Nem tudo que parece fácil é. Depois de andar em alguns veículos “transformados” via chip bons, alguns poucos muito bons e, em sua grande maioria, veículos horríveis em dirigibilidade, consumo e emissões de poluentes, eis que chega ao mercado o veículo bicombustível (bi, pois só queima álcool, gasolina ou uma mistura de ambos) de fábrica.
Grande expectativa e dificuldade para dar uma voltinha em um desses novos modelos.
Nesta semana pude desfrutar de um teste em trânsito urbano com o modelo da VW do Brasil, o Gol 1,6 litros TotalFlex.
Bom preço (custa aproximadamente uns R$ 1000,00 a mais do que o similar a gasolina) e facilidade de manutenção serão os aliados para reduzir os esforços de venda e certamente será um produto que vai mexer com o mercado.
Os componentes internos estão adequadamente ajustados para o uso do álcool, em tese, teremos um veículo com vida útil similar aos monocombustíveis.
Aproveitei o contato e perguntei como foram os testes de campo e percebi que não há previsões de como o veículo vai se comportar depois de muitos quilômetros e diversos tipos de mistura.
Saí com uma mistura de 60-40 de álcool etílico hidratado e gasolina, respectivamente, no tanque. Chave no contato, motor operando em marcha lenta sem sustos, trepidações ou dificuldades em fazê-lo funcionar.
Andando, nada que lembre os modelos de outrora, nada de engasgos e hesitações. A injeção eletrônica superou todos os pontos negativos dos modelos alcoólicos dos anos 80.
Removendo a emoção do quadro e olhando diretamente para o fundo do bolso, rodar somente com o álcool não é a melhor opção (financeiramente falando), pois o maior consumo joga contra a novidade…
Creio que a melhor opção é a que se encontrava no interior do tanque, pois proporcionou bons índices de economia e desempenho (levando em conta a quantidade de álcool no interior do tanque).
Sugeri uma rodagem somente com álcool e para minha decepção o desempenho ficou abaixo das minhas expectativas, fruto da taxa de compressão de um clássico motor movido a gasolina.
Já andei em veículos chipados/transformados com melhor desempenho que o “transformado de fábrica”.
Cheguei à seguinte conclusão: com esta fórmula não dá pra tirar dez no quesito desempenho e tampouco no quesito consumo. Achei o resultado inferior rodando com qualquer mistura ou mesmo com apenas álcool ou gasolina no tanque.
Para tirar a má impressão, nada mais justo do que uma volta somente com gasolina. Aí pude observar um detalhe curioso: o bom e velho AP 1600 também anda mal com o combustível fóssil… Valerá a pena? Só o mercado vai dizer.
Os ajustes no motor e a calibração da injeção deixaram o excelente motor AP chocho, fraco (dava a nítida impressão de estar “atrasado”) e gastador… Resumindo: andou mal com gasolina e com álcool… Com uma taxa de compressão de 10:1 certamente ficaria capenga andando com o combustível de cana…
Achei o produto inteligente, mas esperava muito mais; a eletrônica poderia ter sido muito mais explorada e alguns ajustes mecânicos poderiam trazer um pouco mais de esperteza ao carrinho. Agora é esperar pela oportunidade de andar com o Corsa da GM.
Eu volto na próxima!