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Cinco lições que deveríamos aprender sobre a MP 1.175

O programa de descontos de governo federal e montadoras incrementou as vendas. Será mesmo?

Por Lucia Camargo Nunes* – A MP 1.175 foi aquele programa do governo federal que promoveu descontos para veículos até R$ 120 mil e que atendessem a uma série de critérios, como índice de nacionalização e eficiência energética.

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No total dos veículos leves, 11 montadoras participaram do programa, que começou em 5 de junho e terminou em 7 de julho. Considerando diferentes configurações de veículos, o Ministério do Desenvolvimento Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) contabilizou 232 versões. As marcas que aderiram foram: Chevrolet, Citroën, Fiat, Honda, Hyundai, Jeep, Nissan, Peugeot, Renault, Toyota e Volkswagen.

Enquanto as vendas de junho foram tímidas (179.685 unidades de automóveis e comerciais leves), as de julho representaram as maiores do ano (215.705) e um residual em agosto ainda manteve o mercado animado (196.878).

Passada a euforia, entidades e especialistas avaliam os efeitos da MP sobre o mercado. Eis que ficam, no meu ponto de vista, 5 lições do programa.

1- A Medida Provisória não deixa legado. Ela incidiu em consumo, é fato, reduziu estoques, mas “viciou” o mercado a querer sempre operar movido a descontos ou bônus. As maiores consultorias automotivas não acreditam que haverá elevação expressiva de produção no ano;
2- O ticket médio caiu e depois voltou a subir após a temporada de descontos, mas a um patamar ainda inferior: levantamento da Jato Dynamics mostra que até maio, o preço médio dos automóveis e comerciais leves estava em R$ 157.180. Em junho foi a R$ 146.631 e caiu em julho: R$ 140.410. Em agosto o preço voltou a subir, mas abaixo de maio: R$ 151.736, ainda com um residual de descontos. Quem aposta que em setembro o ticket médio vai ser superior ao de maio?
3- Com a taxa de juros ainda alta, as ofertas de junho a agosto, para alguns especialistas, apenas anteciparam aquelas compras do último trimestre, época em que tradicionalmente o mercado fica mais movimentado. O crédito continua sendo o gargalo do setor;
4- O aumento de vendas ficou concentrado em modelos mais acessíveis, o que não significa necessariamente o melhor dos mundos para as montadoras, que aprenderam, na escassez da pandemia, a elevar seu valor agregado com produtos mais caros. Certamente elas não vão abrir seus dados de lucro, mas sabemos que as margens dos modelos mais baratos são menores. Um diretor financeiro de uma grande rede de concessionárias me contou que enquanto um SUV de uma marca nacional chega a 9% de margem, o compacto da mesma montadora gera 2%;
5- Os chineses avançam com preços superagressivos para seus elétricos, mas ainda nanicos perto do mercado total em termos de volume. Por isso, modelos elétricos em geral têm apresentado deflação. Se você acha que pode ter novas desonerações governamentais ou reduções de preços para o restante, esqueça: analistas do mercado concordam que a tendência é que os preços dos carros acompanhem o dólar e a inflação, ou seja, não devem subir muito, mas continuam com tendência de alta.

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*Lucia Camargo Nunes é economista e jornalista especializada no setor automotivo, editora do portal www.viadigital.com.br e do canal @viadigitalmotors no YouTube. E-mail: lucia@viadigital.com.br

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