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Como as novas gerações se relacionam com o trânsito?

Eles têm em média 26 anos e compreendem quase 38% do total da população brasileira, conforme censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Denominada de geração Y ou millennials, os nascidos entre os anos de 1980 e 2000 transitam por extremos, que vão da relutância em adquirir a casa própria ao engajamento veemente em causas sociais e ambientais.

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Além de demandar um remodelamento econômico que atenda às novas expectativas, esta tendência global deixa marcas singulares e irreversíveis em cada país.

Em qualquer um deles, porém, uma das esferas mais estremecida é o trânsito, responsável por levar 1,25 milhão de pessoas a óbito anualmente ao redor do mundo.

Diante disso, compreender os anseios das novas gerações pode ser um caminho para preservar a segurança no trânsito.

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Também com o intuito de sensibilizar a sociedade para a importância do trânsito e, por consequência, amenizar os índices de acidentes, a Semana Nacional de Trânsito é comemorada entre 18 e 25 de setembro e, este ano, tem como tema “Década Mundial de Ações para a Segurança no trânsito – 2011/2020: Eu sou + 1 por um trânsito + seguro”.

Para a especialista em trânsito da Perkons, Idaura Lobo Dias, a data é uma oportunidade para despertar e reforçar uma postura mais consciente dos usuários.

“As reflexões propostas neste período devem ser retomadas sempre e em cada relação estabelecida no trânsito. Somente ao ter consciência da magnitude destas relações, o cidadão firma um compromisso efetivo com a sua segurança e dos demais, favorecendo a construção de um ambiente mais humano, seguro e democrático. Estimular esta mentalidade entre os jovens é uma ferramenta poderosa para levar à mudança”, defende.

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Apesar do debate urgente que levantam, iniciativas como essa parecem ter pouca adesão da geração Y brasileira. Este é o ponto de vista do mestre em sociologia e consultor em educação para segurança no trânsito, Eduardo Biavati.

Para ele, a realidade do Brasil está distante do retrato desenhado por pesquisas que revelam a inclinação dos millennials em, por exemplo, se desvencilhar dos automóveis e apostar no compartilhamento de veículos.

“Este movimento global ainda é restrito à classe média-alta, com amplo acesso à cultura e à informação. Para a maioria dos jovens brasileiros, o sonho do carro ainda permanece vivo, já que o acesso a um veículo e outros bens nunca foi fácil”, contrapõe.

Para o especialista em trânsito e coordenador da comissão consultiva em avaliação psicológica do Conselho Federal de Psicologia, João Alchieri, as raízes socioeconômicas deste fenômeno encontram amparo no imaginário do jovem.

“Este apelo consumista dos millennials brasileiros também reflete a retração econômica vivida pela geração anterior à deles. Assim, o veículo é entendido como um bem potencial que agrega valor à imagem do jovem, que tem uma necessidade constante de construir sua identidade”, esclarece.

Para Alchieri, os resultados desta ânsia pela motorização devem ainda auxiliar a construção de indicadores mais precisos e atualizados, que mobilizem a sociedade para a importância deste cenário que está em construção.

Ele lembra ainda que, por estar mais propenso a aceitar provocações no trânsito, brecar e acelerar com mais vigor, o jovem se enquadra como uma presa fácil do trânsito.

“A tipologia de acidente varia conforme a idade. É mais comum, por exemplo, que jovens se envolvam em colisões frontais e capotamentos”, avalia.

Por conta desse comportamento, o Mapa da Violência: Os Jovens do Brasil aponta um aumento de 38,3% no número de mortes por acidentes de trânsito entre jovens (considerados pela pesquisa como aqueles na faixa dos 15 aos 29 anos), entre 2002 e 2012.

Acidentes não são “obra do outro” e podem ser evitados com educação – Biavati também vê com cautela a motorização do país.

“Esses altos índices de acidentes nos fazem refletir até que ponto temos acionado ferramentas para preveni-los. O potencial da educação não está sendo usado em sua totalidade e apropriadamente, mas terá que ser, pois não há meios que possam compensar a sua falta. Só assim é possível engajar o jovem”, avalia.

Para ilustrar a influência da educação neste processo, ele cita o projeto Michelin Best Drive, desenvolvido em 2014 com foco no público universitário.

“Colocamos um aparelho de rastreamento nos veículos conduzidos pelos participantes para registrar o desempenho que tiveram durante trajetos diários. Por meio de uma experiência prática, eles puderam reconhecer os próprios erros ao dirigir”, sintetiza.

Para ele, lançar mão de estratégias envolventes também é uma alternativa para modificar alguns conceitos equivocados relacionados ao trânsito.

“O trânsito é um assunto muito presente no cotidiano, mas distante da sala de aula. É comum, por exemplo, que se associe o acidente a algo inesperado, imprevisível e que foi obra do acaso. Trazer estas questões para o debate depende do sistema educacional como um todo”, argumenta.

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