Eduardo Vannuchi*
Não é de hoje que o uso de carros blindados passou a ser uma alternativa contra a violência dos centros urbanos do país.
Não se pode negar que nos últimos anos o setor de blindagem automotiva teve um crescimento explosivo.
Em 1997, a cada 20 mil veículos, apenas um era blindado. Hoje, a relação está próxima a um blindado para cada mil automóveis (considerando-se a frota de veículos comerciais leves).
Não resta dúvida de que a violência é a propulsora deste aumento, ainda mais que nos dias atuais ela não se restringe aos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo.
Uma pesquisa da Secretaria Nacional de Segurança Pública comparando ocorrências por 100 mil habitantes revela que Vitória (ES) é a cidade com maior incidência de homicídio doloso, seguida por Porto Velho (RO) e Cuiabá (MT).
No ranking de latrocínio (roubo seguido de morte) lideram Porto Velho e Porto Alegre (RS), seguidas pelo Distrito Federal, Maceió (AL) e Goiânia (GO).
Recife é a cidade com maior índice de seqüestros, superando São Paulo (SP), Palmas (TO) e Florianópolis (SC). Outros números poderiam ser mostrados, todos indicando a disseminação da violência.
Pesquisas sobre as causas dessa epidemia concluem o óbvio. A má distribuição de riquezas é a primeira e mais forte provocadora da violência.
O alto custo de uma blindagem impede que a maioria da população tenha acesso a este tipo de proteção.
Como dizia a propaganda política de um dos candidatos ao governo paulista na última eleição estadual, “quem tem dinheiro blinda seu carro. E quem não tem?”.
No entanto, a retração econômica está reduzindo o acesso até mesmo da classe mais abastada.
Segundo dados da Associação Brasileira dos Blindadores de Veículos Automotores (Abrablin), em 2002 houve uma redução de 11,65% no número de veículos blindados em comparação ao ano anterior e as declarações do presidente da Associação dizem que dificilmente o mercado se recuperará este ano.
Em contrapartida, tem crescido a locação de carros blindados. Embora não haja levantamentos, a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA), baseada em contatos com as locadoras, informa que o mercado tem crescido neste nicho específico. Isto também tem se verificado na Master Auto Rental.
Os principais consumidores deste tipo de serviço são personalidades do meio artístico e político, que possuem carros blindados próprios, e ao viajarem, não querem ficar sem a proteção. Isso é fácil de entender.
No ano passado políticos sofreram ameaças e alguns foram assassinados. No meio artístico, a ocorrência de assaltos e seqüestros também assusta. Cantoras, apresentadoras, atrizes e modelos já declararam que onde quer que vão, só andam de carro blindado.
Autoridades estrangeiras em viagens diplomáticas ao país também exigem carros blindados para circular pelas cidades do país.
BMWO mercado também cresceu junto aos empresários. Preocupadas com a violência, muitas empresas têm oferecido o carro blindado como benefício aos executivos de primeiro e até de segundo escalão. Elas incluem estes carros nos contratos de administração de frotas fechados com as locadoras.
As empresas chegam a economizar 25% em média com a contratação destes serviços do que se mantivessem veículos próprios. A manutenção, o licenciamento e tudo o que se refere ao carro fica por conta da locadora.
O deslocamento no trajeto entre as residências e as escolas, clubes e outras atividades de lazer também preocupa os pais de jovens e crianças. No ano passado, mais de 60 crianças e adolescentes foram seqüestradas.
No primeiro semestre deste ano a polícia registrou 21 casos. Algumas escolas da classe média de São Paulo planejam a inclusão de uma disciplina sobre a prevenção ao seqüestro e como se comportar em casos consumados.
Alguns pais, quando não podem acompanhar seus filhos nesses trajetos urbanos, passaram a locar blindados com motoristas treinados em direção defensiva.
A direção preventiva é mais importante do que se imagina. Especialistas em segurança ensinam que não adianta apenas possuir ou alugar um carro blindado.
É importante que o condutor do veículo saiba como se sair de determinadas situações. Nem sempre essa observação é respeitada.
Mas existem outras preocupações. É preciso estar atento ao nível de blindagem do veículo. O mais usual no mercado é o nível 3A, que resiste a tiros de Magnum 44. Do nível dois para baixo a proteção é menor. É preciso atenção a este detalhe no momento da locação.
De acordo com a nova legislação, todo veículo blindado deve apresentar um certificado emitido pelo Exército especificando o nível de blindagem.
Quanto à legislação, outro ponto precisa ser observado. A locadora somente poderá prestar o serviço se possuir registro no Exército.
A explosão na vendas de carros blindados fez com que o número de empresas do setor crescesse assustadoramente. Há cinco anos havia 10 empresas especializadas, hoje são mais de 50. A Abrablin recomenda cautela na escolha na blindadora.
Os clientes de locação de blindados também devem estar atentos porque nem sempre a pessoa que vai alugar o carro tem tempo e conhecimento para exigir o melhor. Por isso, o ideal é escolher uma locadora de confiança.
* Eduardo Vannuchi é diretor-executivo da Master Auto Rental,
líder do mercado nacional de administração de frotas, uma das maiores empresas do setor no país.
