Se fabricado em larga escala, no carro deverá ser utilizado material leve; o que falta agora é o patrocíniode empresas que acreditem no projeto.
XOF1 se tornou o primeio carro solar do mundo a dirigir em uma estrada de gêlo e a operar em temperaturas abaixo de zero (-12C)
Ecologicamente correto, um brasileiro vem desenvolvendo um carro solar. O trabalho começou em 1999 e hoje se tornou multinacional, com a participação de pesquisadores de diversas nacionalidades.
O projeto do XOF1 é fruto do desejo do técnico em publicidade Marcelo da Luz de promover o uso de energia limpa e sustentável.
Ele, que morou em São Paulo, hoje desenvolve o projeto em Vitória, província da Columbia Britânica no Canadá. O primeiro carro movido a energia solar data de 1983.
O pesquisador conta que a idéia de desenvolver o modelo surgiu em 1987, mas ficou parada por 12 anos.
“Em 1999 tomei a decisão de dar início ao projeto, então comecei a me educar sobre carros solares e a fazer contatos”, conta. Após completar o desenho da carcaça do carro, em 2002, foram iniciados os testes para a análise da aerodinâmica.
“As primeiras partes foram construídas em maio de 2003”, lembra. Só há dois anos é que a montagem e a usinagem das partes de metal se iniciaram.
“O carro foi dirigido completo [chassis e painel solar], pela primeira vez, em março de 2005. E de uma maneira muito especial. O carro solar foi dirigido em uma estrada de gelo. Foi a primeira vez no mundo que um carro solar foi dirigido numa estrada de gelo e em temperatura abaixo de zero (-12ºC)”, contou Marcelo, destacando que o carro está completo, faltando apenas algumas modificações para atualizar componentes e colocar acessórios.
O pesquisador explica que muita tecnologia desenvolvida para o carro solar pode ser e já está sendo empregada não só na indústria automobilística.
Ele cita como exemplo os carros “Hybridos”, que têm motor elétrico e a combustão que utilizaram é da tecnologia do motor de carro solar.
“Novos pneus usam tecnologia desenvolvida para pneus de carro solar com baixa resistência de rolamento”, completa.
No caso específico do carro que Marcelo da Luz vem desenvolvendo — o XOF1 —, o objetivo é percorrer a maior distância possível, para ser uma máquina de eficiência máxima e não para ser usada no dia-a-dia.
“Pode ser comparado a um carro da Fórmula 1. É um laboratório sobre rodas, uma oportunidade para desenvolver e testar novas tecnologias”, diz.
Ele também diz que é possível hoje em dia ter um carro elétrico coberto por células solares para auxiliar no carregamento da bateria, inclusive já existem pequenos veículos solares no mercado com baixa autonomia.
O XOF1 é um protótipo, e como tal tem um custo muito elevado, conforme explica o pesquisador.
Ele esclarece que, uma vez iniciada fabricação em massa, seu custo seria comparável ao de um veículo convencional. Marcelo esclarece que, caso o carro solar seja fabricado em larga escala, será feito com materiais leves, como o alumínio.
Segundo ele, a maior dificuldade até hoje foi convencer a si mesmo que poderia fazê-lo, há 12 anos.
“A segunda maior dificuldade foi de conseguir apoio para seu desenvolvimento [voluntários e patrocinadores]. O projeto ainda busca patrocínio para tentar quebrar o recorde mundial de distância”, salienta.
Ao contrário de outros projetos universitários, Marcelo da Luz informa que o XOF1 não recebe auxílio ou patrocínio do governo, portanto, é um projeto privado.
Autonomia do modelo – O carro tem um autonomia de 300 km só com as baterias, e, com o painel solar ligado, 500 km a 700 km, dependendo da quantidade de sol. Para carregar as baterias completamente vazias são aproximadamente 5 horas.
“O XOF1 usa células solares com uma eficiência de 15% — produz 900 watts. A a bateria armazena 3,700 watts”, informou o pesquisador.
Fazendo uma comparação, Marcelo explica que a eficiência do carro solar está relacionada à capacidade de armazenamento das baterias (tamanho da bateria), eficiência de conversão das células solares de luz em eletricidade, eficiência do motor e também o consumo de energia de acessórios: quanto mais luxo/acessórios maior o consumo de energia. “Por exemplo, o carro solar não tem ar-condicionado.”
A eficiência de um carro de combustão, segundo o pesquisador, está relacionada ao consumo do seu motor e luxo/acessórios.
“O motor do carro a combustão tem uma eficiência de 40%, ao passo que o motor do carro solar tem uma eficiência de 95%. Porém, a comparação é um pouco mais complexa”, finaliza.
Diário de Rio Doce