Embora apenas 28% da quilometragem dos veículos comerciais seja coberta à noite, mais de 50% dos acidentes (e provavelmente também dos assaltos e roubos) ocorrem neste período.
A maior das três principais causas dos acidentes é a redução de visibilidade: a 90 km/h, por exemplo, um veículo está cobrindo 25 metros a cada segundo, e no melhor dos casos, numa noite não muito escura, estrada com pavimento mais para cinza do que para preto, sem outro veículo vindo em sentido contrário, o facho baixo dos melhores faróis dá aviso de algum problema à frente numa distância máxima de 100 metros.
Com facho alto, essa distância aumenta cerca de 50%.
Extensos estudos feitos nos Estados Unidos com veículos comerciais, mostram que o tempo mínimo para que um motorista de caminhão ou ônibus pare a esta velocidade e a esta distância, é de 5,3 segundos.
Isso, é claro, tendo-se em vista um motorista com boa saúde, descansado e tranqüilo, que reconhece um possível problema e inicia uma reação a ele já no primeiro segundo.
Parece bastante, mas na realidade é muito pouco, já que a maioria das pessoas não acredita muito em problemas (acontecem sempre com os outros) e só começa mesmo a reagir depois de passado um bom tempo.
Estatísticas americanas interessantes: 80% da capacidade sensorial humana está diretamente dependente dos olhos; de 1996 a 1999, o número de acidentes com ônibus de longa distância aumentou 36%; anualmente, há mais de 90.000 acidentes noturnos com caminhões pesados, resultando em 1.800 mortes e 32.000 ferimentos.
A solução por todos reconhecida, mas nunca encontrada na prática, seria ver mais longe – o que vem sendo feito há mais de cem anos, com faróis cada vez melhores, mas sempre com relativamente pouco efeito devido aos fatores humano e de visibilidade.
Agora, porém, parece que este sonho quase imemorial está sendo realizado.
O primeiro sistema de visão por infra-vermelho para veículos comerciais foi recentemente lançado pela Bendix, com o nome de XVision.
O XVision é um sistema passivo que consiste de uma câmera infra-vermelha montada externamente, que sente o calor de tudo a seu redor, processa eletronicamente os sinais recebidos e os transforma, um a um, numa imagem que é projetada em tempo real numa tela logo acima ou abaixo da linha de visão do motorista.
A proporção é idêntica à imagem vista através do pára-brisa, muito exata e muito clara, em preto-e-branco, onde os objetos mais quentes, como pessoas ou animais, aparecem em tons de branco, enquanto objetos mais frios, como laterais de pontes, defensas e árvores aparecem em tons mais escuros de cinza ou em preto.
O XVision detecta diferenças de temperatura de até 0,2 graus Celsius, possibilitando diferenciar uma barreira de concreto e faixas pintadas sobre ela – a razão sendo que durante o dia essas faixas pintadas absorvem mais calor do que o concreto sob elas.
A câmera é feita de tal maneira que suporta lava-rápidos, sujidades rodoviárias e urbanas, e condições climáticos que vão de árticas a desérticas.
No entanto, condições como chuva forte, neblina ou neve podem reduzir ou mesmo equalizar diferenças de temperatura ambientes.
Com o XVision, o tempo de reação passa de 5,6 segundos a 16 segundos
Não apenas por isso, mas também como proteção contra problemas judiciais, a Bendix deixa muito claro que é importante que o motorista de um veículo equipado com o XVision deve dirigir dentro das distâncias de segurança de seus próprios olhos, independentemente da visão gerada pelo produto, e que este é apenas um auxílio suplementar de direção, não um substituto para práticas seguras ao dirigir.
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