A indústria do aço da América Latina, reunida no Congresso Alacero 57, na cidade do Rio de Janeiro, nos dias 25 e 26 de outubro, dirige-se aos governos, às vésperas da XXV Cupula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo, a realizar-se nos próximos dias 28 e 29 de outubro, na cidade de Cartagena, Colombia, para transmitir-lhes com sentido de urgência a difícil situação por que atravessa nossa indústria e sua cadeia de valor metal-mecânica.
Nos une uma preocupação central que é a perda de empregos, o seu impacto nas nossas comunidades, fechamento de empresas, desestímulo aos investimentos, perdas financeiras e destruição da nossa cadeia de valor metal-mecânica.
Esta problemática se origina na indústria siderúrgica da China (50% da produção mundial), suas empresas de propriedade do Estado, sua estrutura de subsídios, sua capacidade produtiva que supera muito sua demanda interna, suas perdas financeiras crescentes e sua conduta comercial desleal, que não se ajusta às regras internacionais de comércio. Em síntese, a China exporta desemprego.
Esta é uma realidade reconhecida a nível mundial, como reforça a Declaração de Líderes do G-20, que no início de setembro manifestou que os subsídios e a intervenção direta dos governos causam distorções no mercado, contribuindo a uma sobrecapacidade que causa efeitos negativos no comércio e no que é mais grave: nos trabalhadores.
Essa Declaração propõe o estabelecimento de um Fórum Global para enfrentar essa problemática.
A declaração dos Líderes do G-20 foi subscrita por vários países da região, igualmente pela Espanha e Portugal.
Frente a essa situação, a indústria siderúrgica latinoamericana declara:
▪ A China não respeita as regras internacionais de comércio no setor do aço.
▪ Suas práticas de comércio desleal foram penalisadas por mais de 280 medidas antidumping aplicadas por países membros da OMC.
▪ As empresas propriedade do estado chinês devem atuar sob critérios comerciais e de mercado equivalentes às empresas latinoamericanas.
▪ As empresas siderúrgicas chinesas recebem múltiplos subsídios e apoios financeiros ilimitados.
▪ As exportações de produtos chineses com alto conteudo de aço estão afetando a indústria metalmecânica da região.
▪ As empresas privadas siderúrgicas e metal-mecânicas não podem competir contra o governo chinês porque a china não é uma economia de mercado.
Também fazemos um chamado aos nossos governos para defender nossas indústrias das práticas de comércio desleais:
▪ Garantir isonomia competitiva frente à China.
▪ Reforçar os instrumentos de defesa comercial para adequá-los às novas realidades comerciais.
▪ Ter uma estratégia comum e integral frente ao desafio da China.
▪ Garantir uma operação aduaneira eficiente e efetiva.
▪ Aplicar a diplomacia comercial para conseguir que a China, de forma transparente, mostre seus custos reais de produção e reduza sua capacidade de forma significativa e real.
▪ Defender a cadeia de valor metal-mecânica, particularmente as pequenas e médias empresas geradoras de emprego intensivo.
▪ Deter o crescente déficit da indústria metal-mecánica que afeta a cerca de 4 milhões de trabalhadores e suas famílias.
Na defesa do emprego latino-americano solicitamos aos nossos governos não conceder à China o reconhecimento de economia de mercado.
Nossa indústria de aço e nossa cadeia de valor metal-mecânica podem crescer, competir, ser sustentáveis e continuar sendo fonte de trabalho para nossos jovens e de bem estar para as nossas comunidades se contarmos com regras justas, claras e de aplicação a todas as empresas siderúrgicas no mundo.