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Inspeção veicular volta à tona

Depois de uma série de adiamentos e discussões, o tema inspeção veicular volta à tona com mais força. Tudo indica que a partir do ano que vem a vistoria obrigatória começará a ser implantada, mas ainda não há data certa.

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Enquanto não se resolve o assunto, a falta de manutenção da frota circulante continua causando acidentes, mortes e poluindo ainda mais as grandes cidades.

Acompanhe como deverá ser feita a inspeção, qual situação geral da frota nacional e quais os problemas que a falta de manutenção tem causado.

Como funciona – A Inspeção Técnica Veicular é uma vistoria obrigatória que testa e analisa as condições de segurança e a quantidade de gases e ruídos emitidos.

Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que entrou em vigor em 1998, todos veículos com mais de três anos de fabricação têm que ser aprovados nos testes para serem licenciados. Infelizmente passaram-se cinco anos e essa vistoria ainda não saiu do papel, embora o governo tenha anunciado que a ITV será implantada no próximo ano.

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Dados do Detran revelam que cerca de 20% dos carros circulantes na cidade de São Paulo não pagam IPVA nem são licenciados.

Com isso, o Estado deixa de arrecadar cerca de R$ 2 bilhões por ano. Se esse é um número alarmante, imagine ter anualmente cerca de 40 mil vítimas fatais em acidentes de trânsito.

Felizmente esses números tendem a cair com a implantação da ITV no país.

O dinheiro arrecadado pela inspeção poderia ser usado na criação de campanhas educativas sobre segurança no trânsito e investido na melhoria das vias. Com essas medidas, o trânsito se tornaria mais seguro e o número de acidentes seria bem menor.

Nos Estados Unidos e na Europa, a inspeção já é uma rotina e o assunto é tratado com naturalidade. Esses motoristas têm consciência de que parte da segurança das vias e estradas por onde circulam deve-se à Inspeção Veicular.

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O bem-estar também pesa nessa balança. A verificação dos níveis de emissão de poluentes e ruídos é importante para diminuir o número de doenças respiratórias – que tem maior incidência no inverno – e problemas auditivos.

COMO FUNCIONA – A inspeção será feita em postos autorizados (ainda não definidos) mediante o pagamento de uma taxa obrigatória.

Deve ser feita em cerca de trinta minutos. Segundo o diretor do Denatran – Departamento Nacional de Trânsito – Ailton Brasiliense Pires, ainda não foi definido o valor da taxa obrigatória a ser paga no momento da inspeção.

Segundo o Presidente do SINDIREPA – Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios no Estado de São Paulo, Geraldo Luiz Santo Mauro, enquanto as grandes cidades terão unidades fixas de inspeção, serão criadas estações móveis para atender as pequenas cidades em datas pré-determinadas.

“A inspeção será gradativa. Primeiro serão vistoriadas as frotas mais numerosas em estações fixas, seguidas pelas frotas menores, em estações móveis.

A cobrança da sociedade em relação a acidentes ocasionados por falha mecânica está contribuindo para a implantação da inspeção e para a conscientização da importância da manutenção preventiva” explicou.

Durante a vistoria serão testados itens como identificação do veículo, carroceria, estrutura, sistema de freios, sistema elétrico, sinalização, rodas, embreagem, velocímetro, amortecedores, suspensão, pneus, direção e o nível de emissão de gases e ruídos.

Os equipamentos utilizados para a inspeção simulam situações reais e verificam o comportamento dos sistemas do veículo diante de cada uma delas.

Terminada a bateria de testes, o proprietário recebe um laudo técnico com os resultados. Se aprovado, o carro pode ser licenciado, caso contrário é necessário fazer os devidos reparos no veículo e levá-lo para outra inspeção.

BENEFÍCIOS – A ITV é imprescindível para conhecer a fundo a frota do país, diminuir o número de acidentes de trânsito e a emissão de gases e ruídos nocivos.

O número de congestionamentos ocasionados por veículos parados na pista também poderia ser reduzido, assim como o consumo de combustível, já que um motor regulado consome menos.

Estudos realizados comprovam que além de falha humana e condição da via, cerca de 27% dos acidentes com vítimas são provocados por veículos que seriam reprovados nas vistorias.

Além de proteger o cidadão e o eco-sistema, a implantação da ITV aumentaria o volume de negócios do setor automobilístico tanto para a renovação como para a conservação da frota.

“Com a Inspeção Veicular, as pessoas passarão a dar mais valor à manutenção preventiva, que hoje está esquecida. Então, para recuperar esse atraso na manutenção, a produção e venda de autopeças tende a aumentar no primeiro momento, mas com a longevidade das autopeças atuais, a demanda vai caindo com o tempo”, declarou o diretor do Sindipeças, Werner Odenheimer.

A importância da Inspeção Veicular está mobilizando setores da indústria automotiva, como é o caso da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

“Nós estamos insistindo nessa tecla, pois já há legislação e só não é implementada porque não há vontade. A Inspeção Veicular vai gerar empregos, evitar mortes… pra mim já virou questão de cidadania” declarou o presidente da entidade, Ricardo Carvalho.

PERIGO AMBULANTE – O Brasil, um dos recordistas em mortes no trânsito, tem uma frota circulante de 19.394.161 veículos com idade média de 9,8 anos. Estima-se que 30% dos veículos serão reprovados na vistoria.

Ao sair nas ruas nos deparamos com vários “automóveis” que representam um risco para os seus ocupantes, para os outros motoristas e pedestres. De acordo com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), os custos sociais dos acidentes de trânsito estão estimados em 9,6 bilhões de dólares ao ano.

“É espantoso saber que 30% dos carros que circulam na Grande São Paulo não tem sequer a documentação em ordem. Em que estado estarão seus freios, pneus, amortecedores e cintos de segurança?” declarou o presidente da Anfavea, Ricardo Carvalho.

Um estudo realizado em 2002 pela empresa Scaringella Trânsito tendo como base 85 acidentes de trânsito ocorridos na Zona Norte de São Paulo e em segmentos rodoviários sob concessão apontou que dos carros acidentados, 86% tinham problemas na suspensão, 72% nos freios, 48% nas lanternas, 39% na direção, 38% nos faróis, 23% nas rodas com problemas e 22% foram flagrados com os quatro pneus em mau estado.

Esses dados sobre a conservação da frota se confirmam no levantamento feito pelo coordenador da Unidade Móvel de Inspeção Técnica de Segurança Veicular do CEFET-SP (Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo), prof. Valter Sanches.

Dos veículos vistoriados pela unidade móvel que a escola tem em parceria com a empresa Linces, 85% tinham freios defeituosos, 70% estavam com o extintor vencido, 65% contavam com problemas de iluminação, 50% estavam com pneus em mau estado e 35% apresentavam problemas na funilaria e pintura (problemas de conservação).

Muitos outros defeitos também foram encontrados. “A frota circulante está em um estado preocupante” declarou Sanches.

Muitas empresas já disponibilizam o serviço de Inspeção. Esse é o caso da Monroe e da D Paschoal. A Monroe vistoria amortecedores gratuitamente em um banco de análise computadorizado durante pit stops que promove em várias cidades desde 1998.

Um levantamento da empresa aponta que dos 48.965 veículos inspecionados desde 1998, 45% (22.278 veículos) tinham amortecedores bons, 32% (15.506 veículos) tinham amortecedores que precisavam ser trocados e 23% (11.181 veículos) tinham amortecedores condenados.

A rede D Paschoal oferece o serviço de Inspeção Veicular gratuita, que verifica as condições de uso do automóvel e a necessidade de manutenção através da análise de 50 itens, entre eles pneus, amortecedores, molas, escapamento, bateria, suspensão e freio.

Segundo o gerente da filial Jabaquara (SP), José Paulo Sanches, “os problemas mais freqüentes estão relacionados aos pneus e freios, na maioria das vezes proveniente da falta de manutenção preventiva. De cada dez carros, pelo menos oito tem algum problema. Alguns apresentam o disco de freio no limite de segurança e podem causar acidentes”.

A manutenção preventiva é muito importante e deve ser feita para manter o carro em ordem.

Vale frisar que esse tipo de manutenção é bem mais barato que a corretiva. Lembre-se sempre que motor bem regulado é motor mais econômico e problemas nos amortecedores, freios e pneus são os mais comuns e os que mais provocam acidentes.

Além do perigo de um choque entre veículos ou atropelamentos, a probabilidade de se adquirir uma doença respiratória ou problemas de audição nas grandes cidades, como é o caso de São Paulo, é muito grande.

A emissão de poluentes por veículos, por exemplo, representa 90% do total e a quantidade de gases tóxicos no ar estão bem acima do máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

INSPEÇÃO VEICULAR COMEÇA NO ANO QUE VEM
Diretor do Denatran pretende vistoriar toda a frota nacional até o fim de 2005. Audiências para discutir procedimentos e custos das inspeções começam este ano.

O governo vai começar a inspeção veicular dos automóveis brasileiros no próximo ano. De acordo com o diretor do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Ailton Brasiliense Pires, as audiências públicas que vão definir como as inspeções serão feitas vão comear este mês. A primeira vai ser realizada em Brasília.

Segundo ele, a intenção do governo é ter toda a frota nacional inspecionada até o fim de 2005. Pires falou sobre a nova verficação que os Detrans vão fazer nos veículos durante o Fórum Nacional de Trânsito, esta manhã em Brasília. O Denatran ainda não sabe quanto vão custar as inspeções para os motoristas.

“É muito difícil dizer porque o Brasil tem algumas cidades com milhões de carros e outras que mal chegam a 50 mil”, explicou Ailton Pires.

A intenção do órgão é que todos os cerca de 35 milhões de veículos que rodam no País sejam vistoriados pelo menos uma vez por ano. O novo procedimento vai ser acompanhado de campanhas publicitárias sobre manutenção preventiva.

Ainda de acordo Pires, os recursos arrecadados com o DPVAT (Seguro Obrigatório) são suficientes para que o Denatran possa fazer “muita coisa”.

As áreas que envolvem projetos educacionais e de capacitação de profissionais de trânsito devem ser priorizadas. Além delas, o Denatran pretende investir na realização de pesquisas.

“O Brasil não tem estatísticas confiáveis de trânsito”, afirmou o diretor. “O Denatran não fez, mas fará, finalmente, as suas obrigações”, prometeu.

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