Competição de engenharia reuniu, em São José dos Campos, SP, 69 equipes – sendo 61 do Brasil, 7 da Venezuela e 1 do México – de um total de 77 equipes inscritas
A equipe Uai Sô Fly, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi a campeã pela Classe Regular da X Competição SAE BRASIL AeroDesign, concluída na Pista de Táxi do Aeroporto do CTA, Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial, em São José dos Campos, SP.
O avião, projetado e construído pela equipe, obteve 382,1 pontos na classificação geral, ao transportar 12,20 kg de carga útil.
Na Classe Aberta, a equipe EESC USP Charlie, da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), sagrou-se tricampeã na competição, ao carregar 19,33 kg e obter 259,7 pontos.
A competição teve como segunda colocada, pela Classe Regular, a equipe Keep Flying, da Escola Politécnica da USP, com 375,5 pontos.
Na mesma categoria, a terceira colocada foi a equipe paulista 100 Limites, do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), seguida da equipe Cefast, do Centro Federal Tecnológico (Cefet) de Minas Gerais. A quinta colocada foi a equipe Poliaclive, da Poli-USP.
Na Classe Aberta, a vice-campeã foi a equipe Car-Kará Open, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com 157,8 pontos, seguida da equipe Canarinho Open, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Bauru.
Com este resultado as três equipes – Uai Sô Fly, EESC USP Charlie e Keep Flying – ganharam o direito de representar o Brasil durante a SAE Aerodesign East Competition, competição que reúne equipes da América do Norte e Europa, a ser realizada pela SAE International, em abril de 2009, nos Estados Unidos, onde o Brasil é tricampeão nas duas categorias.
Em clima de comemoração pela sua décima edição, a X Competição SAE BRASIL AeroDesign registrou o comparecimento de 69 equipes, entre 77 equipes inscritas, que representaram 15 estados brasileiros e o Distrito Federal. Das 69 equipes, sete eram da Venezuela e uma do México.
O avião, projetado e construído pela equipe Uai Sô Fly, obteve 382,1 pontos na classificação geral
MENÇÃO HONROSA – A Comissão Organizadora da competição ainda conferiu Menções Honrosas às equipes que se destacaram em oito quesitos:
Melhor Projeto – equipe Poliaclive (Classe Regular), da Poli-USP, e equipe EESC-USP Charlie (Classe Aberta).
Melhor Apresentação Oral – equipe Uai Sô Fly (Classe Regular) e a equipe EESC-USP Charlie (Classe Aberta).
Melhor Acuracidade – equipe Venturi, do Cefet Rio de Janeiro (Classe Regular), e equipe EESC-USP Charlie (Classe Aberta).
Melhor Tempo de Retirada de Carga (1,72 segundo) – equipe Lift (Classe Regular) da Pontifícia Universidade Católica (PUC), do Rio Grande do Sul.
Maior Eficiência Estrutural – equipe Uai Sô Fly (Classe Regular).
Menor Volume de Transporte – equipe Car-Kará New (Classe Regular), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Maior Peso Carregado Setor 1 – (distância 31,5 m para decolagem) equipe Uai Sô Fly, com 12,20 kg (Classe Regular).
Maior Peso Carregado Setor 2 – (distância 61 m para decolagem) equipe Cefast, com 14,07 kg (Classe Regular) e equipe EESC-USP Charlie, com 19,33 kg (Classe Aberta).
Melhor Equipe Internacional – equipe Quetzal Aviation (Classe Regular), da Escuela Superior de Ingeniería Mecánica Y Eletrica Unidad Ticoman, do México.
A competição teve início com a etapa denominada Competição de Projeto, na qual as equipes tiveram seus projetos avaliados e questionados por comissões de juízes que integram o Comitê Técnico da Competição, formado por engenheiros da indústria aeronáutica e que trabalharam como voluntários durante todo o evento.
A partir de sexta-feira e durante todo o final de semana deu-se a etapa de Competição de Vôo, ocasião em que os aviões passaram por oito baterias de vôos em que demonstraram serem capazes de decolar e transportar cargas úteis (simuladas por barras de chumbo) sempre crescentes, até as condições limite de cada projeto.
Avião da equipe Car-Kará Open foi o segundo melhor projeto da Classe Aberta, na Competição
Foram quatro dias de difusão e aprimoramento de técnicas de Projeto Aeronáutico, em ambiente de grande criatividade e de cooperação entre as equipes, com destaque para a criatividade e o empreendedorismo dos participantes, desta forma confirmando a qualidade educacional do Projeto, sempre mais reconhecida por empresas à procura de novos talentos no campo da engenharia, em especial aquelas dos segmentos automotivo e aerospacial.
A evolução técnica dos projetos foi o ponto alto da competição. Predominaram o uso de algoritmos de otimização, que permitem avaliar o comportamento do protótipo ainda enquanto na fase de projeto conceitual, aplicação de telemetria embarcada, utilização de processos de fabricação mais precisos e rápidos, como corte a laser e uso de CNC (comando numérico computadorizado) para geometrias complexas.
Foram utilizadas também soluções aerodinâmicas para melhorar a decolagem das aeronaves, como dispositivos de hiper-sustentação (flaps), winglets (dispositivos para pontas de asa) similares aos utilizados pela indústria aeronáutica e inspirados nos originais desenvolvidos pelo famoso engenheiro Richard T. Whitcomb, no início da década de 1970.
Foram observados, ainda, projetos com gurney flaps, que são dispositivos fixos para aumentar a sustentação nos perfis aerodinâmicos da asa.
Em clima de comemoração pela sua décima edição, a X Competição SAE BRASIL AeroDesign
registrou o comparecimento de 69 equipes, entre 77 equipes inscritas
PATROCÍNIO – A competição contou com o patrocínio de grandes empresas do setor, como Dassault Aviation, EADS, Embraer, Honeywell, Infraero, United Technologies, Rolls-Royce, General Electric, Caixa Econômica Federal, Líder Aviação, Parker Aerospace, RockwellCollins, SAP e C&D Zodiac.
De grande importância foi também o apoio recebido por parte de instituições públicas, como o Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), a Prefeitura de São José dos Campos, a Associação de Pioneiros e Veteranos da Embraer (APVE) e a Associação Desportiva Classista Embraer (ADCE).
O Projeto AeroDesign é um programa de fins educacionais, organizado pela Seção São José dos Campos.
O objetivo é propiciar a difusão e o intercâmbio de técnicas e conhecimentos de engenharia aeronáutica entre estudantes de graduação e pós-graduação em Engenharia, Física e Ciências Aeronáuticas e futuros profissionais do importante segmento da mobilidade, através de aplicações práticas e da competição entre equipes.
Vilmar Fistarol, presidente da SAE BRASIL, ressalta os 10 anos da Competição SAE BRASIL AeroDesign em 2008.
“É com orgulho que assistimos este momento tão especial. Com 77 equipes inscritas, de Norte a Sul do Brasil, recorde de participação estrangeira e responsável por um brilhante histórico de equipes brasileiras na SAE East Competition, a competição é um marco na engenharia do País, ao contribuir, fortemente, para aumentar o conhecimento e o interesse de jovens universitários pelo ambiente aeronáutico”, afirma o presidente da SAE BRASIL.
Regulamento – Os aviões participantes da competição são classificados em duas categorias: Classe Regular e Classe Aberta.
Na primeira, os aviões são monomotores, com cilindrada padronizada em 10 cc (10 cm3 ou 0,61 in3).
O regulamento impõe restrições geométricas que delimitam as dimensões máximas das aeronaves, que devem ser capazes de decolar em uma distância máxima delimitada, de 30,5m ou 61m.
Já a Classe Aberta não impõe restrições geométricas às aeronaves ou ao número de motores instalados, desde que a soma das cilindradas dos motores não ultrapasse 14,9 cc (ou 0,91 in3). Esta categoria inclui pós-graduandos e restringe distância máxima de decolagem: 61m.
As avaliações e a classificação das equipes são realizadas em duas etapas: Competição de Projeto e Competição de Vôo, conforme o regulamento da SAE BRASIL – no site www.saebrasil.org.br -, baseado em desafios reais enfrentados pela indústria aeronáutica.
Fotos – Sérgio Fujiki