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Aço ficará 15% mais caro e alta será repassada ao consumidor

O bom resultado para os acionistas da Vale do Rio Doce deverá custar caro para o consumidor brasileiro.

O aumento de 71,5% no minério de ferro poderá resultar em aumentos de até 15% no aço, desencadeando uma nova onda de reajustes no mercado, que afetará os preços finais de produtos como carros e eletroeletrônicos.

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“O impacto esperado é um aumento de 10% a 15% nos preços do aço”, diz o presidente da Associação Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), André Zinn.

Para ele, o acordo entre a maior mineradora do mundo e as siderúrgicas japonesas servirá para balizar todo o mercado mundial.

“Nessas circunstâncias, não há como absorver aumentos de custo sem repassá-los para os preços.”

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A indústria automobilística teme por um efeito dominó que vai refletir em novos aumentos do preço do aço, principal matéria-prima na produção de automóveis.

Segundo as montadoras, se isso se confirmar, o aumento será repassado para o consumidor, que já teve seu poder de compra reduzido nos últimos anos.

Os fabricantes também alertam que, novos aumentos do aço terão reflexos na inflação e na política de juros, o que retardará ainda mais a efetiva retomada do crescimento econômico sustentável. Nos últimos dois anos, o preço do aço para a indústria automobilística subiu 160%.

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Para o setor de autopeças, a elevação de custos poderá ser de 7,1%, segundo o presidente da Cummins, Ricardo Chuahy.

Para o presidente da Eletros, entidade que representa os fabricantes de produtos eletroeletrônicos, Paulo Saab, o impacto poderá ser ainda maior. Ele estima que o preço do aço poderá subir entre 20% e 25%.

“Qualquer pressão de custo mais forte nos obrigará a reajustar os preços podendo ter conseqüências sobre as vendas”.

Ele lembra que as margens do setor estão apertadas, já que as empresas não têm conseguido repassar os aumentos recentes de custos para os preços finais.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Newton de Mello, manifesta a preocupação do setor com o impacto do aumento do minério de ferro.

“O aço representa 17% do custo médio de fabricação de uma máquina. Qualquer nova mexida no preço do insumo, que subiu 100% no ano passado, afeta os nossos custos e nossa competitividade”, argumenta.

De acordo com um executivo de uma empresa de máquinas e equipamentos, que pediu anonimato, o mercado estimava um aumento de 15% no preço do aço em março, calcado num aumento de 90% do minério de ferro que a Vale estava negociando com seus clientes.

Como o índice foi reduzido para 71,5%, essa fonte acredita que, agora, a inflação do insumo ficará na casa dos 12%.

Para máquinas e equipamentos, a alta de custos deve ficar entre 5% e 6%. Chuahy, da Cummins, acha que a Vale está compensando o aumento abaixo do aço registrado no ano passado – o minério foi reajustado em 19% e o aço em 60%, segundo o executivo.

“O aço aumenta quase que imediatamente (após o minério de ferro). E o repasse é automático para as fabricantes de autopeças. Ou você paga ou não leva”, afirma.

Anfavea aguardará impacto do reajuste para se pronunciar – A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) não se pronunciou sobre as conseqüências do aumento de 71% no preço do minério de ferro anunciado pela Companhia Vale do Rio Doce. O minério é o principal insumo do aço, uma das matérias-primas dos automóveis.

A entidade que reúne as montadoras informou que vai aguardar os resultados do reajuste na cadeia. Em recente relatório, a Anfavea informou que os preços do aço para o setor automotivo aumentaram 160% entre 2002 e 2004.

Em 2002, o aço respondia por 15% do custo industrial médio de um veículo. Atualmente, responde por 33% do custo, de acordo com a Anfavea.

Em fevereiro, a entidade enviou, junto com outras nove associações representantes de setores usuários do aço, um documento ao governo federal reclamando dos sucessivos aumentos do insumo.

O documento foi enviado aos ministros da Fazenda, Antonio Palocci, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan.

Além disso, o MDIC encomendou um amplo estudo para levantar quais os índices reais de preços aplicados pelas siderúrgicas e os que foram efetivamente pagos pelas montadoras. O estudo deve ser divulgado em março.

As montadoras têm repassado, desde o ano passado, uma parte do aumento de custos para o preço dos veículos, com reajustes médios de 2% a cada dois ou três meses.

O carro zero quilômetro ficou em média 14,6% mais caro em 2004, conforme estudo feito pela Agência AutoInforme.

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