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Pebble Beach, a praia do antigomobilismo

Há quem goste, os muito pelo contrário, os que dizem nada ter a ver com o Brasil, e os que por razões diversas não conhecem.

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Porém, mesclando as opiniões, há verdade absoluta: é o maior, o mais elegante, o mais variado dos eventos antigomobilísticos em todo o mundo.

Seu programa se expande e já toma uma semana com leilões; na quinta feira, tradicional passeio, evento dentro do evento, com personalidade e patrocínio próprios.

E depois, leilões, exposições paralelas, como as de automóveis alemães, novidade deste ano, a retomada do Concorso Italiano, as incontáveis corridas no circuito de Laguna Seca, lindeiro à conurbação charmosa traçada entre Carmel, Pacific Grove e Monterey, na costa californiana.

Pebble Beach, nome genérico, virou expressão porque, em 61 anos de existência moldou seu perfil elegante, distingue seus participantes, traça linhas de participação, comemorando aniversários de marca.

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Neste, 125 anos da Mercedes-Benz; 50 anos do Jaguar E Type; festejo dos Ferrari GTO – haviam 25 expostas entre as 37 produzidas, e se você pensar que o valor unitário médio é US$ 22M, tinha à sua frente meio bilhão de dólares!

E, em torno do evento que é o de maior rendimento, lotação de hotéis,restaurantes, consumo, movimento de financeiras, transportadoras, agregaram-se outras festas utilizando, no mais das vezes, os amplos e muitos gramados dos circuitos de Golf.

Evento atrativo, com interesse mundial, mídia especializada de amplo leque de países, evoluiu o perfil, ampliando a vocação de falar com público de ótima capacidade aquisitiva.

Daí, apesar do foco ser nos antigos, lá se lançaram cinco veículos pela dezena de montadoras presentes. A Mercedes fez jantar de gala, Cadillac expôs veículos antigos e novos, incluindo o conceito Ciel; Chrysler fez presença; Land Rover mostrou o Evoke.

A Fiat, lamentou Marco Antonio Lage, diretor de relações corporativas no evento para ver como os antigos influem na promoção dos novos, não estava presente com o 500, cartão de visitas na volta ao mercado norte-americano.

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No domingo, ponto alto. Numa das entradas, para polir o orgulho nacional, carreta com baú aberto exibia o corpo de um jato Phenon da Embraer, oferecendo-se ao exame dos freqüentadores de Pebble Beach, consumidores e muitos deles chegando em jatos próprios.

Pela outra, a tenda do bom gosto, com automobilia, objetos de arte, esculturas, literatura rara e cara, manuais de proprietário. Antigomobilista brasileiro me pergunta ser caro US$ 1 mil por manual de Ferrari 275. “– Quanto vale o carro ? “ indaguei. “– US$ 300 mil”, ouvi. “– Dá 0,3% do preço. Razoável“.

Ficou na maior felicidade, comprou e dizia da minha correta avaliação – água de morro abaixo, fogo de morro acima e sujeito quando quer gastar, ninguém segura …

A seguir, no famoso green, os 200 automóveis convidados, incluindo um Bentley Speed Six Gurney Nutting Fixed Head Coupé do argentino … ! Daniel Sielecki – 2º. lugar no final – submeteram-se a exame sério pelos jurados, em meio aos visitantes que pagaram US$ 200 pelo direito de entrar, ver, freqüentar o charme do lugar, conferir os carros expostos e seu catálogo – aqui, apenas o Carro do Brasil, evento brasiliense para carros nacionais comete o atrevimento – e seus frequentadores, muitos corajosas combinações de cores, vestidos atrativos, fazendo gênero.

Lugar de mídia, atores de cinema, gente da televisão, o night show man Jay Leno, colecionador e apresentador. Ao final, a escolha de Best of the Show sobre a estranha racionalidade do Voisin C25, produzido pelo francês fabricante de aviões.

PB abriu espaço a motos, e praticou o que o Carro do Brasil faz aqui pioneiramente há anos: premio ao mais conservado, sem restauração.

Você já imaginou ver rápidas corridas onde entram protótipos e carros de Fórmula 1; outra com Mustangs e Camaros primeira série; mais outra com banco de Porsches 356, Alfas Zagatto, MGs …; de Lotus Seven; de automóveis antigos, incluindo um Alfa Romeo P3, amplamente fotografado em detalhes para suprir o tentativo resgate de modelo assemelhado e que pertenceu à coleção Lee, e hoje é objeto de restauração em projeto tocado pelo Museu Nacional do Automóvel, pelo Alfa Romeo Clube de MG, e aficionados brasileiros da marca.

Enfim, todos os que sinalizaram atrevimento e audácia, mas aos quais não tínhamos acesso, pela importação barrada. Com um milhar de veículos fica fácil prever a variedade.

Mas o som dos motores do tempo em que as rotações ainda eram identificáveis pelos ouvidos, o cheiro da gasolina de elevada octanagem e sem álcool, o barulho dos pneus estreitos no asfalto quente são alegre volta no tempo – e isto só existe nas corridas de Laguna Seca, patrocinadas pela Rolex e pela Mazda.

Entrada ? US$ 130 com direito a sapear na ampla área de boxes e ver o Arturo Merzario, emocionado, alinhar com o protótipo Alfa que corria nos anos ´60.

Visão – Ficou claro, pela Route One, onde estão os acessos a Pebble Beach, a crise não passa. E, nos leilões sedimentou-se a eleição dos carros antigos de estirpe como investimento. Vista a instabilidade econômica, os baixíssimos juros pagos aos depositantes dos bancos – sim, acredite, lá, ao contrário daqui, os bancos remuneram os clientes pelo saldo – viu-se, para rico não há crise.

Assim, em vez de investimento com remuneração pífia, entendeu-se melhor e mais prazeroso investir em obras de arte que se movem. Isto explica o crescendo de valores obtidos nos leilões. Ano passado, em leilão da Gooding, um Ferrari Testa Rossa modificado, vencedor da corrida na inauguração de Brasília, chegou a US$ 11M e o dono não entregou.

Neste, outro Ferrari, protótipo de Testa Rossa foi vendido a US$ 16,4M – carros assemelhados, a grosso modo 50% de valorização.

O leilão da Gooding bateu sucessivos recordes, como o do norte-americano mais caro, Duesemberg J de maior valor, carroceria Whittell Coupé, desenho de Franklin Hershey, trinta anos após autor do Ford Thunderbird, arrematado por US$ 10M340 mil.

A Gooding arrecadou mais de US$ 200M no pregão. Serve como demonstração de investimento. Russo and Steele, outro leiloeiro, em faixa mais popular, bateu recordes de venda percentual, faturamento e número de veículos. Mesmo valeu para os leilões da Bonham´s, da RM.

Italiano ? 1/2 – Anteriormente, um dos bons eventos do rico final de semana era o Concorso Italiano. O nome diz tudo: carros da Itália, a profusão de carrocerias especiais, desfile de moda, gastronomia, música, movimento, alegria.

O Concorso decaiu e foi resgatado por seu cappo maior, Frank Mandarano. Perdeu o lugar privilegiado onde se realizava, outro campo de golfe, o Quail Lodge.

E, entre más edições em seu espaço se instalou outra exposição, com o nome do campo. Fina, do tipo barraca para vender peças de Ferrari dos anos ´50 e ´60 – volante usado ? US$ 1 mil.

Jogo de carburadores ? US$ 6 mil, Lá o negócio é um pouco mais caro: US$ 4 mil pela entrada, para expor ou não, com direito a ambiência, buffet fino, champagne em lugar de espumante, gente e roupas elegantes, chapéus …

O Concorso deveria se chamar ½ Italiano. Com a desorganização latina – você compra o ingresso, US$ 90, e dizem dar direito ao catálogo e brindes.

Talvez existam, mas a esculhambação permite explicações do tipo – o sujeito que entrega foi não sei onde, fazer não sei o que com não sei com quem, e não sei a que horas volta … Ou, pagas – mas não levas.

Espaço superlativo, para enche-lo convocaram todas as marcas. Assim, haviam italianos – nada de impressionar, pois estes estavam no Quail – e mais uma renca de ingleses, alemães e mais o que passasse pela estradinha. Patrocínio da Maserati e da Fiat, mas não cumpriu a função.

Enfim. Se você é antigomobilista sério deve se programar para ir a Pebble Beach. É uma aula de como fazer coisas primorosas, juntar participantes de nível internacional, promover o hobby, ganhar muito dinheiro juntando tantos patrocinadores, e ficar bem na foto oferecendo um cheque de US$ 1M a entidade pia.

Em 2012, na semana findando aos 19 de agosto. Mas decida-se: a rede hoteleira enche e sobe os preços, e você se enche por não haver vôos do Brasil para Los Angeles ou São Francisco.

Voa a Miami ou Atlanta e cruza os EUA. Ano passado tomou-me 31h entre vôos e esperas. Neste, feliz, 19h. Meu irmão, ácido observador de costumes, rotula: “Mais vale um tesão que um caminhão de melão.” Um filósofo.

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