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Seminário de Manufatura debate rumos do Rota 2030, rebatizado de Mobilidade Verde e Inovação

Com o tema “Presente e futuro da manufatura avançada: impactos do Rota 2030 – do Ciclo I para o Ciclo II”, a 8ª edição do Seminário de Manufatura Avançada, promovida e organizada pela AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, debateu os principais elos do setor automotivo e os próximos passos rumo à mobilidade sustentável.

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O presidente da AEA, Marcus Vinicius Aguiar, abriu oficialmente o evento, realizado no auditório da UNIP – Universidade Paulista, unidade Indianópolis, capital paulista, na quinta-feira, 21. Na sequência teve o lançamento do 4º Desafio de IA e IoT e a entrega dos prêmios “Destaque Novos Engenheiros”, com a participação de Carlos Sakuramoto, diretor da General Motors, Anderson Borille, do ITA, e Fernando Villela, da Ford, coordenador do evento.

A palestra de abertura ficou a cargo de Adriano Barros, diretor de Relações Públicas e Governamentais da General Motors América do Sul, que destacou a mudança do nome do Rota 2030, a partir do seu segundo ciclo, para Programa Mobilidade Verde e Inovação.

O executivo lembrou que os investimentos em P&D decorrentes do Rota 2030 chegaram a R$ 4,37 bilhões em 2022. O Brasil, na sua avaliação, pode ser líder global no processo de descarbonização da mobilidade e logística. “Um dos grandes talentos do País é o setor automotivo. Poucos países têm tantas fábricas e a capacidade de engenharia automotiva como a brasileira. Temos de aproveitar e agregar valor à produção”, comentou Barros, para quem o risco do Brasil não é recessão, mas sim subdesempenho: “Já temos projetos do berço ao túmulo e podemos ser protagonistas quando o tema é descarbonização”.

Projetos da Fundep – Ainda na parte da manhã, três representantes da Fundep, responsáveis pelas linhas 4, 5 e 6, fizeram um balanço do Rota 2030 e divulgaram novos projetos em curso. Ana Elisa Braga abordou a linha 4, revelando que a ideia para o ciclo 2 do programa automotivo é aproveitar as empresas que já estão no sistema, otimizando demandas e ofertas para ganhos em escala: “Para reduzir ociosidade e ter uma estrutura fabril mais coerente, é fundamental que as ferramentarias passem a trabalhar de forma conjunta”, sentenciou.

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Também da Fundep, Ana Luísa Lage abordou a linha 5, referente aos biocombustíveis, segurança e propulsão alternativa. Ela informou que no ciclo atual são 76 projetos, dos quais 26 de biocombustíveis, envolvendo um aporte de R$ 173 milhões. No ciclo 2, serão três frentes: impulsionamento de projetos, juntando, por exemplo, os relativos a baterias, projetos estruturantes estratégicos e capacitação e mão de obra.

Coube a Raylson Martins comentar sobre a linha 6, relativa à conectividade veicular e iniciada há apenas um ano. Ainda está em fase de seleção de projetos que envolvem temas como meio ambiente e descarbonização, cidades inteligentes, proteção de dados e manutenção preditiva.

Produtos verdes – Representantes de fornecedores das áreas de aço, alumínio, polímero e pneu, ainda na parte da manhã, fizeram palestras sobre produtos sustentáveis em suas respectivas áreas. André Andrade, da Usiminas, falou sobre aço verde, revelando que a indústria do aço contribui com 4% das emissões no Brasil, índice que varia de 6% a 8% no mundo.

Dentre as ações em curso, destacou aquelas relativas à eficiência energética, melhoria de materiais e energia renovável. Informou que a Usiminas investe R$ 2,7 bilhões na reforma do Forno 3, que será o mais moderno do ocidente, destacando também que houve 86% de engajamento dos fornecedores aos projetos de redução de emissões da empresa.

Leandro Campos, gerente geral da CBA – Companhia Brasileira de Alumínio, abordou o tema alumínio verde, enfatizando o potencial de consumo de alumínio de baixo carbono no setor automotivo local. “No Brasil, um carro carrega em média 28 kg de alumínio. Nos EUA, são 90 kg. A substituição de 1 kg de aço por 1 kg de alumínio equivale a 20 kg a menos de CO2 emitido no caso de um automóvel”.

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Ao comentar sobre polímero verde, Nicole Amaral, do Instituto Firjan Senai de Tecnologia Química e Meio Ambiente, fez questão de ressaltar que na produção do setor automotivo é preciso haver um combinação de materiais e não uma competição entre eles. Lembrou, contudo, que os plásticos pesam 50% menos que os materiais automotivos tradicionais e, entre os seus benefícios, tem a facilidade de reciclagem.

Coube a Roberto Falkenstein, da Pirelli, mostrar os benefícios do pneu verde: ”Fomos pioneiros nessa área, com o lançamento em 1998 do primeiro produto do gênero no setor”. Os investimentos foram contínuos deste então e, entre as vantagens do pneu verde, citou uma economia de combustível da ordem de 6%. Também abordou a questão dos carros elétricos, que por pesarem mais trazem novos desafios à indústria de pneus.

Ainda na linha dos produtos sustentáveis, a palestra sobre tinta verde, a primeira da parte da tarde, esteve a cargo de Fábio Shimozato, gerente de tecnologia da Basf. O executivo destacou a solução e-coat, referente à primeira camada da pintura, que reduziu entre 10% e 15% o uso do material em cada carro.

Também falou das demais camadas, revelando que o processo integrado oferecido pela empresa elimina uma etapa de estufa, com redução de custos, menos emissão e logística mais ágil. Por fim, João Veiga, da AGC Vidros, fez palestra sobre vidro verde.
Seu principal foco foi na economia circular: “Teria de ter um processo da indústria de vidros recuperar sobras das montadoras para reaproveitar. Estamos conversando com as montadoras sobre isso”.

Quanto ao produto em si, destacou entre os avanços em curso a existência na Europa de vidros que projetam informações ao motorista e usuários, além de antenas embutidas para viabilizar o carro autônomo.

Case prático – “Expandindo a integração horizontal no fluxo de valor: case prático” foi o foco da palestra de Julio Monteiro, diretor industrial da Robert Bosch. Com a máxima de que é preciso todos caminharem juntos, a empresa desenvolveu um projeto piloto em 2018 em um fornecedor para implantação do conceito Indústria 4.0.

Dentre os benefícios, houve 7% de ganho em eficiência e 37% de redução de custo de manutenção. A partir dessa ação, a Bosch criou agora o projeto Finep 2030 com 18 fornecedores, cujo encerramento está previsto para junho de 2024. “Só poderei divulgar os resultados do projeto ao final do processo”, disse Monteiro. “Mas posso adiantar que tem muita lição aprendida e também coisas ruins”.

Unindo todos os temas abordados, representantes da FGV e Firjan Senai abrilhantaram o seminários com seus painéis, do início ao fim de vida útil do veículo. Com o tema “Do berço ao portão”, a palestra de Juliana Picoli, da FGV, revelou projeto em fase inicial que visa calcular a pegada de carbono desde a extração das matérias primas até o portão das montadoras. É uma parceria com a Unicamp, sendo a contratante a Fundep, no âmbito da linha 5. O objetivo, segundo Juliana, é ter uma ferramenta setorial de cálculo.

Nicolas de Araújo, do Senai, abordou a questão do descomicionamento veicular, que consiste basicamente em evitar práticas erradas de descarte. “São ações que trazem ganhos econômicos em toda a cadeia com boas práticas em cada componente com relação ao fim de vida”, explicou Araújo. É um projeto de dez meses que será apresentado em maio do ano que vem.

O desafio proposto pela comissão organizadora foi muito bem atendido com a palestra “Bateria de lítio nacional – utopia ou realidade”, em que Marcos Berton, da Fiesp e pesquisador e chefe de inovação do Senai , lembrou que o Brasil tem reservas de todos os minerais que vão na bateria. Ou seja, para produzi-la, não é necessário importar absolutamente nada.

Informou que há hoje no País dois institutos, incluindo o Senai, com planta piloto de produção de baterias, em escala de laboratório. Há um projeto estruturante, modelo rota 2030, que visa apoiar montadoras, fornecedores e empresas interessadas em produzir bateria. “O Senai acredita que é viável produzir baterias aqui. É uma estratégia de Pais e se quisermos dá pra fazer”, cravou Berton.

Nacionalização – O Seminário de Manufatura da AEA foi encerrado por Leonardo Amaral, gerente de Compliance da Stellantis. Ele aproveitou a oportunidade para destacar a importância dos investimentos em nacionalização no processo de descarbonização do setor.

De acordo com o executivo, as montadoras são obrigadas a importar pelo menos 20% dos componentes presentes num automóvel produzido no Brasil. “Só para citar um exemplo, a câmera de ré, disponível hoje em vários modelos, não tem produção local. Depende exclusivamente de importação”, comentou.

Na sua opinião, o único caminho para a mobilidade sustentável no País é o da localização de peças. Segundo ele, a manutenção da cadeia automotiva brasileira passa pela produção do carro híbrido antes de partir para o 100% elétrico. Dentre outras ações da Stellantis, citou o projeto Bio-Hybrid, que contemplará lançamento de híbridos a etanol no mercado brasileiro.

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