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O enigma das cores: por que os carros modernos preferem o branco, preto e cinza?

A evolução das cores automotivas reflete não apenas mudanças tecnológicas, mas também o conservadorismo dos compradores e as estratégias das montadoras.

No Brasil e no mundo, a paleta de cores dos carros tem se tornado cada vez mais limitada, com uma preferência marcante por branco, preto, prata e cinza. Esse fenômeno é resultado de custos de produção e estratégias de mercado, além de influências tecnológicas e mudanças no comportamento do consumidor.

A mudança na paleta de cores dos carros começou a se intensificar no início dos anos 2000, quando o mercado automotivo passou a adotar predominantemente branco, preto, prata e cinza. Esse fenômeno não é exclusivo do Brasil; é um padrão global que reflete várias dinâmicas da indústria automobilística.

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Para os fabricantes, trocar frequentemente a cor na linha de montagem representa maior custo e perda de material, além de aumentar o tempo de produção devido às limpezas e ajustes necessários. Cores metalizadas, que exigem aditivos químicos para o efeito metálico, intensificam esses custos e, consequentemente, impactam a margem de lucro.

Adicionalmente, a aceitação limitada de algumas cores, como o marrom metálico, revela que os consumidores preferem cores mais neutras e tradicionais. Esse conservadorismo é evidente não só no Brasil, mas também em mercados como Inglaterra e Itália, onde a preferência por cores sóbrias é clara. Na Itália, por exemplo, a Fiat removeu o cinza de sua linha de cores local para refletir um estilo de vida mais vibrante.

O fenômeno é ainda mais pronunciado no mercado de luxo, onde cores extravagantes como o vermelho “Rosso Corsa” da Ferrari e o roxo “Viola” da Lamborghini são comuns. Essas cores são vistas como símbolos de status e exclusividade, contrastando com a monotonia dos carros mais acessíveis.

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Outro fator importante é a evolução das tecnologias de pintura. O revestimento eletrostático, conhecido como e-coat, desenvolvido pela PPG em 1963, ajudou a eliminar a corrosão, um problema comum nos carros mais antigos. Além disso, o uso de robôs de pintura e processos de cinco camadas melhorou a precisão e a durabilidade das cores, oferecendo uma resistência muito maior às intempéries e ao desgaste.

Apesar da alta durabilidade e a variedade tecnológica das tintas modernas, o mercado ainda é dominado por cores conservadoras, especialmente entre frotistas e empresas de aluguel de carros. Estes compradores buscam cores que não dificultem a revenda e o aluguel, refletindo uma preferência por opções seguras e universais.

Na Europa, o mercado de carros é mais diversificado e oferece uma gama de cores muito mais ampla, permitindo aos clientes experimentar diferentes opções. Esse contraste revela uma demanda não totalmente explorada por cores mais variadas, o que pode ser uma oportunidade para o mercado automotivo futuro.

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Ricardo Vettorazzi é engenheiro químico e gerente de desenvolvimento de produtos e cores para a PPG na América do Sul.

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