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O Fator QQ

A chinesa Chery, maior das independentes no bríquico país, deu o primeiro salto para se transformar em montadora brasileira: acelerou a nomeação de revendas; lançou pedra fundamental de sua fábrica em Jacareí, SP; passou a importar o QQ, menor de seus produtos. Ou, torna a marca conhecida para quando começar a produzir em 2012.

Do QQ vender 12 mil unidades neste ano e, quase metade da soma do utilitário esportivo Tiggo com sedã e hatch Cielo.

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O nome é interessante em seu país as letrinhas significam coisa delicada, fofa, e o automóvel, visualmente agradável, engraçadinha e, qualidade maior é a unidade do projeto: um carrinho pequeno para utilizar motor pequeno, 1.1, e não sub motorização contida fiscalmente aplicada em carro maior, como o são os 1.0 nacionais.

Mas o que avulta, diferencia e chama atenções é o fato de ser completo, com itens sequer opcionais nos concorrentes, em especial Fiat Uno, VW Gol e Renault Clio: vidros verdes, ar condicionado, direção hidráulica, vidros, trio, regulagem de faróis e abertura do tanque por motor elétrico, e equipamentos de segurança ativa como ABS e almofadas de ar. E custa abaixo de R$ 23.000 e dos concorrentes.

Jornalistas especializados presentes ao evento, chegaram a conclusão comum: esquecer a régua que mede carros e leitores no mercado brasileiro pois, afinal, o conhecimento dos compradores do QQ no tema automóvel é apenas tópico.

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Serão, em grande maioria, da emergente Classe C, sem intimidade com veículos novos, saltando do usado ou do ônibus para o primeiro Zero Km.

E o entorno do QQ induzirá negócios: preço; garantia de três anos; revisões, exceto a primeira, aos 2.500 km a R$ 99, todas são a cada 10.000 km, custando R$ 149; menos de R$ 10/dia em 84 meses para te-lo via consórcio da marca.

QQ – É a segunda versão do carrinho que enfrentou processo por cópia e foi reprovado na versão européia dos testes NCap por inconsistência estrutural. Revisto, nova frente, novos faróis, jeito mais engraçado, diz a importadora ser aprovado no CNCap, o teste chinês de aferição de segurança, menos exigente que europeus e norte-americanos.

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Mede 3,55m – 20 cm a menos que o Uno – para 4 passageiros – o quinto viajaria sem apoio para cabeça -; motor 1.1, 16 válvulas, 68 cv, 9,1 kgmf de torque, todo em alumínio, moderno projeto austríaco, embora menos potente que os nacionais 1.0.

A transmissão é reduzida para compatibilizar o carro com as limitações do motor.

Suspensão frontal Mc Pherson e traseira antiga, por eixo rígido e também molas helicoidais. Freios a disco na dianteira, tambor atrás. 800 kg, chega a 130 km/h. Anda menos que os concorrentes.

Exibe, visualmente, duas assincronias com o mercado nacional: as rodas são em chapa de aço, em vez de liga leve, visual e conceitualmente mais adequadas à proposta e ao pacote de equipamentos; e os pneus 155×65 em aro de 13”, oferecem lateral com apenas 10 cm de altura, inadequada aos buracos nacionais.

Amanhando – Indústria nova, isolada, sem convivência, abrindo caminho por associações ou às vezes independente, os chineses ainda não absorveram tecnologia para fazer automóveis. Estão rápidos neste caminho, ouvindo experts, comprando tecnologia, muito vendo, ouvindo, pouco falando.

As falhas chinesas relativamente ao mercado nacional, antagônico entre as condições árduas de piso e combustível, e as exigências dos compradores, ainda remanescem.

As rodas de chapa e a pequena altura dos pneus exibe faltar adequação do novo chinês às tradicionais agruras brasileiras.

A construção é sem intimidade com os processos, exibindo desalinho nas folgas entre as partes de lata, e desnível entre os painéis da decoração.

Falta afinar – Test-drive não correspondendo à expressão: Rio; Marina da Glória, Flamengo, Botafogo, retorno na entrada da Urca, passando em frente de onde foi a oficina do Rubens Abrunhosa, engenhoso piloto de saudosa memória.

Uma festa aos olhos, contida aos sentidos. Num lápis observador, a embreagem é determinada – resolve tudo com 2 cm de curso -; o isolamento acústico tem pouca atuação; comando entre alavanca e caixa de marchas pede maior precisão. Pouca altura de pneu não absorve imperfeições, entrega as conseqüências aos amortecedores.

E, seja por calibragem suave, por falta de diálogo entre as suspensões, ou deficiência na equação de Ackermann, o fato é que o QQ não tem direção nem reações de suspensão confortáveis, exigindo atenção para manter o curso em retas e curvas.

Mas são questões pontuais, passageiras, sanáveis. No Brasil, querendo, em um ano de dedicação, estas evidencias serão sanadas.

E então – Esqueça as considerações acima. O comprador do QQ olhará preço, valor da prestação e, para ele, Ackermann deve ser primo do Alzheimer, alemães distantes.

Na prática do mercado, o QQ será a alavanca para a cunha aplicada por outro chinês, o JAC J3, ao apresentar-se igualmente bem equipado e a preço de nacional simplificado.

Solidificará a dúvida de alguma coisa estar errada. Ou, como pode um carro ser feito do outro lado do mundo, enfrentar todos os custos de transporte, pagar imposto de importação, ter acessórios e equipamentos aqui indisponíveis, e ainda custar mais barato que os locais desequipados?

As vendas do QQ, somadas às do JAC J3 terão feito inegável: moverão as montadoras locais a equipar seus produtos. No comparar preços e conteúdos entre os nacionais do primeiro degrau e o QQ, ao comprador a questão será simples: Inseguro equipado ou inseguro pelado?

Roda-a-Roda – Ching Ling – A sueca Saab, de automóveis com tecnologia espacial, virou GM; incorporou-se à holandesa Spyker, de um russo, que recebeu 30% em capital chinês, mas continua na Suécia.

Como se diz no Goiás, na indústria automobilística mundial o negócio está de um jeito que vaca não reconhece bezerro.

Futuro – A MMCB, montadora goiana dos Mitsubishis investirá R$ 1B nos próximos cinco anos; dobrar a produção, a 100 mil/ ano; ampliar a linha de produtos com sedãs; fazer fábrica de motores. Empresa, capital e testosterona nacionais.

Hatch – Distribuidores Ford aguardam receber em junho a versão hatch do mexicano New Ford Fiesta. Até o final do ano deverá ser baiano.

Gargalo – Fiat Bravo tem fila de três meses, e Renault de pouco menos para o Fluence. Falta estrutura industrial para aumentar produção e atender à expansão do mercado.

Razões – A BMW tem dúvidas sobre onde fazer fábrica: Brasil ou México. Somos metade do mercado da América Latina e Caribe, mas o concorrente tem o mercado dos EUA, sem perder o brasileiro, favorecido pela isenção portuária. Aqui, com o dólar barato, exportar é um sofrimento.

História – Relembrando a Coluna, a BMW há 10 anos anunciou fábrica no Brasil. E pode repensar com o recente pacote de bondades aprovado pelo Congresso, para importar tudo o de fazer automóveis, com reduções, isenções e vantagens tributárias.

Marcha-a-ré – O país, dono de brilhante projeto de nacionalização de veículos, passando a exportar manufaturados, hoje tem carros com enormidade de peças importadas, e exporta minérios, soja, carne. Tudo em bruto, sem valor agregado. Perigosa marcha a ré.

Caminho – O governo federal enxergou o tamanho do risco com os combustíveis. Tirou o álcool do Ministério da Agricultura e passou-o à Agencia Nacional do Petróleo, onde há décadas deveria estar inscrito.

Remendo – No caminho, permitiu adição de álcool à gasolina cair a 18%. A gasolina, por necessidade, continua sendo importada.

Recorde – A Fiat Powertrain comemora a produção de 5M de motores Fire no Brasil. Curva invejável: nove anos para fazer 3M, e dois para produzir outros 2M.

Caminho – Visão e coragem festejados na Ford, como a primeira a substituir os motores de grande pelos de pequena cilindrada e uso de turbo.

Inicia colocar o Ecoboost 4 cilindros, 2.0 litros e 237 cv no SUV Explorer, no Edge e, em 2012, no Focus ST, de alta performance.

Negócio – Fábrica de vidros automotivos, a Sekurit Saint-Gobain racionaliza serviços, instalando postos em estrada para troca de parabrisas de caminhões, e formata palhetas para limpadores: dez tamanhos de lâmina e seis conectores para 98% da frota circulante.

Na terra – Para aproveitar vendas recordes de caminhões a Scania criou a versão P 340 com tração nos dois eixos traseiros, chassi elevado para mineração, florestas e canaviais.

Motor diesel, 6 cilindros, 11.000 cm3, 340 cv de potência e 1600 Nm de torque. PBT de 35 t, vidros elétricos, toca CD e ar condicionado.

Dúvida – Dizem os EUA ter morto Bin Laden, submetendo seu corpo aos ritos muçulmanos de rápido enterrar, despejando-o no mar. Sem lenço, documento e, principalmente, testemunho acreditado.

Realidade –Revenda VW construída ecologicamente, inaugurada pela Servopa em Curitiba, utiliza materiais reaproveitados e reciclados, sistema de iluminação e energia diferenciados e, até, estacionamento para bicicletas, incentivando uso por funcionários. Cuidados ecológicos deixam de ser marketing social e tomam regra de obrigação.

Antigos – Os 100 Anos da Alfa Romeo; as notícias do interesse da VW em comprá-la; os festivos protótipos anunciados para o retorno ao mercado norte-americano, tiveram resultado curioso: a valorização dos antigos da marca.

Mais – Alfas hoje ocupam terceiro maior valor em leilões nos EUA, e mesmo os mais novos sofreram ganho de valor. No Brasil quando descobrirem quanto o 2300, feito exclusivamente aqui, era superior aos concorrentes de época, será tarde. Aqui, hoje, Alfas são subvalorizados.

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