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Futuro sem violência

Sergio Amoroso*

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É com tristeza que os brasileiros assistem à transformação da mídia jornalística em imensa editoria de polícia.

A imprensa nacional vai cumprindo com dignidade, estoicismo e coragem o seu dever de mostrar à sociedade a conseqüência mais danosa da exclusão social e os equívocos no combate imediato ao crime e à violência, que já interferem no sagrado direito de ir e vir dos cidadãos.

A inevitável exposição do tema nos jornais, revistas, rádios e televisões têm sido fator decisivo para mobilizar a sociedade e sensibilizar as autoridades para um problema grave, cujos limites do tolerável já foram há muito superados.

Ações amplas e multidisciplinares devem ser desenvolvidas. De imediato, a sociedade espera medidas policiais, de logística de segurança e de âmbito judiciário capazes de atenuar a onda de criminalidade, reverter a sensação de impunidade existente no País e resgatar a tranqüilidade das pessoas.

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Isto, contudo, é insuficiente, pois não se pode aceitar como pressuposto filosófico a paz social como fator resultante exclusivamente da repressão física ou da existência de uma estrutura eficiente de segurança pública.

É necessário construir uma Nação em que a paz reflita uma realidade concreta de equilíbrio e harmonia da sociedade.

Defender essa situação ideal está longe de ignorar que as causas do crime não são exclusivamente a injustiça e a exclusão sociais.

O crime organizado estrutura-se de forma independente da miséria, mas também a utiliza para se manter, se ramificar e se fortalecer cada vez mais nas comunidades em que a presença do Estado ou da sociedade organizada ainda não se consolidou.

Porém, é preciso reconhecer, sem preconceito e acima de questões ideológicas, que a mais significativa causa da criminalidade é a dívida social brasileira.

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Assim, é necessário que o Estado possa investir mais em saúde, educação, habitação popular, abertura de frentes de trabalho, requalificação de trabalhadores e assentamentos agrários. Ainda nessa direção, é gratificante observar o aumento dos investimentos privados no social.

Ou seja, a sociedade, por meio de empresas, fundações, institutos e organizações não-governamentais, está realizando cada vez mais programas naqueles campos, contribuindo para atenuar a exclusão.

É o avanço do Terceiro Setor, indicando novos caminhos e possibilidades para que a sociedade seja mais pró-ativa e responsável na solução de seus próprios problemas.

Quanto ao crime organizado, trata-se de um caso para ação policial, incluindo os serviços de inteligência, efetivo, eficiente e urgente.

Essa vertente da criminalidade articula-se nacional e internacionalmente, recruta militantes refugiados da miséria, tem logística empresarial e procura infiltrar-se em todos os espaços da sociedade, pressionando até mesmo o poder público.

O crime como business não está ligado, em sua origem, aos problemas sociais, embora se utilize deles, mas aos negócios bilionários do tráfico de drogas, do roubo de cargas, da exploração ilegal do jogo, da prostituição e do contrabando de armas.

Graças à exposição de todos esses problemas na mídia, parece que, finalmente, vai-se edificando um consenso nacional sobre a criminalidade.

Em síntese, todos parecem concordar com a necessidade de se empreenderem já três vertentes de medidas: mobilização imediata, na esfera policial e repressiva, para se conter a criminalidade e a violência; ações de inteligência mais amplas e abrangentes contra o crime organizado; e resgate da dívida social.

Neste último item, o desafio certamente é ainda mais árduo, pois o Brasil tem imenso caminho pela frente para conquistar situação econômica melhor e se transformar em País desenvolvido.

A dívida social é o mais perverso e desafiador item na pauta de prioridades nacionais. Caso não seja solucionada, será impossível vislumbrar uma sociedade menos estigmatizada pelo medo e a criminalidade.

Nesse sentido, é preciso cuidado muito especial com a infância, possibilitando que toda uma geração de brasileiros cresça com a devida assistência e com a atenção mínima necessária, nos campos da saúde, alimentação, educação, formação e cidadania.

Resgatar as crianças brasileiras das ruas, das favelas, da cooptação do crime organizado e da desventura da miséria é fator condicionante para o alvorecer de um futuro sem violência.

*Sergio Amoroso, presidente do Grupo Orsa e instituidor da Fundação Orsa, ganhou o Prêmio Empreendedor do Ano (2001) da Ernest Young – Categoria Responsabilidade Social

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