Os veículos com defeitos originados pela gasolina “batizada” já representam 15% do movimento nas reparadoras independentes
A CINAU (Central de Inteligência Automotiva), instituto de pesquisa especializado no setor de reparação automotiva e ligado ao jornal Oficina Brasil, acaba de realizar um levantamento inédito sobre a gasolina que é vendida no mercado brasileiro e os reflexos que ela produz nos consumidores e no mercado de reparação automotiva.
O principal e mais preocupante índice revelado na pesquisa é que 94,69% das oficinas mecânicas consultadas afirmam que recebem veículos com problemas causados por gasolina adulterada.
E os veículos com defeitos deste tipo já representam 15% do movimento total de uma oficina, um número bastante expressivo e que já se tornou um dos principais itens atendidos pelas reparadoras.
As conseqüências desse problema para o bolso do consumidor não são pequenas. De acordo ainda com a pesquisa, a gasolina adulterada pode provocar desde uma simples limpeza no tanque de combustível até fundir o motor do veículo.
O levantamento feito pela CINAU detectou que, na maioria dos casos, os gastos com os reparos desse problema ficam entre R$ 110,00 e R$ 310,00.
Essa pesquisa foi realizada, em janeiro deste ano, a partir de questionários, por meio de perguntas abertas, sem estímulo, entre reparadores independentes de todo o território nacional.
Exatos 1.201 profissionais responderam as perguntas sobre o assunto. A margem de erro máxima calculada pelo estatístico Alexandre Carneiro, responsável técnico pela pesquisa, foi de 3%.
Reparadores: conselheiros do consumidor – O mecânico independente transformou-se em um verdadeiro conselheiro nessa questão da gasolina adulterada, como revela a pesquisa.
As dicas oferecidas pelos profissionais do setor são tidas como valiosas pelos proprietários dos carros que querem evitar novos transtornos.
A pesquisa comprova isso quando revela que 91,45% dos consumidores perguntam aos mecânicos qual é a marca da melhor gasolina e 83% dos reparadores indicam um posto ou marca de gasolina aos seus clientes. Outro dado importante é que 88,75% dos mecânicos aconselham fidelidade a um posto.
“Geralmente sou questionado pelo cliente que quer saber como pode adquirir uma gasolina boa para não comprometer o veículo”, conta Claudinê Aparecido Saldanha, mecânico e proprietário da Auto Modelo Bosch Car Service, localizada na cidade de São Carlos (SP).
Além de indicar o posto ou a marca da gasolina, o mecânico dá outras dicas a sua clientela.
“Para evitar a compra de combustível de má qualidade, oriento para que descartem os preços muito abaixo do normalmente praticado no mercado; os postos localizados em lugares muito baixos porque podem sofrer infiltrações de chuvas; e o abastecimento em diferentes postos de gasolina”, explica Saldanha.
Para Cássio Hervé, diretor da CINAU, esse estudo comprova mais uma vez a grande influência do mecânico independente sobre o consumidor.
“O mecânico de confiança é um importante formador de opinião junto ao consumidor, que geralmente recorre a este profissional para obter todo tipo de conselho quando o assunto é automóvel: desde que carro comprar até qual o melhor posto de gasolina para abastecer”, ressalta Hervé.
Vale destacar que os reparadores autônomos são responsáveis pelo atendimento de aproximadamente 75% da frota circulante do País, o que representa cerca de 15 milhões de veículos.
Mais informações:
Onde denunciar – a Agência Nacional de Petróleo (ANP) mantém o telefone 0800-900267 para receber denúncias de adulteração do combustível.
O comunicado também pode ser feito para o Centro de Relações com Consumidor da ANP (www.anp.gov.br)