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Fikadika Auto | Fraudes? Saiba como funcionam as certificações e controles de emissões de veículos ao redor do mundo

Recentemente muito se comentou a respeito das “fraudes” cometidas pela Volkswagen em seus veículos a Diesel para comercialização nos Estados Unidos , Europa e países do leste Europeu, uma vez que no Brasil é proibida a comercialização de veículos leves a Diesel.

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O que leva uma empresa do porte e idoneidade da VW a cometer tal ato falho? Como este tipo de procedimento pode ser aprovado internamente?

Vamos entender como funcionam as certificações e controles de emissões de veículos ao redor do mundo, fato que é desconhecido por muitas pessoas.

Para que se venda um veiculo nas diferentes regiões do planeta, as montadoras devem obedecer as normas e regulamentações de cada país ou região e certificar seus modelos. Estas normas e regulamentações vão de uma simples obrigatoriedade de uma lâmpada de iluminação da placa de licença, aos mais complexos sistemas de segurança veicular como, por exemplo, o Air Bag e freios ABS recentemente adotados pelo Brasil. Existem muitas legislações especificas como a de se fixar a placa de um carro a sua carroceria e a obrigatoriedade do uso de extintores de incêndio, exemplos típicos do Brasil. Entre estas regulamentações globais estão as que limitam as emissões de poluentes.

Estas leis de emissões vêm evoluindo ao longo dos anos restringindo-se cada vez mais os níveis permitidos de emissões de poluentes veiculares. Elas foram responsáveis em parte pela introdução de injeções eletrônicas, catalisadores, filtros, e outras tecnologias de ponta com o único objetivo de se reduzir emissões sem se perder o desempenho dos veículos.

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As montadoras devem testar e comprovar que seus veículos emitem quantidades de gases poluentes dentro de limites regulamentados. Estes testes efetuados em um laboratório simulam um ou mais ciclos de uso do carro. O veiculo a ser testado é colocado sobre uma plataforma de rolos simulando que esta percorrendo um determinado trecho de cidade ou estrada tendo os gases de escapamento capturados e analisados.

Os testes são repetitivos sob temperatura, pressão barométrica e umidade, controlados. Os valores dos gases são lidos, calculados e corrigidos para uma altitude padrão (a do nível do mar). Isto faz com que possamos comparar as emissões de veículos diferentes ou de um mesmo veiculo em diferentes laboratórios ao redor do mundo, bastando para tal, seguir no laboratório as normas do país para o qual aquele veículo esta sendo projetado. Os combustíveis utilizados, também padronizados, específicos para cada região. No Brasil testa-se o carro com Gasolina, com Etanol e com uma mistura de 50% de gasolina e 50 % de Etanol.

Os laboratórios são certificados, por órgãos governamentais para que seus resultados sejam coerentes e verdadeiros, aqui no Brasil o órgão certificador é o IMETRO. Os equipamentos de analise que utilizam gases padrões, também são certificados para que se garanta a qualidade e repetibilidade dos testes.

Ao final de um desenvolvimento, no Brasil, submete-se toda a documentação de emissões ao governo (CETESB) que decide se testemunha um teste para validar os resultados recebidos ou se aprova estes resultados baseados na reputação da montadora. Em outros países procedimentos similares são efetuados.

A CETESB, similar a outros países, a qualquer momento pode solicitar um veiculo de produção da montadora para efetuar um teste em seus laboratórios e certificar que os veículos em produção atendem as leis. Da mesma forma podem checar veículos em uso ou retirado em concessionárias.

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A partir do inicio fabricação de um carro, um porcentual da produção é testada diariamente, dentro das fabricas para garantir que não aconteçam desvios de qualidade que possam afetar as emissões. Aqui no Brasil relatórios de emissões desses veículos ficam arquivados por anos e a disposição dos órgãos competentes (CETESB; IBAMA) para uma auditoria.

Desde o nascimento do projeto de um veiculo ate a sua venda ao consumidor final, passam-se meses, e às vezes anos de desenvolvimento, onde inúmeros testes de emissões são efetuados ate se adequar o veículo as normas que regem o país de venda.

E depois de tanto investimento porque o uso de uma Fraude? Logicamente tudo se resume a reduções de custo e investimentos!

Para que o veiculo da VW aprovasse seus motores a diesel nos testes de emissões e se comportasse nas ruas com o mesmo desempenho, investimentos maiores deveriam ter sido feitos e possivelmente seus componentes antipoluentes teriam de ser redesenhado o que provavelmente aumentariam seus custos.  Ao que tudo indica não se encontrou um bom compromisso entre emissões, desempenho e custo, levando alguns “iluminados” a desenvolverem um meio “barato” de “enganar” o sistema.

O que ocorreu na VW, e no passado com outras montadoras, é que os veículos reconhecem, através de um software de gerenciamento do motor, que o carro se encontrava em um teste de emissões, cumprindo assim com todos os requisitos legais.

O que chamou a atenção dos técnicos da Universidade de West Virginia nos Estados Unidos era que o veiculo apresentava diferentes performances durante os testes de emissões e nas ruas e estradas. Para que o veiculo emitisse menos poluentes o software que detectava o veiculo em teste de emissões comandava o sistema para armazenar o oxido de nitrogênio (NOX) em um compartimento de absorção, diferentemente de quando trafegava pelas estradas onde descarregava o NOx na atmosfera por não ter capacidade de absorção para longos trechos.

Os Técnicos da West Virginia equiparam um carro com analisadores “on board” que são instalados no interior do veiculo e fizeram as comparações. Outros veículos do mesmo modelo foram testados repetindo os resultados, ou seja, enviando a atmosfera mais de 40 vezes os poluentes registrados nos testes em laboratório e limitados por lei.

Uma situação é a do teste, controlado, certificado, padronizado… Outra a vida real! A montadora tem por obrigação certificar seu veiculo para que o mesmo atenda aos testes de emissões em laboratórios, e sabe que seus veículos serão auditados nestas mesmas condições. Não se exige uma comprovação na vida real (nas ruas ou estradas) da quantidade de gases que o veiculo esta emitindo. Isto seria extremamente complexo e caro, além de não haver condições de repetibilidade dos ensaios.  Porem este tipo de procedimento utilizado pela Universidade Americana pode ser utilizado para um check eventual.

Esta situação não é exclusiva da VW. A Mercedes, Honda, Mazda e Mitsubishi parecem ter se juntado ao grupo de manipulação de resultados de emissões com motores Diesel de acordo com a “Emissions Analitics” empresa que testou esses carros e publicou os resultados no “The Guardian”. De acordo com o “The Guardian” outros veículos a Diesel da Renault, Nissan, Hyundai, Citroën, Fiat, Volvo e Jeep também emitem elevados níveis de Oxido de Nitrogênio (NOx) acima dos permitidos por lei fora dos testes oficiais. Todos estes veículos foram aprovados nos testes em laboratório e certificados, mas na vida real, emitem acima dos níveis legais.

As Leis de emissões veiculares que regem os testes de emissões no mundo são completas, detalhadas e extremamente bem controladas, para quando um veículo esta acondicionado em um laboratório sobre rolos simulando uma estrada ou cidade. A Lei não cita como o veiculo deve se comportar em situações fora das controladas em laboratório o que deixa com que a imaginação dos engenheiros se solte e crie espetaculares softwares e algoritmos capazes de reconhecer através de movimentos no volante, posição do carro, que ele esta sendo submetido a um teste de controle.

O que esta por traz da lei maior é o Espirito da Lei, que confere aos engenheiros e seus superiores e as empresas a responsabilidade de manter o veiculo dentro das normas da lei mesmo quando distantes de um laboratório. Não é só porque, na construção civil,  uma amostra do cimento esta aprovada, que se pode negligenciar a construção e deixar com que a casa caia…

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