Cada lançamento mostra que a engenharia automotiva procura elevar a potência dos carros, sem aumentar, no entanto, o tamanho dos motores ou alterar o nível de consumo. Muitas vezes, o consumo e a emissão de poluentes são até reduzidos. Foi o que ocorreu com o Gol Turbo, cujo motor 1.0 ultrapassa os 100 cv de potência. Outros exemplos são da Audi e Subaru, que possuem motores que beiram os 300 cv com apenas quatro cilindros e menos que dois litros de cilindrada.
Segundo Júlio César Câmara, professor da Área Tecnológica Automotiva do Senai, produzir motores mais potentes não é a tarefa mais difícil. “O que torna o processo extremamente complexo é elevar a potência sem prejudicar o consumo, mantendo uma boa dirigibilidade e respeitando as severas restrições com relação às emissões de poluentes. Essa última talvez seja a mais difícil”.
Fórmula Um – Diante de uma pergunta se seria possível equipar um carro normal com um motor de Fórmula 1, Júlio afirma que sim, quando respeitadas as dificuldades de espaço, que podem ser superadas. “Não há nada que impeça uma adaptação desse tipo”.
Mas lembra que esse carro teria uma condução extremamente difícil e perderia em aceleração para muitos populares. “Motores de competição possuem elevadíssima potência, mas só disponível em elevadíssimas rotações. Para dirigir um carro desse tipo é imperativo manter o motor sempre em elevada rotação, situação impossível nas cidades”.
Júlio explica que em um projeto de motor que privilegia a potência, tem-se perda da resposta em baixa rotações. Quando se privilegia um motor com bom torque em baixas rotações (boa retomada de velocidade), tem-se uma perda na potência máxima. “Potência elevada e boa resposta em todas as faixas de rotações é um projeto ideal, mas longe de ser alcançado com perfeição. Restrições de consumo e emissão de poluentes restringem principalmente o torque em baixas rotações”.
Desafios – O consumo e o cumprimento das leis de emissão de poluentes são outros desafios. Júlio explica que um motor costuma apresentar baixa potência quando está em baixa rotação e, devido ao baixo rendimento do motor, as emissões são mais severas. “Praticamente todos os dispositivos utilizados no controle de emissões representam alguma perda de rendimento. Mas esse é um preço baixo na luta pela preservação do meio ambiente”.
Um outro desafio é a produção de um motor durável e que custe pouco, características que, segundo Júlio, vão de encontro à tentativa de elevar a potência. “O preço não está entre as preocupações de um equipe de Fórmula 1. Já um consumidor comum se interessa bastante por esse item, pois ele quer um carro barato, de pouca e também barata manutenção, e resistente”.