Apesar dos percalços, o mercado argentino se integra cada vez mais ao brasileiro e vice-versa. Bom exemplo é o Salão do Automóvel de Buenos Aires.
Teve início modesto em 1998 e apenas cinco edições entremeadas pelas crises econômicas no país vizinho que atingiram sua indústria automobilística.
Desde 2005 passou a ser organizado nos anos ímpares e assim se intercalar com o Salão de São Paulo, nos anos pares.
A exposição bienal em 2011, de 17 a 26 deste mês, tem público previsto em torno de 500.000 pessoas, segundo os organizadores.
Proporcionalmente ao tamanho dos mercados surpreende, pois com toda a tradição é difícil São Paulo atrair mais de 600.000 a 700.000 visitantes.
Essa edição do salão portenho apresenta grandes novidades para os dois mercados. Os fabricantes aproveitaram o bom momento para antecipar o que chega nos próximos meses.
Entre as surpresas o Chevrolet Cobalt, novo sedã compacto desenvolvido na Coreia do Sul com participação brasileira.
Embora apresentado como carro-conceito e superequipado, está pronto para o lançamento nesse segundo semestre, sucedendo o Corsa sedã.
A nova picape S10 surgiu disfarçada como Colorado (nome nos EUA) na versão Rally. Retirados os pesados adereços, é o mesmo produto que será lançado aqui logo no início de 2012.
A Ford também antecipou como será a nova Ranger, mostrada antes no Salão da Austrália, em outubro do ano passado.
Fabricada na Argentina e prevista para meados de 2012, pôde ser apreciada por inteiro em versão definitiva, inclusive o interior evoluído da cabine dupla.
A Renault exibiu o utilitário esporte compacto paranaense Duster que chegará em quatro meses. A Sport Cross, versão aventureira da station argentina SpaceFox, está pronta e prevista para agosto.
O Fiat 500 mexicano estreou para o mercado argentino com o motor 1.4 Multiair, de 102 cv, fabricado nos EUA.
E a Nissan surpreendeu ao exibir o Sunny, sucessor do Tiida sedã, que também virá do México, em 2012.
Otimismo quanto ao crescimento dos dois mercados ninguém tem dúvidas e marcou o Salão de Buenos Aires.
No entanto, a capacidade da indústria instalada competir com veículos importados já não parece tão clara.
Um executivo brasileiro, que pediu anonimato à coluna, fez as contas: em 2013, se nada for mudado para aumentar a competitividade, sairá mais barato importar um modelo compacto da China, pagando imposto de 35% e o frete, do que produzir aqui.
Há outros sinais claros sobre essas dificuldades, como a escalada dos custos de mão de obra evidenciados na longa greve de 37 dias enfrentada na fábrica paranaense da Volkswagen.
A vizinha Renault pagou o que o sindicato pediu para evitar uma parada às vésperas de um lançamento.
A japonesa Mazda volta ao mercado brasileiro no próximo ano, mas preferiu abrir uma fábrica no México.
A BMW anunciou que planeja produzir na América Latina. O Brasil, ainda candidato, enfrenta a forte concorrência mexicana pelo investimento da marca alemã.
De oportunidade em oportunidade perdida, o país precisa decidir o que quer da vida em termos industriais.
Consolidar-se como polo produtivo e exportador ou simplesmente passar a importar carros completos ou desmontados com baixo conteúdo local.
RODA VIVA – AUMENTA aos poucos a oferta de câmbio automático em modelos mais acessíveis. Renault terá essa opção no Sandero e também no Logan até agosto.
É unidade convencional, com conversor de torque, fabricada na França pela STA, subsidiária da marca. Câmbio robotizado, mesmo de produção nacional, foi desconsiderado.
ÚLTIMA forma: Fiat 500 terá motor flex (1,4 Fire Evo) e também câmbio de cinco marchas produzidos no Brasil e exportados para o México, de onde virá sem imposto.
Para compensar os 12 cv a menos em relação ao motor atual, utilizará marchas mais curtas que as da atual caixa de seis velocidades. Futuro Multiair flex virá dos EUA, mas com desenvolvimento brasileiro.
FREELANDER 2 agora dispõe de motor diesel com turbocompressor de geometria variável de 2,2 l/190 cv/43 kgf·m e autonomia de até 972 km, segundo a Land Rover.
O preço, como todo diesel, é um pouco puxado: de R$ 130.000 a R$ 173.000. Motor de seis cilindros em linha a gasolina, 3,2 l e mais 43 cv custa R$ 7.000 a menos: ideal para quem roda menos.
INVESTIMENTO na nova fábrica da BorgWarner, em Itatiba (SP), totaliza R$ 70 milhões. Capacidade de produção de turbocompressores subirá de 300.000 para 500.000 unidades/ano.
Para alcançar esse volume a empresa conta que motores turboflex, na faixa de 1 a 1,4 litro de cilindrada, serão ofertados no Brasil visando a menor consumo de combustível.
SEGUNDA animação da Disney.Pixar sobre automóveis, Carros 2 estreia dia 24 deste mês. Filme em 3D vale ainda mais a pena de ser assistido por quem tem conhecimentos automobilísticos para perceber sutilezas e bom humor dos diálogos.
Prende a atenção dos menos iniciados pelo ritmo acelerado e enredo mais apurado do que no primeiro filme.