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A indústria e o mercado de trabalho

O emprego industrial ficou estável no início do ano e interrompeu a trajetória de queda observada no segundo semestre de 2001. A estabilidade é resultado do reaquecimento da atividade do setor no primeiro trimestre.

A pequena intensidade da recuperação, a interrupção da queda da taxa de juros e o aumento das incertezas no segundo trimestre dificultam, todavia, o aumento do emprego industrial em 2002.

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Os Indicadores Industriais da CNI mostram um crescimento de 0,12% do emprego no setor no primeiro bimestre.

Quando descontadas as influências dos fatores sazonais, o crescimento é ligeiramente maior (0,23%), mas ainda insuficiente para compensar a queda ao longo do ano passado.

Comparado ao mesmo período de 2001, a indústria de transformação empregava 1,1% menos trabalhadores no primeiro bimestre desse ano.

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Os dados do IBGE para o mesmo período mostram que 12 dentre os 17 setores industriais pesquisados reduziram o emprego nesse período.

As maiores quedas ocorreram nos setores: de Madeira (-11,4%); Máquinas e Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, de Precisão e de Comunicações (-8,6%); Máquinas e Equipamentos (-4,2%).

Dentre os setores que ampliaram o número de empregados, os destaques foram o setor de Coque, Refino de petróleo, Combustíveis Nucleares e Álcool e o setor de Fumo, ambos com crescimento de dois dígitos (30,2% e 18,6%).

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População ocupada A população ocupada nas principais regiões metropolitanas do país já é maior do que há um ano, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE.

O crescimento de março foi o quarto consecutivo nesta base de comparação. No primeiro trimestre, a média de 17,4 milhões de pessoas ocupadas superou em 1,2% o total correspondente no ano passado.

Mas o crescimento se acelerou nos últimos quatro meses e chegou a 2,0% em março. Como o reaquecimento da atividade é pouco intenso e as perspectivas para o segundo trimestre são menos favoráveis, é improvável que esta aceleração se mantenha, mas a ocupação deve seguir acima dos níveis de 2001.

A evolução da população ocupada foi desigual entre os setores de atividade. Houve redução no número de ocupados na indústria de transformação (-1,0%) e na construção civil (-6,8%), e crescimento no comércio (2,9%), no setor de serviços (2,5%) e em outras atividades (4,8%). Em termos absolutos, é no setor de serviços que foi criada a maioria das ocupações.

Do aumento de cerca de 265 mil pessoas na população ocupada total entre os primeiros trimestres de 2001 e 2002, 235 mil se devem àquele setor.

O crescimento da população ocupada foi bastante disseminado regionalmente. Dentre as seis regiões metropolitanas onde o levantamento é feito, apenas o Rio de Janeiro apresentou pequena queda de 0,5%.

A região de Recife foi a de maior expansão na ocupação, embora responda por apenas 7% do total da população ocupada. Em São Paulo, por outro lado, onde se encontram 44% dos ocupados nas principais regiões metropolitanas, o crescimento de 1,9% ficou abaixo da média nacional.

Taxa de desemprego O crescimento da população ocupada nos últimos 12 meses não foi suficiente para compensar o aumento da população à procura de emprego.

Esta cresceu 21,0% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, muito acima da expansão de 2,4% da população economicamente ativa (PEA), de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE.

Como a taxa de desemprego é a razão entre a população à procura de emprego – ou desocupada, na terminologia da pesquisa – e a PEA, a taxa de desemprego subiu de 6,0% para 7,0% no período.

O aumento da procura de emprego é um reflexo do reaquecimento da atividade econômica, que aumenta as perspectivas de sucesso na busca por ocupação.

O que se observa agora é, portanto, o oposto do verificado no ano passado, quando a recessão da economia desestimulou a busca de trabalho, o que acabou permitindo a queda da taxa de desemprego anual.

Livre de influências sazonais, a taxa de desemprego mostrou pequeno recuo nos últimos quatro meses e foi de 6,4% em março, o que sugere que demanda e oferta de trabalho se aproximaram no período recente.

Na ausência de fatos novos que imprimam um ritmo mais intenso ao crescimento econômico, porém, a taxa de desemprego prosseguirá acima das registradas em 2001.

Dentre as seis regiões metropolitanas pesquisadas, Salvador, São Paulo e Belo Horizonte registraram taxas de desemprego acima da média nacional, ao contrário de Recife, Porto Alegre e Rio de Janeiro.

Salário e rendimento médio O rendimento médio real do trabalhador ocupado nas principais regiões metropolitanas prosseguiu em queda no início do ano.

Os dados da pesquisa domiciliar do IBGE para o primeiro bimestre mostraram recuo de 5,8% em comparação com o mesmo período de 2001. O rendimento médio real cai desde 1998 e, dados a intensidade da queda atual e o desemprego elevado, dificilmente encerrará o ano com resultado positivo.

A queda do rendimento acumulada no primeiro bimestre foi comum a todos os setores de atividade, mas foi mais intensa na construção civil (-12,5%) e menos intensa na indústria de transformação (-3,6%). O comércio e os serviços registraram ambos redução de cerca de 7%.

A queda também foi disseminada entre as regiões pesquisadas, mas foi menor em Recife (-3,7%) e maior em Salvador (-9,2%).

A folha salarial por empregado da indústria de transformação também recuou 0,9% em termos reais no primeiro bimestre em relação aos primeiros dois meses de 2001, de acordo com o IBGE.

Houve queda em 11 dos 17 setores que compõem a indústria. Ao contrário do que se observa para o rendimento médio real nas regiões metropolitanas, porém, o salário médio real pago pela indústria cresceu nos últimos anos.

Os Indicadores Industriais CNI mostram crescimento praticamente ininterrupto da média anual desde 1993, com a única exceção de 1999.

Simone Saisse Lopes
Coordenadora adjunta da PEC/CNI

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