O vendedor de automóveis José Andrade, 38 anos, que mora em Salvador, dificilmente esquecerá o que aconteceu no mês de fevereiro do ano passado.
Ele viajava sozinho para Ilhéus quando, subitamente, um animal surgiu na frente do seu Honda Civic LX modelo 1999/2000.
Obrigado a desviar, chocou-se a uma velocidade de, aproximadamente, 60km/h com um outro carro que vinha em direção contrária.
Andrade sobreviveu ao susto, mas hoje não esconde que deve sua vida a uma bolsa inflável revestida por um tecido áspero chamada air bag.
No dia 30 de março de 2001, a dentista Marta Maria Bezerra, 39 anos, que mora em Itabuna, guardou as compras do supermercado no porta-malas do Fiat Palio Stile do seu marido. Entrou no carro e colocou a chave na ignição.
Foi o suficiente para que, milésimos de segundos depois, estivesse com o rosto queimado e cheio de ferimentos. O air bag simplesmente explodiu e, por não ter funcionado corretamente, espalhou nitrogênio e pó para todo lado.
São duas histórias bem diferentes, mas que têm como herói e vilão um item de segurança cada vez mais presente nos zero-quilômetros importados e nacionais.
O Sistema Retardador Suplementar (SRS), ou simplesmente air bag, deixou de ser mero acessório opcional e já é produzido em série para a gama de carros de passeio de marcas como Honda, Toyota e Renault, mas sua eficácia ainda é posta em cheque, principalmente quando acidentes como o ocorrido em Itabuna aparecem na mídia.
Estatísticas – Entretanto, as estatísticas não deixam dúvidas quanto à importância das bolsas infláveis para a segurança do motorista e do passageiro dentro do habitáculo.
Segundo pesquisas realizadas pela National Highway Traffic Safety Administration (Nhtsa), órgão que fiscaliza a segurança dos veículos comercializados nos EUA, o uso do air bag em conjunto com o cinto de segurança evitam danos mais graves à cabeça do condutor em 75% dos acidentes automotivos.
Isso significa que, a cada cem norte-americanos que sofreram acidentes com lesões na cabeça, 75 foram salvos por estarem efetivamente protegidos dentro do veículo.
Outro dado relevante é que, numa pesquisa realizada pela Nhtsa entre 1980 e 1997, enquanto os air bags foram diretamente responsáveis pela morte de 87 pessoas (entre elas 49 crianças, a maioria delas sentadas ou presas em cadeiras infantis nos bancos dianteiros), no mesmo período 1.800 foram salvas graças às bolsas infláveis.
Entre as causas mais freqüentes de mortes provocadas por air bags, a mais comum é a posição irregular do motorista, sentado muito próximo ao volante.
Para evitar acidentes
* Para reduzir a possibilidade de ferimentos quando o air bag for ativado, posicione o banco o mais afastado possível do volante, porém de forma que não comprometa o conforto e o acesso aos controles do veículo. O mesmo vale para o passageiro dianteiro, que não deve sentar-se muito próximo ao painel
* Não fixe qualquer objeto no volante de direção, onde o air bag está localizado. Isso pode interferir no funcionamento do SRS ou, em caso de atuação do sistema, os objetos podem ser lançados no interior do veículo e causar ferimentos pessoais. A recomendação também vale para a bolsa inflável do passageiro
* Não instale o sistema de proteção infantil no banco do passageiro dianteiro. Se o air bag for acionado, poderá causar sérios ferimentos à criança. Caso for preciso manter crianças de até 12 anos no assento dianteiro, a bolsa inflável do passageiro deve ser desligada
* Se o encosto do banco estiver excessivamente reclinado, a capacidade de proteção do cinto de segurança será reduzida devido à possibilidade de deslizamento sob o cinto. A distância ideal que o motorista deve manter do SRS é de, pelo menos, dez polegadas
* Não modifique o volante de direção ou qualquer outro componente do air bag (isso pode tornar o sistema ineficiente) e não adultere os componentes ou fiação do sistema nem passe condutores elétricos próximos aos condutores do air bag (caso contrário o SRS pode ser ativado e causar sérios ferimentos aos ocupantes)
* A função da luz de advertência SRS no painel de instrumentos é alertá-lo quanto a um possível problema no sistema do air bag. Se a luz não acender quando o interruptor de ignição for ligado, se ela piscar com o veículo em movimento ou permanecer acesa após a partida do motor, o automóvel deve ser levado rapidamente a uma autorizada.
* Nunca tente remover o air bag. Caso precise fazer isso, leve o veículo a uma concessionária autorizada.