricante de equipamentos como a ALFATEST, NAPRO, BOSCH E etc.

Essa modalidade de filiação a uma rede credenciada vem se mostrando a mais vantajosa, pois o reparador sente-se resguardado quanto às novidades do mercado sob todos os aspectos, não só com respeito à diagnose e correta instrução de reparação de um veículo, mas também em relação às facilidades de adquirir informações sobre máquinas, ferramentas ou equipamentos que ele pode precisar no dia-a-dia de sua oficina.

Outra modalidade de aglutinação dos reparadores, que vem crescendo de ano para ano e promete disseminar-se pelo país, consiste de critérios associativistas.

A rede AutentiCar, atuante no mercado reparador paulista, é um belo exemplo de como o reparador independente pode manter e sustentar o seu negócio, gozando de independência administrativa e atendendo às particularidades do mercado de sua região.

Nos próximos artigos teremos oportunidade de contar em detalhes essa alternativa inovadora que surgiu em São Paulo e que certamente crescerá ao longo dos anos.

Há quem opte pela rede de franquias, entretanto é bom que o reparador saiba que essa alternativa apresenta seriíssimas restrições quanto a autonomia do seu estabelecimento automotivo.

É comum que a detentora da marca exija metas de produtividade, cobertura dos custos de propaganda e marketing, além de cobrar altos honorários ou os caríssimos custos de taxas sobre o lucro ou sobre a rentabilidade do estabelecimento.

Não bastasse tudo isso, o reparador deve seguir a doutrina da marca; deve, também, obediência gerencial à marca, o que significa que a sua própria visão gerencial ficará senão totalmente neutralizada e reprimida, pelo menos com sérias limitações.

Ademais, as franquias ainda não chegaram a fixar-se definitivamente dentro do setor automotivo, deixando muita gente à deriva.

Paulo Roberto Poydo e Marco Calixto
[email protected] / [email protected]
Synergy Consultoria e Treinamento Automotivo

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