Com o aumento quase que constante da gasolina, porquê não ter um carro que funcione com óleo diesel?
A utilização de diesel em automóveis é proibida no Brasil porque esse combustível, maciçamente empregado no transporte coletivo e de carga, recebe subsídios governamentais. Sem esses benefícios o diesel custaria bem mais, com reflexos consideráveis nos custos de transporte e nos preços finais dos produtos. Basta ver o impacto sofrido nos preços de mercadorias a cada aumento do combustível.
Essa situação gera incoerências como a produção, na fábrica da Volkswagen de São José dos Pinhais, PR, de um Golf turbodiesel, dotado de moderno e eficiente motor TDi de 1,9 litro, destinado apenas a mercados de exportação. Na Europa, onde o diesel representa bem mais que nos EUA ou Japão, modelos de alto luxo como Mercedes Classe S e BMW Série 7 oferecem versões a diesel, com desempenho cada vez mais surpreendente.
Apesar de ter a mesma procedência da gasolina — o petróleo –, o óleo diesel apresenta maiores diferenças em relação àquela do que o álcool, do ponto de vista de queima no motor. A taxa de compressão, por exemplo, é brutalmente mais elevada — da ordem de 22:1 contra cerca de 10:1 no motor a gasolina e 13:1 no a álcool. Até o ciclo de queima é outro, diferente do Otto usado nos motores álcool e gasolina, e tem o nome de ciclo Diesel (como no Otto, atribuído em referência a seu criador).
Não que a conversão não seja possível, mas é financeiramente inviável, devido ao grande número de peças e mudanças envolvidas. É sempre mais barato vender o motor que possui e comprar outro já a diesel, ou trocar todo o veículo caso seja oferecida versão diesel no mercado.
Para se ter uma idéia, só o sistema usado para a injeção de diesel na câmara de combustão já é mais caro que um motor parcial (sem os agregados) em muitos casos. Claro que em adaptações tudo é possível, mas transformar um motor ciclo Otto comum em um motor ciclo Diesel, nas condições atuais, definitivamente não vale a pena.