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ARTIGO: Transformando a indústria de hoje e construindo a indústria do futuro

Há grandes desafios para a economia brasileira, em especial para a indústria, que enfrenta adversidades recentes e concorrência global.

A participação da indústria de transformação no PIB, que já havia atingido mais de 20% em meados da década de 1980, reduziu-se para próximo de 11%, fruto de mudanças na estrutura produtiva do país e dos novos modelos de negócios trazidos pela disrupção tecnológica.

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Com a forte pressão para a indústria permanecer competitiva e com a inserção das novas tecnologias no meio fabril, é visível o surgimento da Quarta Revolução Industrial, oriunda da chamada Indústria 4.0 ou Manufatura Avançada.

A Indústria 4.0 traz consigo um conjunto de tecnologias que permitem a fusão do mundo físico e digital que prometem um impacto positivo sobre a produtividade, redução de custos, controle sobre o processo produtivo, customização da produção, entre outros.

As tecnologias que permitem essa fusão são a Manufatura Digital com Interoperabilidade, a Internet das Coisas (IoT) com Mobilidade Digital, os Sistemas Ciber-Físicos (CPS), com Automação e Robótica, Coleta de Dados de Instrumentos de Campo, Big Data, Sistemas Analíticos Avançados e até a Inteligência Artificial (IA), entre outros desenvolvimentos em rápida evolução.

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Para tornar realidade esse avanço, as indústrias precisarão adotar uma estratégia dual: Transformar a indústria de hoje e Construir a indústria do futuro.

Transformar a indústria de hoje é trazer competitividade através da redução de desperdícios e do aumento de produtividade.

Os conceitos e ferramentas Lean entram em destaque para tornar realidade essa transformação por meio da experimentação.

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Especificar valor sob a ótica do cliente e transformar processos para gerar valor, da forma mais eficaz, sem interrupção e com produção sob demanda são os princípios do Lean Manufacturing.

Construir a indústria do futuro é constituir uma indústria inteligente, com sistemas interconectados em todo o processo, capazes de reduzir continuamente os desperdícios e aumentar produtividade e qualidade.

A complexidade para integrar essas novas tecnologias é grande e necessita de pessoas altamente qualificadas.

Fazer essa passagem de bastão entre a indústria de hoje e a indústria do futuro é um movimento que exige uma coordenação setorial.

Neste âmbito, o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC) lançou recentemente a “Agenda Brasileira para a Indústria 4.0” com o intuito de debater temas prioritários para essa transformação na indústria como aumento da competitividade das empresas brasileiras, mudanças na estrutura das cadeias produtivas, um novo mercado de trabalho, fábricas do futuro, massificação do uso de tecnologias digitais, startups, test-beds, dentre outros.

Segundo levantamento da ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, a estimativa anual de redução de custos industriais no Brasil, a partir da migração da indústria para o conceito 4.0, será de no mínimo, R$ 73 bilhões/ano.

Essa economia envolve ganhos de eficiência, redução nos custos de manutenção de máquinas e consumo de energia.

Estratégias empresariais e políticas públicas precisam andar lado a lado.

A “Agenda Brasileira para a Indústria 4.0” é resultado de um amplo debate com o setor produtivo brasileiro, estruturado a partir do conceito de Jornada para a Indústria 4.0.

As medidas apresentadas deverão auxiliar os empresários brasileiros nessa trajetória rumo à transformação digital e ao futuro da produção manufatureira.

Painel de Operações Industriais Conectadas do Congresso SAE 2018 – O Painel de Operações Industriais Conectadas do Congresso SAE 2018 – “Gerenciamento das Operações em um ambiente de inovação digital”, que será realizado no dia 5 de setembro, no São Paulo Expo, apresentará experiências na gestão de operações e debaterá aspectos práticos da inovação digital, com apresentação de casos de sucesso de empresas como Reciclapac, Hella, Daimler / Mercedes-Benz Veículos Comerciais, Geodis e USP São Carlos.

No formato de um “fluxo contínuo”, o Painel começará pelo “inbound”, passando pelas transformações que ocorrem dentro das empresas, e finalizando com o “outbound”.

Destacaremos o aporte tecnológico disruptivo, com a aplicação de transformação digital sob a gestão de operações.

Aspectos como a consolidação dos processos, integração dos dados e geração de informações analíticas para tomada rápida de decisão serão apresentados assim como fatores cruciais para que as empresas obtenham vantagem competitiva, em um mercado global, em constante aceleração, sob a evolução e demais desdobramentos significativos da “Quarta Revolução Industrial”.

A visão atual propõe suprimentos e a cadeia de fornecedores engajados no alinhamento com as operações subsequentes e a necessidade de adaptação na ponta de vendas; a Indústria 4.0 está trazendo a provocação da customização em massa, na tônica de fazermos com altíssima flexibilidade as pequenas quantidades.

No que tange ao eficiente processo de suprimentos, a disponibilidade real tem direta relação com ampliação e eficácia da rede de fornecedores qualificados, inclusive para entrega de baixas quantidades de itens personalizados com lead-time curtos, custos e qualidade competitivos.

Inbound – Destacaremos no Painel a Gestão Logística com Embalagens Inteligentes, Logística Reversa Otimizada, Plataforma com tecnologia de IoT e aplicação de ciclo de embalagens com sustentabilidade (reuso) realizado pela empresa Reciclapac, uma startup que desenvolveu uma plataforma de IoT para gestão logística de cadeia de fornecedores e clientes que provê 100% de visibilidade, sem instalação de infraestrutura interna.

A solução resolve um dos maiores problemas em logística na indústria automotiva que é a gestão das embalagens e racks retornáveis com a cadeia de fornecedores.

A Gestão Logística e de Suprimentos busca pontos aparentemente díspares, porém ideais e significativos entre os aspectos do modelo ótimo: “Comoditização” para serviços flexíveis e aderentes e busca de escala econômica, além de uma plataforma integrada de gestão, com descentralização autônoma e centralização sinérgica, incluindo informações responsivas, reativas, otimizadas e em tempo real.

Isso tudo administrando processos produtivos unitizados ou que busquem maximização de volumes, com eficiência, alavancagem ou otimização de resultados financeiros, na eterna busca e padrões para melhoria contínua.

O conceito de Fluxo de Gestão Integrado se destaca, a partir de dados reais, on-line e estruturados, atingindo eficiência, assertividade e competitividade.

Transformação – Para a temática Operação e Controle na Produção traremos os casos de um fabricante de Veículo (Daimler / Mercedes-Benz Veículos Comerciais) e de um fabricante de peças automotivas (Placas Eletrônicas – Hella).

O caso Daimler / Mercedes-Benz demonstra como na digitalização das informações estão sendo aplicados os conceitos básicos que permeiam a Indústria 4.0, com informações, sequenciamento, produção, controle e arquivamento de dados eletronicamente e paperless na planta Mercedes-Benz Caminhões de São Bernardo do Campo (SP).

O cenário fabril da Hella, de Indaiatuba (SP) será apresentado com máquinas totalmente automatizadas que trabalham com a montagem de componentes eletrônicos em placas, a uma velocidade notável, chegando a até 30 mil componentes por hora.

O padrão de manufatura da Hella não deixa margem a problemas de qualidade, já que há sistemas de verificação automatizados para todas as operações, além do sempre importante olho humano para participar das garantias necessárias em processos tão delicados.

OutBound – A Geodis vai apresentar o gerenciamento da Cadeia de Suprimentos com casos inovadores de alguns de seus clientes no Brasil, incluindo fornecimento de uma ponta à outra, possibilitada por infraestrutura, processos, pessoas e sistemas com capacidade tecnológica adaptável e flexível, baseado em relacionamento estratégico e colaborativo.

Para concluir o Painel, o Dr. Aldo Roberto Ometto, da USP São Carlos abordará a proposição de um ecossistema circular de negócios, com uma visão mais ampla sobre a eficiência do processo na busca da efetividade sistêmica, posicionando a Economia Circular como um novo modelo econômico, que tem como objetivo gerar mais valor, por mais tempo, para muito mais stakeholders, dentro de um ambiente de inovação sistêmica.

Para Dr. Ometto, como consequência disso surgem novos modelos de negócios e novas redes de valor integradas, regenerativas e restaurativas, por meio de novas funcionalidades e habilitadores alinhados às principais tendências, como a Indústria 4.0, “servitização”, entre outros.

Conclusão – Segundo João Emílio Gonçalves, diretor-executivo de Política Industrial da CNI, “as empresas que desejem se adaptar a esse novo paradigma devem elaborar seus planos de digitalização, identificando as necessidades de atuação tecnológica e de integração de seus processos produtivos.

Isso vai exigir investimento em modernização, treinamento de pessoal, adaptação de tecnologias etc”.

Diante de tantos desafios para as operações industriais, o Painel no Congresso SAE BRASIL trará ao mercado as ações necessárias, aspectos críticos, trunfos e tendências para operações no Brasil.

Muitos exemplos de referência e tecnologia já temos para seguir, muito esforço e desenvolvimento temos por fazer.

Assim poderemos evoluir e conquistar, para nossa sociedade, os benefícios da Quarta Revolução Industrial.

Autores:

Gustavo Lima – Possui graduação em Engenharia de Produção, Mecânica pelo Centro Universitário da FEI (1992); Especializações em Administração Industrial pela Fundação Vanzolini – Universidade de São Paulo (1995), Gestão de Cadeia Logística de Suprimentos (Accenture – Stanford University), Gerenciamento de Projetos (SAP / Deloitte), Gestão da Qualidade (FDTE – USP / Fundação Christiano Ottoni – UFMG).

Atualmente é Pesquisador do Fórum de Inovação (EAESP – FGV) com ênfase nos temas Manufatura Avançada e Indústria 4.0.

Possui 30 anos de experiência em Gestão Industrial, com ênfase em soluções Integradas de Gestão de Negócios (ERP), Indicadores de Performance (KPI), Automação e Instrumentação Industrial (ISA nível 1 e 2), Sistemas Operacionais MES: Logísticos, Engenharia, Manutenção, Qualidade e Gestão de Manufatura.

Ugo Ibusuki – Possui graduação em Engenharia Mecânica pelo Centro Universitário da FEI (2000), mestrado em Engenharia Mecânica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (2003), MBA na FGV-EAESP (2007) e doutorado em International Studies na Waseda University de Tokyo no Japão (2011).

Atualmente é Professor do programa de Engenharia de Gestão da UFABC (Universidade Federal do ABC).

Possui 18 anos de experiência como gestor na área Automotiva, com ênfase em Gestão da Produção, Lean manufacturing, Gerenciamento de Projetos, Desenvolvimento de Planos de negócio, Inovação em Produtos e Serviços, e Política Pública para o setor automotivo como membro da AEA (Associação Brasileira Engenharia Automotiva).

Ambos participam do Comitê de Operações Industriais Conectadas da SAE BRASIL, coordenado atualmente por Gyorgy Henyei Jr..

Artigo escrito em colaboração com demais membros do respectivo Comitê. Para saber mais sobre o trabalho do grupo acesse http://portal.saebrasil.org.br

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