Pela primeira vez, a ABVE passa a publicar dados oficiais de emplacamentos de ônibus elétricos, evidenciando o crescimento sustentável do segmento no país, com liderança da região Sudeste e forte presença da indústria nacional.
A partir de maio, a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) dá um passo importante na consolidação da eletromobilidade pesada no Brasil: passa a divulgar os números de emplacamentos de ônibus elétricos em seu portal ABVE Data, reforçando sua posição como principal fonte de informações confiáveis sobre mobilidade elétrica no país.
Segundo o presidente da ABVE, Ricardo Bastos, a medida vai além da transparência. “Queremos transformar a ABVE no ponto de convergência da eletromobilidade brasileira, articulando políticas públicas e gerando dados estratégicos sobre o mercado”, declarou.
A gerente da ABVE Data, Emmanuela Jordão, destaca que o objetivo é formar séries históricas contínuas que permitam acompanhar a evolução do transporte público sustentável em todo o território nacional. A entidade já prepara a expansão da iniciativa para outros segmentos, como caminhões, motocicletas e veículos elétricos ultracompactos.
Os primeiros números divulgados mostram uma curva ascendente robusta. Entre 2022 e abril de 2025, o Brasil emplacou 642 ônibus elétricos, com forte concentração regional: a região Sudeste responde por 89% dos emplacamentos (569 unidades), sendo 518 apenas no município de São Paulo. O Sul aparece em seguida com 49 ônibus (8%), e o Centro-Oeste com 12 (2%). Nordeste e Norte somam juntos os 2% restantes.
O crescimento é evidente. Em 2022, foram apenas 11 ônibus elétricos emplacados no Brasil. Já em 2024, esse número saltou para 302, um avanço de 325%, impulsionado pela maior variedade de modelos disponíveis e pelo aumento do número de fabricantes atuando no país.
No primeiro quadrimestre de 2025, já foram emplacados 248 ônibus elétricos, o que representa 82% do total registrado em todo o ano anterior, indicando que o segmento deverá fechar o ano com recordes históricos.
Hoje, nove fabricantes atuam no setor, sendo que seis deles (67%) possuem produção nacional. Entre os nomes com fábricas no Brasil estão BYD, Marcopolo, Eletra/Caio, Mercedes-Benz, Volkswagen e Volvo. Isso reforça o papel da eletromobilidade na reindustrialização verde e na geração de empregos qualificados no país.
A oferta também cresceu: são 25 modelos disponíveis no mercado nacional, adaptados às necessidades e particularidades das cidades brasileiras. Em 2022, eram apenas seis modelos, oferecidos por três fabricantes. Em 2023, esse número dobrou, e em 2024 chegou a 15, preparando o terreno para o salto nos emplacamentos.
O cenário promissor conta ainda com apoio estratégico do governo federal, por meio do PAC Seleções – modalidade Renovação de Frota, que prevê a aquisição de 2.529 ônibus elétricos em todo o país. Com investimento total de R$ 10,6 bilhões, o programa também contempla 2.782 ônibus Euro 6 e 39 veículos sobre trilhos, distribuídos entre 61 municípios e 7 estados.
Entre os destaques, cidades como Campinas (265 ônibus elétricos), Uberlândia (216), Porto Alegre (100) e Salvador (94) receberão grandes volumes de veículos sustentáveis, alinhando-se às metas de descarbonização e modernização da frota de transporte público.
A produção nacional dos ônibus elétricos não apenas contribui para a redução das emissões de CO₂, mas também consolida o Brasil como polo regional de desenvolvimento da eletromobilidade pesada. Com os dados agora disponíveis publicamente, o setor ganha mais visibilidade, confiança e capacidade de planejamento para os próximos anos.
Mecânica Online® – Mecânica do jeito que você entende
- Emplacamento – Registro oficial de um veículo junto aos órgãos de trânsito, necessário para que ele possa circular legalmente.
- Eletromobilidade pesada – Segmento da mobilidade elétrica voltado para veículos de grande porte, como ônibus e caminhões.
- Renovação de Frota (PAC) – Iniciativa governamental para substituição de veículos antigos por modelos mais eficientes e sustentáveis.
- Produção nacional – Fabricação de veículos em território brasileiro, que fortalece a cadeia automotiva e reduz custos logísticos e tributários.