O transporte de cargas no Brasil atualmente é feito em grande parte pelas rodovias. Entretanto, a má conservação das estradas tem causado inúmeros prejuízos neste setor.
Além de investimentos nesta área, outra solução para este problema é a recuperação das linhas ferroviárias, com a modernização e construção de novos trechos.
A AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva acredita que o País tem condições para resolver esta questão, com materiais e mão-de-obra nacionais, e beneficiar todos os setores envolvidos.
A primeira medida a ser adotada pelos órgãos competentes é o estabelecimento de prioridades.
“A ampliação da cobertura da malha ferroviária nas zonas de expansão da fronteira agrícola, no caso as regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, bem como o desenvolvimento de corredores de acesso aos portos brasileiros são primordiais para desafogar o transporte rodoviário e minimizar as perdas”, explica Geraldo Rangel, diretor da AEA.
Para isso, é preciso implantar algumas ações, como o aumento da participação ferroviária no mercado de transportes, especialmente nos fluxos de exportação.
Para que isto ocorra, são necessários investimentos públicos e privados na recuperação da infra-estrutura viária, na modernização e ampliação da frota de vagões e locomotivas.
Além de aumentar a segurança do transporte nos centros urbanos e no contorno de pontos críticos dos corredores estratégicos.
Outra necessidade é a integração e adequação operacional das ferrovias, com a reorganização das concessões ferroviárias, implantando medidas que possibilitem a reestruturação das malhas, o fortalecimento empresarial das concessionárias e a criação de mecanismos de fiscalização e controle do desempenho destas empresas.
“A recuperação das ferrovias deve abordar também o resgate do transporte ferroviário de passageiros”, adianta Rangel.
As ferrovias no Brasil se tornaram deficitárias devido à transferência de investimentos para o transporte rodoviário, como forma de incentivar o setor industrial automobilístico no início da década de 50.
Desta forma, as rodovias se modernizaram e os veículos ficaram mais baratos. Em contrapartida, os trens mais lentos e ineficientes.
“Como os esforços se voltaram totalmente para outro setor, o fortalecimento da indústria automotiva significou a decadência da malha ferroviária”, conta Rangel.
Atualmente, a integração aliada à modernização das malhas ferroviárias e rodoviárias são essenciais para o crescimento do País.
“A recuperação deste modal trará benefícios sociais como a ocupação econômica e social da extensa região do cerrado brasileiro com a implantação de negócios, além da geração de empregos para a construção e manutenção deste meio de transporte”, finaliza o diretor.
A AEA, fundada em 1984, é uma entidade sem fins lucrativos, que tem como objetivo promover discussões técnicas ligadas ao setor automotivo, energético e de transporte em geral.
Entre os membros associados estão: montadoras de veículos, fabricantes de motores e autopeças, produtores e distribuidores de combustíveis, representantes da área acadêmica, institutos de pesquisa públicos e privados e órgãos governamentais.
Os trabalhos e avaliações realizadas na AEA se desenvolvem por meio de comissões técnicas. A AEA atua junto à sociedade como um todo, consolidando sua condição de entidade tecnicamente isenta e independente.